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Fotografia: João Hasselberg
Publicado a: 27/01/2022

A exaltação dos "prazeres da dissipação".

[Estreia] Fumo Ninja, “Chapada da Deusa” e o surrealismo pop

Fotografia: João Hasselberg
Publicado a: 27/01/2022

A editora, promotora e agência Revolve dá o pontapé-de-saída de 2022 com o álbum de estreia de Fumo Ninja, Olhos de Cetim. Com edição marcada para Março, o disco dá, em primeira mão no Rimas e Batidas, uma verdadeira “Chapada da Deusa”, e interpretem isto como quiserem, a todos aqueles que achavam possível definir o som da banda só a olhar para os nomes dos seus elementos.

Norberto Lobo (baixo), Ricardo Martins (bateria), Leonor Arnaut (voz) e Raquel Pimpão (teclas) desarrumam a mesa, metem os elementos lá em cima sem pesar nem medir e, no fim, calafetam para se ficar com uma redondinha canção pop que soa descomprometida e desempoeirada. Para exemplo, a escrita do primeiro singlenasceu da sobreposição de elementos do Bhagavad Gita com o Borda D’Água“. Com imaginação, capacidade de improvisação e muito talento individual dá para tudo. Até para fazer algo que soa ao encontro que nunca aconteceu entre Bruno Pernadas e Cátia Sá (aka GUTA).

Fica, ainda, um pedido de Leonor: associem sempre “beat, letras surreais e um som fun” a FN. Se quiserem perceber melhor o que isso significa, há oportunidade de fazê-lo este sábado, dia 29 de Janeiro, no Cosmos Campolide.



Mesmo tendo em conta que são um grupo de agentes (nada) secretos, podem revelar-nos a origem do nome Fumo Ninja?

[Norberto Lobo] Como que numa derivação metonímica autorreferencial, num trompel’oeil holístico, ou num achaque de cabotinismo, se preferirem, o nome Fumo Ninja surgiu de uma frase de uma das canções do álbum Olhos de Cetim, na qual se exaltam, entre outros, os prazeres da dissipação.

No comunicado enviado à imprensa escreve-se que existe “exploração da pop por meios não ortodoxos”. Que meios não ortodoxos são estes? Podem explorar mais essa ideia?

[Raquel Pimpão] A não ortodoxia refere-se simplesmente ao espaço deixado para a improvisação e para o erro. É importante que haja liberdade na receita, medições a olho e, eventualmente, metamorfose gastronómica. Desarrumação, acabamento rústico, circuito aberto.

Existem referências concretas para este projecto, bandas ou artistas que vos inspirem, ou são, realmente, fruto de “amostras do inconsciente colectivo”? Apesar de ser diferente, parece poder habitar o mesmo universo do Bruno Pernadas, pensando só no panorama português.

[Ricardo Martins] Creio que o mundo sonoro onde a banda habita tem a ver com este encontro, o encontro destas pessoas. Começámos a conversa com tópicos que o Norberto trouxe, com caminhos bem definidos, e depois fomos andando, ganhando uma vida daí.  

Existe uma busca por trazer parte de algo que pertence à imaginação. Estará aí, também, uma mistura de muita música que gostamos, lá no meio do fumo ninja.

“Chapada da Deusa” é o primeiro single do vosso álbum de estreia. Conseguem falar-nos um pouco sobre a construção desta faixa e explicar-nos que “chapada” é esta? 

[Norberto Lobo] A escolha do primeiro single foi fonte de arrufos menores e fabulosas contendas, mas após três segundos chegou-se a um consenso.

A construção assemelha-se à de outras faixas do agrupamento; parte de uma demo caseira, na maior parte das vezes feita de forma algo (bastante) precária, que o ensemble posteriormente retrabalha, adapta, costura e calafeta, com luvas de pelica vegan e infinita generosidade.

O processo de escrita desta canção nasceu da sobreposição de elementos do Bhagavad Gita com o Borda D’Água

Para quem está (ou não) a par dos vossos trabalhos em nome próprio ou com outros grupos, o que é que pode esperar do primeiro álbum de Fumo Ninja?

[Leonor Arnaut] Mesmo quem está a par dos nossos projectos individuais pode ficar surpreendido com a música de Fumo Ninja. Este é um disco de canções, moldadas por um grupo de músicos de universos vários. A improvisação é um elemento importante na música de todos e estamos a tocar músicas com um carimbo pop, o que nos faz tocar uma pop com muita liberdade e criatividade, diria. Temos improvisações que soam a composições (como é o caso do “Django Hair”), e composições com espaço para intervenções cartoonistas e desprendidas de regras. Sempre com beat, letras surreais e um som fun, que esperemos que fique associado a Fumo Ninja nos concertos e nos próximos trabalhos.


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