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Texto: ReB Team
Fotografia: Tatiana Saavedra
Publicado a: 21/11/2023

Remoer sobre os reflexos.

Faixa-a-faixa: ESPELHO, de MALLINA, explicado pela própria

Texto: ReB Team
Fotografia: Tatiana Saavedra
Publicado a: 21/11/2023

MALLINA viu-se ao ESPELHO e traduziu os reflexos que obteve sobre a forma de 5 arrojadas canções pop.

Para a artista que cresceu entre o litoral alentejano e o Algarve, a música tem vindo a ocupar cada vez mais espaço na sua vida e 2023 foi o ano escolhido para se apresentar ao público com os primeiros temas. Apontando a nomes como Ana Moura, Madonna, Bad Bunny ou Charli XCX enquanto referências no seu mapa sonoro, começou por entrar em cena com um par de singles, “ASTROLOGIA” e “FUSO”, que no final do passado mês de Outubro integraram o alinhamento do seu EP de estreia, ESPELHO, lançado com o apoio da MORADA, juntando-se a um leque de outros nomes que têm desbravado terreno ao nível da pop mais cerebral em Portugal, como INÊS APENAS, LEFT. ou Malva.

Para esta sua primeira obra de originais, MALLINA assumiu a produção das faixas juntamente com Pedro Ferreira e Miguel Ferrador, tendo ainda colaborado com André Matos, Brisa, Carolina Martins, João Nicolau Quintela e, novamente, Miguel Ferrador durante o processo de composição das letras. Sobre as imagens que encontrou quando se olhou a este ESPELHO, a autora explica ao Rimas e Batidas:

“Nem tudo é mau quando tenho uma visão turva ou menos nítida de mim. Isso significa que há um mundo de possibilidades de identidades que posso criar e explorar. A imagem nunca foi nítida! O ponto de partida é ESPELHO, que explica onde e como essa pouca nitidez acontece e a partir daí escrevo sobre histórias verdadeiras, vestida de diferentes sonoridades e estilos, criando assim novos reflexos enquanto artista, que foi a única coisa certa que tive: querer fazer música e, sobretudo, arte. Apesar de nem sempre me ver realmente como sou, sempre soube quem era.”

No dia 13 de Dezembro, a artista sobe ao palco do Musicbox para apresentar o seu novo trabalho, num concerto onde vai estar acompanhada no palco por Alex Brian (guitarra), Cristiano Ferreira (baixo) e Pedro Serralheiro (bateria) — os bilhetes custam 11 euros. Enquanto prepara esse seu espectáculo, MALLINA teceu à nossa publicação um comentário para cada um dos temas que se encontram alojados neste curta-duração de estreia, que podem ler abaixo em formato de faixa-a-faixa.


[“ESPELHO”]
Produção: Mallina + Pedro Ferreira
Mix & Master: Miguel Ferrador
Letra: Mallina

“Há alturas em que tenho uma visão muito turva e estranha do meu reflexo. Há dias melhores, em que me sinto confiante, há dias piores em que nada me convence que estou bem. Conseguir escrever e cantar sobre isso, torna-o menos assustador. Quem sabe alguém sentirá o mesmo?

‘Espelho’ é um pedido ao universo, é um grito que sai quando as vozes da minha cabeça falam mais alto que a minha em relação ao meu reflexo. Com esta música quero falar sobre body image, torná-la na música que todos (como eu) cantam para espantar estes pensamentos e atrair a body positivity. Faço da minha voz e do meu sentimento a de quem, como eu, teve e tem transtorno alimentar (atualmente controlado). Convido todos a cantar, chorar e dançar comigo.

‘Espelho’ foi produzida, escrita e gravada em grande parte no meu quarto, no lugar onde talvez, sozinha, me julgo mais. Era impossível ser tão honesta, se fora dele fosse. O meu amigo Pedro Ferreira enviou-me um draft de um beat com alguns compassos e daí montei o arranjo e produzi a música toda, que no fim é misturada pelo Miguel Ferrador.”


[“FUSO”]
Produção: Mallina + Miguel Ferrador
Mix & Master: Miguel Ferrador
Letra: Mallina + Miguel Ferrador + João Nicolau Quintela + André Matos

“Este ‘FUSO’ fala sobre mal de amores — quem não? Foi uma música que precisei de escrever para curar o coração, coisa que só o tempo (que para mim só anda devagar) cura. É sobre não acertar o tempo com quem se ama, como se nunca acertássemos o ponteiro. Umas vezes ‘tu’, umas vezes ‘eu’, mas nunca na mesma fração de segundo. Quando duas pessoas estão em fusos diferentes, amam-se, mas sabem que nunca vão estar juntas e está tudo bem com isso. Serviu para validar que posso estar perdida por alguém e o universo encarrega-se de nunca nos juntar no momento, por mais que tentemos.”


[“PIADA”]
Produção: Mallina + Pedro Ferreira
Mix & Master: Lucas Mirovski
Letra: Mallina + João Nicolau Quintela + Brisa

“Andava a ouvir muito um álbum chamado MASSEDUCTION da St.Vincent. Estava completamente viciada na forma como a Mulher, como “ser sexual empoderado”, era descrita pela artista e comecei a pensar quantas músicas eram cantadas por mulheres em português da mesma forma. É um álbum muito sexual em que não há medo de expressar o desejo de querer alguém, fosse pelo tempo e razão que fosse. E assim, surge a narrativa da ‘PIADA’. Uma música em que a liberdade sexual da mulher está acima de qualquer standard e em que a mesma pode envolver-se, amando ou não a pessoa em questão, sentindo-se sempre bem consigo mesma. Liga-se ao resto do EP pela sua liberdade, que é uma premissa no conjunto destas músicas. Sobretudo, queria mostrar que não há nada de errado em ser-se mulher e querer escrever assim.”


[“ASTROLOGIA”]
Produção: Mallina + Miguel Ferrador
Mix & Master: Miguel Ferrador
Letra: Mallina + André Matos + Miguel Ferrador

“Foi a primeira das cinco a ser finalizada e a ser lançada. Às vezes só não me quero culpar de coisas que não controlo e por isso culpo a ‘ASTROLOGIA’. Com uma sonoridade assumidamente pop a tocar no latino urbano, com pads e teclados místicos, estabelece a ligação com o universo dreamy que queria para esta parte final do EP, antecedendo ‘ONDA’.”


[“ONDA”]
Produção: Mallina + Miguel Ferrador
Mix & Master: Miguel Ferrador
Letra: Mallina + Carolina Martins + Brisa

“Esta música é a que chamo de theme song da Mallina. Sou do Sul e estou sempre longe dele. De alguma forma, sinto que o mar me puxa sempre para lá em alturas diferentes da minha vida e a corrente fica mais forte sempre que tenho saudades de casa. Estou sempre a sair de lá para procurar sonhos, mas o mar traz-me sempre de volta.

É uma canção para todos os que estão longe de casa e têm saudades. Há sempre algo que nos faz voltar. Começou por ser apenas uma música com guitarra e voz (tipo balada/lamento), mas depois comecei a querer juntar duas sonoridades opostas para ver no que dava, o reggaeton com rock. Fiquei surpresa quando resultou e se tornou para mim uma das mais mágicas faixas do EP.

É a última do EP porque, como se diz no Algarve, é a ‘abaladiça’ — aquela que se ouve antes de ir/sair, mas à qual voltam sempre quando têm saudades. Como a ‘FUSO’ e ‘ASTROLOGIA’, foram co-produzidas entre mim e o Miguel Ferrador (quem também as misturou e masterizou)”


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