pub

Texto: ReB Team
Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 01/05/2023

"Cada rima cadavérica com barras milimétricas."

[Estreia] NOIATT e Crate Diggs jogam “Mikado” e antecipam um EP “inspirado nesta nova vaga de hip hop”

Texto: ReB Team
Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 01/05/2023

Muito sampling e tinta na Bic, mas com pouca batida presente no quadro sonoro. É assim o hip hop pintado por NOIATT e Crate Diggs em “Mikado”, a primeira faixa a nascer do cruzamento entre os dois artistas e que está hoje em estreia no Rimas e Batidas — a edição oficial está agendada para amanhã.

Em estreia enquanto dupla, cada um destes dois nomes tem estado a dar cartas em campos distintos. NOIATT tem procurado ir ao encontro de novas sonoridades, como deixou bem patente no seu último single a solo (“O Momento“), enquanto que Crate Diggs tem optado por recriar e encontrar novos caminhos dentro de uma estética mais “tradicional” dentro do hip hop. Porém, a admiração que ambos partilham por uma certa cadência que tem estado na ordem do dia dentro da cena hip hop norte-americana fê-los encontrarem-se em estúdio para “cozinharem” um EP em conjunto — “Mikado” é a amostra inaugural de L’Chaim, projecto que editam a 22 de Maio.

Numa troca de impressões com a nossa redacção, o par aborda a influência que colheu da cena hip hop drumless — com nomes como Griselda ou Alchemist à cabeça — e explica como surgiu a ideia de trabalhar em colaboração.



Como é que surgiu esta parceria?

Surgiu de forma orgânica e natural. Começou através de um story no Instagram de um beat do Crate Diggs, o NOIATT gostou do beat e decidimos colaborar numa música com esse beat, que viria a ser a “Sermão ao Leigos”. Na confecção da música ambos partilhámos o gosto pela nova vaga de drumless hip hop, seja Giselda, Mach-hommy, Alchemist, Boldy James, e em convite mútuo decidimos criar um EP de 5 músicas dentro desse género de hip hop. Com algumas variantes e toque proprio, mas inspirado nesta nova vaga de hip hop.

Como chegaram ao conceito de L’Chaim para baptizarem esta dupla que agora estão a formar?

A palavra em si surgiu de uma noite em que o NOIATT tinha conhecido um judeu, e ao brindarem ele gritou “L’CHAIM”. O NOIATT apontou a palavra nas notas do telemóvel. Depois, ao confeccionar o EP, vimos que as músicas eram uma celebração do hip hop e uma celebração da amizade entre ambos, então decidimos batizá-lo com o nome L’Chaim.

À partida, esta não seria uma colaboração previsível, pelo reportório de cada um. Procuraram encontrar caminhos comuns, ou chegar a um registo a meio caminho?

Como mencionámos em cima, ambos procurávamos um projeto com influências de produtores como Daringer, Conducta, Alchemist. Apesar do catálogo diferente do NOIATT, ele também sente aquele registo de hip hop mais tradicional, às vezes quase drumless, portanto foi fácil arranjar um meio-termo. Os samples que o Crate escolhia já tinham em mente as influências que o NOIATT mencionava, tal como a troca de músicas entre os dois.

E chegaram rapidamente a um conjunto de temas que vos satisfizesse? Este projecto está a ser preparado nos bastidores há quanto tempo?

Já estávamos a trabalhar neste projeto desde meados de junho de 2022. Sim, estes temas foram aparecendo naturalmente, nós já sabíamos que queríamos no máximo 5 músicas, portanto trabalhámos no número exato de tracks. Como tínhamos em mente a sonoridade que ambos queríamos abordar, ficou fácil de haver um consenso. Nada foi feito à pressa e tudo foi escolhido a dedo.

Mencionam como referências MIKE, The Alchemist, Boldy James e Action Bronson. Essas influências verificam-se quer ao nível da produção, quer do rap propriamente dito? São nomes que se destacam na biblioteca musical de cada um?

A nível de produção sim, houve influências desses artistas, principalmente Alchemist. A cadência, o tipo de sampling, as texturas, os géneros musicais a serem samplados. A nível de rap é difícil de responder, o NOIATT tem a sua própria escrita, com o seu tipo de rima e métrica. Se estivermos a falar a nível técnico do rap não foi de todo influenciado, no entanto, o conjunto entre o beat e o rap tinham o intuito de soar a um determinado tipo de hip hop. Sem dúvida que essas influências foram as nossas “boias”, mas nadámos muita para além das influências, achamos nós.

A julgar pelo primeiro single, “Mikado”, essa influência salta à vista mais na escolha dos samples — especialmente no caso do MIKE com música brasileira. É esse o registo que podemos esperar das restantes faixas do EP?

O EP está bastante versátil, o “Mikado” acabou por ser o single pois tem uma vibe mais funny e descontraída e gostámos da ideia de dar-lhe o devido destaque. No entanto, o mood de cada música varia. É realmente um EP bastante diversificado e criativo, ambos experimentámos coisas novas e não nos limitámos às “guias” do hip hop tradicional.

Depois de aparecerem juntos sem pré-aviso, esta estreia a meias num EP está pensada para alguma altura específica do ano? E já têm planos para levá-la até ao palco?

O EP vai ver a luz do dia no dia 22 de maio. Até lá, para além do “Mikado”, talvez vos surpreendamos com mais um single. A apresentação do EP ao vivo acaba por ser o nosso objetivo, já estamos a ver a possibilidade de tocá-lo na capital, mas ainda sem datas confirmadas.

pub

Últimos da categoria: Avanços

RBTV

Últimos artigos