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[FOTO] Vítor Andrade
O final de Fevereiro ficou marcado pelo regresso dos Enigmacru, duo portuense que se remeteu ao silêncio nos últimos anos. “Aquilo que me assombra” é o primeiro avanço de Emperfeito Equilíbrio, o novo disco anunciado para sair “antes do verão”. Na nova faixa, a escrita cinematográfica de Each e Check volta a ser o ponto forte, uma qualidade partilhada com Minus e Virtus, companheiros na Sexto Sentido.
O Rimas e Batidas esteve à conversa com a dupla e percebeu o que motivou este comeback, as razões para o “desaparecimento” e o que é podemos esperar do trabalho que aí vem:
O que explica uma ausência tão longa? O que é que andaram a fazer neste interregno?
O que mudou dessa altura para agora foi a nossa disponibilidade e o nível de exigência. Não estipulamos prazos para acabar seja o que for. Gostamos das coisas bem estruturadas e isso leva-nos tempo. Deixamos de tocar porque já não gostávamos das músicas mais antigas e não se justificava mostrar as novas sem o álbum estar pronto. Nem tudo correu como contávamos e isso atrasou-nos muito. Para além disso, ambos trabalhamos e é complicado termos tempo para nos dedicarmos a isto juntos.
Sempre se falou na existência de uma “escola do Porto” de rap. Hoje, com o rap português em efervescência, pensam que ainda faz sentido falar nisso? E onde se posicionam no meio disso tudo?
Talvez não porque hoje em dia já não se nota a diferença de texturas que nos lembramos de sentir antigamente. Há mais informação, é mais fácil seres influenciado por alguém doutro sítio. Hoje toda a gente tem praticamente as mesmas referências. Continuamos a procurar essa textura antiga do Porto, já faz parte de nós.
Apesar do tempo já decorrido, o vosso trabalho deixou marca, quer noutros rappers quer na cabeça de muitos ouvintes. O que explica que Enigma tenha deixado essa lembrança tão forte?
Ganhamos alguma relevância na altura em que éramos adolescentes, quase todos os nossos temas eram acerca do que pensávamos e do que sentíamos. Não sabemos se alguma vez houve, mas nessa altura quase não havia ninguém que falasse acerca da sua vida pessoal duma forma tão directa, muito menos com a nossa idade. Julgamos que isso nos deve ter aproximado a todos porque lidamos praticamente com os mesmos problemas e pensamos basicamente nas mesmas coisas.
Minus e Virtus têm sido os pontas de lança da Sexto Sentido, embora, talvez, ainda sem o reconhecimento merecido. O que acham que explica isso?
As pessoas ouvem aquilo que percebem e a maior parte quer as coisas simples para não se dar ao trabalho de pensar. As excepções são o público deles.
Qual é o ponto de situação actual da Sexto Sentido enquanto editora e que projectos vossos estão na calha?
Nós somos uma crew. Estão vários projectos a acontecer a um ritmo natural. O Myka, por exemplo, tem o álbum dele bem adiantado e temos muitas expectativas em relação ao que aí vem. O Minus está a fazer um álbum de instrumentais que sairá em breve. O Virtus também está a trabalhar no disco dele e os Activasom também têm feito uns belos sons que provavelmente farão parte de um futuro trabalho.
Falem-nos um pouco sobre Emperfeito Equilíbrio, o disco que vem aí. O que é que podemos esperar?
É um álbum produzido maioritariamente por nós. Tentamos escrever sobre vários temas, e isso permitiu-nos explorar diferentes texturas em muitos aspectos. “Aquilo que me assombra”, por exemplo, retrata as emoções de um só personagem em duas fases diferentes. Fala de posse, fala de ciúme. A forma como trabalhamos a escrita, a intenção, as drums e as melodias, é consequência da evolução da história/sensação. Nas outras músicas podem esperar os mesmos princípios em abordagens diferentes.
Procuramos explorar as experiências vividas por outros personagens. Fizemos algumas músicas sob o nosso ponto de vista, outras sob o deles, mas falamos quase sempre na primeira pessoa.
O álbum terá participações? Existe uma data para o lançamento?
A única participação que queremos revelar é o Myka, e o álbum sairá antes do verão.
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