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Texto: ReB Team
Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 10/02/2023

O deleite dos bailarinos de rua.

[Estreia] Breaking LX dançam ao som de Black Pomade em novo videoclipe

Texto: ReB Team
Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 10/02/2023

Sebastian Bolenius dirige o vídeo para “Dial 166 (Black Pomade Edit)”, que cruza a música do DJ e produtor italiano com os moves quentes de quatro dançarinos dos Breaking LX.

Ligado à parte performativa e criativa da música desde 2007, Black Pomade é Christian Vismara, artista natural de Milão que, em 2014, trocou a capital da moda pela pluralidade de culturas que se cruzam em Lisboa. Agradado com o que por cá encontrou, a mudança de ares deu-lhe força para arrancar com duas plataformas, Ruínas e Manzo Edits, esta última aquela que serve de casa para a edição que contem o tema ilustrado por videoclipe, que hoje em estreia no ReB — “Dial 166 (Black Pomade Edit)” integra Manzo Edits Vol. 1, uma compilação na qual se cruza com outros três nomes da cena de dança italiana e que foi lançada no passado dia 26 de Janeiro, em vinil e digital.

Entre as várias maravilhas que Black Pomade encontrou na capital portuguesa estão os Breaking LX, uma comunidade que procura ligar pessoas através da prática do breakdance, um dos pilares da cultura hip hop. Ruben Hood, Nectar, Antoine Landrieu e Cinthia Perez são os bailarinos que representam o colectivo com passos de dança captados por Sebastian Bolenius em ambas as margens do rio Tejo, aproveitando para mostrar alguns dos seus locais predilectos para executar todo um ritual de movimentos corporais.

Ao Rimas e Batidas, Christian traçou aquela que foi a sua própria viagem no mundo da música de dança, explicou a importância que teve a mudança para o nosso país e abordou os projectos que tem colocado em prática a partir da sua nova casa.



Formaste o projecto Black Pomade em 2007. Fala-me sobre os teus primeiros passos na música enquanto DJ e produtor.

2007 é o ano em que comecei a tocar discos, mas foi 10 anos depois, quando já morava em Lisboa, que nasceu o projeto Black Pomade. Para falar sobre os meus primeiros passos, posso dizer que desde cedo eu sentia uma atração quase inata pelas batidas eletrónicas e passei a dar-me com pessoas que compartilhavam da mesma paixão. Dedicava horas a descobrir música nova e a partilhá-la com outros. Junto a eles, comecei a organizar as minhas primeiras festas num bar que funcionava como karaoke, depois de ter adquirido o equipamento com o dinheiro ganho a trabalhar como jardineiro no verão. Os primeiros anos foram realmente especiais. As festas eram pequenas, com cerca de 30 a 50 pessoas, mas a atmosfera era tão incrível. A partir daí, comecei a ser reconhecido e a tocar em clubes maiores e locais underground. Por volta de 2013, a magia começou a desvanecer, não conseguia mais ligar com a pista e sentia-me sem direção. Quando me mudei para Lisboa, no ano seguinte, estava prestes a desistir, mas o oposto aconteceu: a minha paixão e determinação por esta arte renasceram e posso dizer com toda a certeza que vivi os melhores momentos da minha carreira desde que mudei para Lisboa.

Que diferenças encontraste por cá ao nível da cultura — em especial, da música de dança?

A energia de Lisboa é algo especial. Em Milão, apesar dos sistemas de som e da instrumentação ser sempre impecável, sempre tive a impressão de quase ter que implorar para as pessoas entrarem na pista de dança, enquanto que em Lisboa toquei em festas com altifalantes desengonçados, mas pessoas a dançar desde o primeiro minuto até o sol nascer. Além disso, em Portugal, o que senti é que a vida noturna é vista com muito mais respeito do que em Itália, onde é considerada como um ambiente de má reputação. Aqui, o clubbing é também percebido como forma de expressão artística e cultural.

Não há muito tempo tinhas fundado a Ruínas e agora apresentas-te sob um novo selo, Manzo Edits. O que é que esteve na base para abraçares este desafio e quais as diferenças entre as duas labels?

A minha jornada musical é uma viagem cheia de equilíbrios e contrastes, e Ruínas e Manzo Edits são as duas faces desta jornada. Ruínas é a expressão do meu lado mais sério e socialmente consciente, com uma sonoridade marcada pelas festas de armazém e raves. Através desta label, sempre busquei colaborar com causas importantes, como a angariação de fundos para a Associação Mais Proximidade e para a União Audiovisual. Por outro lado, Manzo Edits é o meu lado mais descontraído e divertido, com uma sonoridade quente e orgânica. Esta série surgiu porque muitos amigos me passaram seus edits para testar na pista e muitos deles eram simplesmente incríveis. Achei que seria uma boa ideia reuni-los e colocá-los no devido contexto; o sucesso dos discos esgotados em apenas dois dias na Juno me dá motivação para continuar nesta jornada musical.

Apesar desta nova editora estar sediada em Lisboa, os músicos que participam no primeiro lançamento são todos italianos. Há essa vontade de estreitar ligações entre os dois países? Já tens ideia dos moldes em que vão decorrer as próximas edições?

Com grande prazer, posso revelar uma novidade exclusiva para vocês: nos volumes 2 e 3, já em processo de impressão, teremos a participação de artistas portugueses em ambos. De fato, a ligação entre Portugal e Itália é uma questão que me preocupa muito e tenho trabalhado fortemente. Por exemplo, tenho uma noite de residência no Musicbox onde convido artistas italianos para tocarem em Lisboa (como Sam Ruffillo, Dirty Channels, Rollover, entre outros). Sempre procuro levá-los para conhecer a cena local, para explorar lojas de discos ou para passar uma madrugada ouvindo artistas locais. Acredito que ambos os países são cheios de talento, mas ainda não são valorizados o suficiente em comparação com outras cidades europeias. São lugares que me deram muito, por isso quero criar essa ponte.

Lanças agora o videoclipe para “Dial 166 (Black Pomade Edit)”, que nasce de uma colaboração com o realizador Sebastian Bolenius e os Breaking LX. O que é que viste de especial na cultura do breakdance em Portugal e de que forma é que sentes que ela se liga com o trabalho que tens vindo a desempenhar enquanto artista de música?

Como DJ, sou imediatamente atraído pelo breakdance, um estilo de dança que nasceu da música tocada mesmo pelos DJs nos anos 70. Foi quando conheci Antoine (um dos dançarinos do videoclipe) em um dos meus sets que a minha paixão por esse mundo despertou. Sua forma de dançar e interpretar a batida era única. Eu sabia que era necessário capturar essa conexão entre a música e a dança, e foi aí que a ideia do videoclipe nasceu. Conversando com Sebastian e Antoine, eles também estavam animados com a ideia e juntos começámos a explorar o conceito. A partir daí, conheci os membros do coletivo Breaking LX e fiquei impressionado com a paixão que eles têm pela música e como a expressam através da dança. Quando propus a minha música para o grupo estava nervoso, tinha medo que eles não gostassem, mas ao contrário, eles foram imediatamente muito receptivos e ficaram entusiasmados.
 A conexão entre a música e a dança é algo que sempre me atraiu e ver o que os dançarinos e DJs da cena estão fazendo realmente me inspirou a seguir adiante. No final, a situação de uma battle de breaking é muito semelhante à de um club ou uma rave: há DJ a tocar discos e pessoas a dançar, mas a forma como a situação é interpretada é o que faz a diferença. Mergulhar neste mundo, visualizar e escutar as atuações dos dançarinos e DJs trouxe-me ideias novas e eu mal posso esperar para incluí-las em meus próximos sets!


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