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Texto: ReB Team
Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 14/07/2021

Quando o regresso ao “normal” não é suficiente.

Estudo do Piso Justo conclui que um quarto dxs DJs em Portugal não consegue emitir recibos para trabalhar

Texto: ReB Team
Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 14/07/2021

Segundo um estudo recentemente apresentado pelo Piso Justo, “um em cada quatro DJs admite não conseguir emitir recibos para trabalhar”.

Em Fevereiro passado, na ressaca de um segundo confinamento no nosso país, surgia em cena o Piso Justo, um grupo de trabalho informal composto por DJs oriundxs de diferentes espectros sónicos que, movidos pela “precariedade atípica da actividade”, “pretende contribuir de uma forma positiva para a experiência deste tipo de fruição musical entre o artista, o promotor e o público.” O primeiro grande passo desta iniciativa consistia numa radiografia à situação laboral e social em que se encontram xs DJs em Portugal através de um questionário anónimo, entretanto respondido por 158 indivíduos a operar dentro deste sector. Os resultados desta amostra foram agora analisados através de um relatório que chegou à caixa de e-mail do Rimas e Batidas e o cenário não é, de todo, o mais simpático.

Começando pelo vencimento, 25,95% dxs inquiridxs admitiram não conseguir declarar os rendimentos na área via recibo. A informalidade, os pagamentos em consumos no próprio local, a variação de percentagens relativamente a facturação ou entradas e ainda a promessa de visibilidade artística surgem apontados como factores principais a contribuir para a precariedade inerente à profissão. Relativamente a valores concretos, 75% dxs participantes deste inquérito revelaram já ter aceite trabalhos na área por menos de 50 euros. Note-se ainda que 50% dxs DJs presentes nesta amostra confessaram ter de levar o seu próprio material para o local onde vão actuar, um investimento de centenas ou milhares de euros que muitas das vezes não é tido em consideração na hora de fazer as contas.

Em média, o Piso Justo aferiu que são necessários três dias precedentes ao evento para tratar da autopromoção e preparar o alinhamento, que pode ainda englobar composições originais. Com base na duração de uma actuação e respectiva preparação, 60% dxs inquiridos estimam que o cachê mínimo para um serviço deste género deverá situar-se entre os 60 e os 250 euros. Estabelecendo uma relação directa com o salário mínimo em vigor no nosso país, o Piso Justo alerta que se deve criar uma resistência para cachês abaixo dos 88,66 euros, o valor considerado como mínimo ideal e que não engloba a utilização do material dx próprix DJ.

Neste relatório, o Piso Justo alerta também para a desigualdade e falta de ética ainda presentes na cena club nacional, “dominada” por homens-cis brancos, que representam 58% da amostra. Alguns episódios de tratamentos desiguais a mulheres-cis, mulheres trans ou cidadãos não portugueses ecoaram num post partilhado pelo Piso Justo há um par de dias nas suas redes sociais.

Entre as medidas propostas por esta organização com vista a dar melhores condições aos trabalhadores da área estão a criação de um CAE específico para DJs que englobe a isenção de IVA e o fim da descriminação, tornando assim mais inclusivos, diversos e seguros todos os espaços que se inserem neste circuito.


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