pub

Fotografia: Marcos Ferreira
Publicado a: 04/10/2019

O rapper da PoQ lança Tripolar na próxima semana.

[Estreia] “Borboletas” abre caminho para o primeiro EP de Bug

Fotografia: Marcos Ferreira
Publicado a: 04/10/2019

Bernardo Valinhas é Bug, um newcomer de Paços de Ferreira e a mais recente aposta da Paga-lhe o Quarto, editora portuense liderada por Keso, que recentemente também editou “Dragão IV”, o novo single de Riça.

Neste artigo poderão ouvir, em primeira mão, a faixa/resumo para este projecto: “Borboletas”. É nela que o artista aproveita para fazer uma retrospectiva e consciencialização sobre o que realmente se passa durante o seu processo criativo, os altos e baixos do seu humor e a forma como eles se encontram inevitavelmente indissociáveis.

De forma antecipada, este sábado, 5 de Outubro, o EP de Bug é apresentado ao vivo no Café Au Lait, Porto, numa matiné de entrada gratuita onde estará disponível a edição física do EP e onde actuarão todos os artistas que vestem a camisola da Paga-lhe o Quarto.

Em entrevista concedida ao Rimas e Batidas, o rapper e produtor nortenho, explica-nos como se encaminhou artisticamente para o rap e como chegou ao seu EP de estreia, Tripolar, a ser lançado nas plataformas digitais a 11 de Outubro.



Conta-nos um pouco mais sobre o teu processo de iniciação: desde quando fazes rap e o que te levou por este caminho artístico?

Comecei a fazer rap em 2017. Surgiu como uma necessidade, existiam coisas que guardava para mim que comecei a desabafar por escrito, não havia uma ideia de fazer música sequer, mas as coisas acabaram por ganhar uma proporção que me deixou curioso sobre o que poderia resultar se me empenhasse mais nesta “brincadeira”. O foco criativo virou-se para aqui, e desde então que fica até difícil passar um dia sem trabalhar em alguma coisa relacionada com a música, posso dizer que fiquei viciado.

Como surgiu esta tua associação à Paga-lhe o Quarto?

A associação à PoQ surgiu no dia 27 de Julho, numa noite de concertos organizada pela Last Supper Events, em Freamunde. Tive a felicidade de poder actuar antes do Keso, e isso deu-me uma janela de oportunidade para mostrar a minha música. Ele gostou do que ouviu, surgiu o convite e no dia seguinte enviei as demos deste projecto. Acabou por ficar decidido o lançamento do EP pela Paga-lhe e eu estou super contente com todo o processo. Pensava muito no dia em que poderia vir a trabalhar com uma das minhas referências, acabou por acontecer bem mais cedo do que contava!

A escolha do título Tripolar remete-nos, por um lado, para a bipolaridade, por outro, faz-me pensar em ti como tripeiro: que mixed feelings queres passar com este EP e de que forma a tua vivência no Porto, ou neste caso numa localidade próxima da grande cidade, afecta a tua procura sonora?

Tripolar vem da bipolaridade. Foi a maneira que eu arranjei para distinguir uma fase em que eu tinha momentos completamente díspares. Em desabafo costumava pensar no termo com alguma ironia: “eu não era bipolar, era tripolar!”. Quando surgiu o projecto, o nome foi directo, era a palavra que fazia mais sentido. A relação com tripeiro não acontece no nome, mas está presente na minha vivência. Sempre tive uma ligação forte com a música de alguns artistas de cá. Curiosamente, a crew AMR — à qual o Keso pertence — tem muitos daqueles que sempre ouvi com mais atenção e que acabaram por me influenciar muito no meu processo de criação. A postura que há em relação à música que fazem é especial, e isso inspirou a minha atitude. Mas as referências acabam por vir de imensos lados, numa altura em que há tanta coisa a acontecer, tanta coisa antiga por descobrir… fica difícil não ser um emaranhado de referências. Por outro lado, já estudo no Porto há 10 anos, grande parte da minha vida aconteceu aqui, foi cenário de muita história minha, algumas delas presentes no EP, portanto sim, há uma relação entre o projecto e a cidade também.

Fazes parte de uma terceira geração de rappers da Invicta – Kap, Riça ou Weis são alguns dos teus contemporâneos. O primeiro produziu para este teu EP e o segundo partilha neste momento a mesma “casa” contigo: o que sentes que existe em comum entre artistas da vossa geração?

A ideia que tenho é de que há um potencial enorme, assim como um gosto igualmente grande em fazer bem as coisas. Do que acompanho, pelo menos é o que sinto. Mesmo tendo cada um o seu estilo, há algo que liga toda a gente, talvez essa forma de estar. Pensar os temas, o que se diz, como se diz, dar conteúdo efectivo às músicas, ficar bem feito. Não sinto que seja música para encher, há um propósito no que se faz.

Da primeira geração há nomes como Dealema e Mind da Gap, da segunda geração temos Keso, Capicua ou Virtus: estes artistas tiveram impacto em ti e na tomada de decisão em te tornares rapper?

A decisão de me tornar rapper não foi bem uma decisão, foi mais uma consequência. Apesar de ter uma admiração grande pela cultura há muitos anos, nunca esteve nos planos tornar-me rapper, simplesmente aconteceu… O impacto que houve em mim foi sendo diferente, MDG fizeram-me apaixonar pelo hip hop, talvez tenha sido o Virtus a fazer-me gostar e optar por um certo tipo de escrita, assim como sei que foi a pensar nos Enigmacru que escrevi alguns dos meus primeiros temas. Não foi tanto o impacto em “tornar rapper”, mas sim no tipo de rapper que queria ser.

Por último, que artistas te influenciaram para a concepção deste teu primeiro EP?

Além dos já referidos, penso que é importante mencionar o Manel Cruz, Carlão, Nerve, Mac Miller. E claro está, o Kap e o Duarte Dias ao produzirem para o projecto! No caso do Duarte, posso dizer que foi determinante para a concepção do projecto e para a evolução do meu estilo de rima. Foi nos beats dele que consegui expressar-me de forma que mais gosto no que diz respeito ao rap, há qualquer coisa no som dele que me leva a um ponto interessante na escrita e no flow. Nos restantes, nas referências exteriores, há bocadinhos de cada um que me ajudaram a descobrir o caminho, o gosto por melodias, o flow que me inspirou a tentar expressar de tal forma, a forma como se dizem certas coisas… Sinceramente não sei se é perceptível ou não as referências deles mas para mim são muito fortes no processo.


pub

Últimos da categoria: Avanços

RBTV

Últimos artigos