pub

Texto: ReB Team
Fotografia: Joana Linda
Publicado a: 25/11/2022

A assumir os comandos.

[Estreia] Margarida Campelo sobre “Faz Faísca e Chavascal”: “Precisava de músicos que entendessem a minha música”

Texto: ReB Team
Fotografia: Joana Linda
Publicado a: 25/11/2022

“Criar um projecto em nome próprio já está nos meus planos há alguns anos, simplesmente fui adiando. Eu nunca senti muita urgência para compor e, além disso, tenho uma agenda muito preenchida a tocar música que adoro, com pessoas que adoro também. É um privilégio enorme que facilitou o adiamento dos meus planos durante muito tempo. Mas nos últimos anos comecei a sentir mais vontade de fazer música minha, música que unisse tudo o que eu mais gostava de ouvir e tocar. E quando a pandemia aconteceu, além de muito tempo livre, ganhei apoios para financiar um disco, tinha as condições todas reunidas”.

É desta forma que Margarida Campelo explica o porquê de só agora avançar para o seu primeiro álbum em nome próprio. Em estreia no Rimas e Batidas, “Faz Faísca e Chavascal” é o avanço inaugural do disco que, se tudo correr bem, chegará no primeiro trimestre de 2023 com o selo da Discos Submarinos.

Bruno Pernadas, músico de quem tem sido inseparável desde que, pelo menos, ouvimos How Can We Be Joyful in a World Full of Knowledge? (2014), é o produtor de serviço nesta aventura a solo da cantora, compositora, multi-instrumentista e arranjadora. Para além de Pernadas, que assume a programação neste single, há ainda as contribuições de António Quintino no baixo eléctrico e João Correia na bateria, sem esquecer a co-autoria de Ana Cláudia (que faz coros com Joana Campelo) e Beatriz Pessoa na letra.

O r&b, o jazz experimental, o neo-soul e a pop são as coordenadas básicas para não nos perdermos, mas a belíssima voz é que o verdadeiro guia. Para sabermos um pouco mais sobre esta nova fase da carreira da artista lisboeta, enviámos-lhe algumas questões por e-mail. Confiram as suas respostas em baixo.



Descrevem-te a música como estando num lugar de confluência do r&b, do jazz experimental e da neo-soul, mas com uma declinação pop. A julgar por este single, “Faz Faísca e Chavascal”, não é uma má descrição, de facto. Como é que chegaste a esse lugar? Quais dirias que são assim as tuas influências mais marcantes? Ou, como dizes na canção, “quem são os teus orixás”?

Eu cresci a ouvir muita música, música que me moldou muito. Diria que a minha mãe é a minha grande “Orixá”. E essas minhas paixões musicais de infância e adolescência continuam até hoje: The Carpenters, Prefab Sprout, Stevie Wonder, Bill Withers, Anita Baker, The Doobie Brothers, Michael Franks, Donald Fagen, Whitney Houston, Sade, Fleetwood Mac, George Benson, Toto e tantos outros. Alguma bossa nova e boleros também.

Mais tarde, quando comecei a estudar música descobri outras coisas boas até que comecei a ouvir e estudar jazz fiquei completamente vidrada. Durante meu período académico, praticamente só ouvi jazz e bossa nova, dos clássicos aos mais modernos. Mas sempre mais fascinada pelos clássicos.

Estas influências todas demoraram algum tempo a conseguir conviver em harmonia na forma como eu fazia música, quer para mim quer para os outros. Mas quando aconteceu, as ideias para este disco começaram a surgir naturalmente.

Contas com o Bruno Pernadas na produção, um músico que já conheces muito bem e com quem tens trabalhado bastante. Tê-lo neste papel deve ser, no entanto, diferente: que sentes que trouxe ele ao teu projecto?

O Bruno foi um grande impulsionador deste álbum, devo-lhe muito. Incentivou-me a escrever, a desenvolver as ideias, sempre com dicas preciosas no processo de criação inicial. Quando chegou a altura de nos dedicarmos a isto a sério, a escolha do produtor era óbvia, tanto para mim como para ele. Nós trabalhamos juntos há muito tempo, partilhamos muitas referências musicais e eu sabia que ele ia entender o que eu queria fazer e até o que eu não sabia que queria. O Bruno, além de enorme músico e conhecedor de música, é um incrível produtor, imensamente criativo e rigoroso. Tem a visão e as ferramentas para transformar um conjunto de demos num trabalho sólido e mágico, com muita qualidade.

Fazes horas extra nisto, certo, a julgar, uma vez mais, pelo single de amostra: letra, synths, piano, wurlitzer, arranjos, canto… És tu a assumir os comandos daquilo que queres fazer musicalmente, certo?

Sou eu a assumir os comandos, sim. As demos que fiz, mesmo antes da pré-produção do Bruno, já tinham praticamente tudo pensado: melodia, harmonia, linhas de baixo, beats de bateria, etc. E isto foi tudo feito com os instrumentos que eu domino, voz e teclados.

A letra “Faz Faísca e Chavascal”, assim como a maior parte das músicas do disco, fiz em parceria com a cantautoras Ana Cláudia e a Beatriz Pessoa, que são também minhas “amigas-irmãs”.

Queres falar-nos um pouco dos músicos que tens contigo neste tema?

A secção rítmica desta canção conta com o João Correia (aka Joca) na bateria e o António Quintino no baixo eléctrico. Eu precisava de músicos que entendessem a minha música e que, mesmo que não tivessem presentes todas as referências estilísticas, soubessem executá-las na perfeição. O Joca e o António são essas pessoas: incríveis músicos, exímios executantes e, além disso, são meus queridos amigos.

Nos coros do “Faz Faísca e Chavascal” está a Ana Cláudia e a Joana Campelo, cantora, actriz e minha irmã. A Joana já tinha gravado na demo, uma vez que eu quis experimentar como soariam os coros com timbres diferentes (além do meu). Mais tarde, quando fui para estúdio gravar vozes, elas estavam lá a dar-me apoio e acabaram por cantar as duas.

O Bruno teve também uma parte importante na programação (de sintetizadores, bateria electrónica, manipulação de coros, etc.).

Quanto ao álbum, que se pode já desvendar? Em que direcções aponta, que convidados tem, quando o vamos poder comprar em duplo vinil?

É um álbum que celebra as minhas paixões musicais quase todas. Não foi premeditado, aconteceu assim. A verdade é que tocar na banda do Bruno Pernadas e assistir ao processo de criação dele mostrou-me que isto era possível, e ele sabe conjugar os estilos todos numa obra. Isto deu-me liberdade para escrever sem medos, confiando que ele faria a sua magia, e fez.

No disco, além do João Correia na bateria, do António Quintino no baixo eléctrico, Bruno Pernadas nas programações e guitarras, tenho o Tomás Marques a tocar saxofone e flauta nalgumas músicas. O Tomás é dos músicos mais fascinantes que eu conheço e consequentemente dos mais requisitados, tive a sorte de consegui levá-lo ao estúdio.

O álbum encontra-se em processo de misturas e está disponível no primeiro trimestre no ano que vem, em formato digital certamente e físico ainda por decidir.


pub

Últimos da categoria: Avanços

RBTV

Últimos artigos