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Fotografia: João Pedro Moreira.
Publicado a: 20/11/2020

À boleia da curiosidade.

[Estreia] Rita Vian mostra o videoclipe para “Purga”

Fotografia: João Pedro Moreira.
Publicado a: 20/11/2020

Depois de começar a “Purga”, apenas em formato áudio, na passada sexta-feira, Rita Vian termina-a com o lançamento, em primeira mão no Rimas e Batidas, do vídeo realizado por João Pedro Moreira.

Fez-se ouvir nos Beautify Junkyards ou em contribuições para canções de Mike El Nite (“Carmen”) e DJ Glue (“RITA”), mas foi a solo que começou realmente a mostrar que vinha para ficar. E se “Diágonas” e “Sereia” foram bons pontapés-de-saída, a remistura de Branko para a segunda faixa e “Purga”, o seu mais recente single com produção de Franklin Beats, dizem-nos que não é só voz como também é ambição de experimentar.

A visão da artista começa a materializar-se diante dos nossos olhos e ouvidos, por isso fomos tentar saber um pouco mais sobre estes seus primeiros passos em nome próprio.



Conhecemos-te dos Beautify Junkyards e das tuas participações em temas do Mike El Nite e do DJ Glue. Quando é que te decides aventurar a solo? E quais foram as razões?

Desde sempre que seguir uma carreira a solo foi um projeto. Acho que quando escreves e sentes vontade de partilhar essa linguagem tudo acontece naturalmente e esse dia acaba por chegar, se trabalhares para isso, claro. Gosto de pensar que as coisas têm o seu devido tempo e não me questiono muito sobre o porquê do momento em que acontecem. Um dia percebi que algumas das minhas composições faziam sentido juntas e avancei.

No pressrelease vinha uma declaração tua em que dizias que a “Purga” era sobre libertação e “sobre a ambição de nos conhecermos a nós próprios e de sabermos o que importa”. Começares a lançar faixas em nome próprio foi a maneira de começares essa descoberta individual?

Não, sempre fui muito focada nessa descoberta, não só individualmente, como sempre fui muito observadora de quem está ao pé de mim. Curiosa sobre a maneira como me sinto ou vejo alguém sentir-se, e explorei sempre a beleza desse universo que acho o mais variado e vasto.

Com a “Purga” tive a sorte de conseguir transcrever muita coisa que procuro e ambiciono, e senti-me realizada por ver esse meu traço materializado em algo que vou poder ouvir sempre que quiser ou precisar. 

Gostava que falasses um pouco sobre a criação do tema: quando é que surge o encontro com o instrumental do Franklin Beats e o que é que te puxou para cantar em cima dele? 

O Franklin masterizou a “Sereia” no princípio da quarentena e durante esse período ficámos bastante ligados. Um dia enviou-me o beat como sugestão para eu pensar no que faria com ele e como este ano tem sido um ano de reflexão para todos, ou pelo menos para mim foi forçosamente, dei por mim a escrever sobre essa necessidade de parar. Que subitamente nos foi imposta a todos. Quando terminei o tema, acabei por lhe pedir para o lançar como single porque senti que espelhava de forma muito transparente a minha maneira de pensar e de estar, bem como algo que procuro musicalmente.  

Qual é que foi a tua participação na construção da narrativa do vídeo realizado por João Pedro Moreira para a “Purga”? Deste-lhe liberdade total ou quiseste que o teu input estivesse presente?

Diria que foi metade/metade. A ideia deste vídeo foi imediata para todos os envolvidos. Um vídeo simples e directo que espelhasse a forma como a música foi escrita. Esta música, como aliás quase todas, foi escrita no meu carro e eu sempre quis que isso um dia ficasse registado. Calhou ser a oportunidade perfeita porque encontrei na letra muitas referências a esse processo criativo. E o João conseguiu transpor essa mensagem de uma forma muito bonita e com muita dedicação.

Acho que podemos dizer que se começa a perceber que estás a encontrar um caminho novo depois da remistura do “Sereia” e desta “Purga” — a “Diágonas” e a versão original da “Sereia” apontavam para outros caminhos, talvez mais próximos ainda de Junkyards. O que é que podemos esperar daqui para a frente? Isto são só temas soltos ou estás a preparar um projecto/EP/álbum em que isto se vai incluir?

Quando me lancei em 2019 com a “Diágonas”, o objectivo era precisamente que a produção electrónica deixasse esse caminho aberto. Sempre quis unir a minha forma de escrever e de cantar mais contemplativas a algo que me soasse presente, e essa procura tem sido uma aventura interessante.

Todas as minhas participações em temas anteriores, tanto na “Carmen” com o Mike El Nite ou na “RITA” com o DJ Glue, deixaram essa mensagem também, que há uma dualidade que procuro e que tenho vindo a encontrar, o que torna este processo cada vez mais completo.

No futuro podemos esperar que tudo se unifique, mas um dos objetivos é concretizar um EP, um álbum, ou ambos assim que possível.

No final de 2017, o Pedro Mafama falava de “novos fados” e essa ideia (ainda que meio abstracta) parece ter cada vez mais protagonistas. Sentes-te parte de uma nova cena? Consegues encontrar pares para aquilo que estás a fazer?

Acho que posso dizer que me sinto parte, sim. Mas acho acima de tudo que há muita liberdade a ser celebrada e muita vontade de escrever diferente na música portuguesa neste momento, que é algo que me inspira bastante. Acho que há cada vez mais vontade de arriscar. Não só no que toca ao fado, mas também à vontade de cantar em português noutros géneros, que me deixa com a sensação de que há uma corrente muito positiva a ganhar força. Acho que os maiores exemplos de novos fados neste momento são o Pedro Mafama e o Conan Osiris.


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