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Fotografia: LLK Studios
Publicado a: 29/11/2024

Trap, R&B e afrobeat entre Moçambique e Portugal.

EMMVR: “Este álbum representa um mergulho profundo nas minhas emoções e memórias”

Fotografia: LLK Studios
Publicado a: 29/11/2024

Moçambicano radicado em Oliveira do Hospital, há vários anos que EMMVR tem vindo a fazer música, entre a vibrância e frescura do trap, o açúcar R&B, o calor do afrobeat ou do afroswing. Depois de lançar vários projectos ao longo do tempo, apresentou há poucos dias um disco mais “oficial” que o tem feito ganhar visibilidade no panorama hip hop do seu país mas também por cá.

EM MAR (tal como se lê o pseudónimo artístico do seu autor) é um trabalho vulnerável e introspectivo embrulhado em melodias cativantes e batidas envolventes, que conta com participações de Djimetta, Felishia, Stefânia Leonel, Viper Toy, Jay Arghh, Mark Exodus, Hernani e nastyfactor. O Rimas e Batidas colocou algumas perguntas a EMMVR sobre o seu novo álbum e o seu percurso até aqui.



Como descreverias este disco? Qual foi a tua abordagem inicial?

Este álbum representa um mergulho profundo nas minhas emoções e memórias, como se fosse uma jornada pelo mar: calmo e sereno em algumas partes, mas também turbulento e avassalador noutras. Cada faixa é uma onda, reflectindo pedaços da minha essência. O disco é como um ciclo natural de calmarias e tempestades — momentos de introspecção e, ao mesmo tempo, de renascimento. Mais do que um álbum, é uma imersão no meu interior, uma forma de estar em paz comigo mesmo e de partilhar isso com o mundo.

E que ingredientes é que sabias à partida que tinha de ter? Já sabias que querias explorar estas temáticas?

Já há algum tempo que venho explorando sonoridades como o afrobeat e o afroswing. No início, não tinha uma ideia clara do que queria transmitir, mas estava a sentir uma forte conexão com esses ritmos e sonoridades. Acabei por me deixar levar pelo que estava a viver naquele momento. Este álbum não tem um conceito rígido; é mais uma experiência de descoberta, tanto para mim quanto para os meus ouvintes. Eu queria mostrar uma faceta mais versátil de mim mesmo, explorando diferentes sons e estilos, e, ao mesmo tempo, preparar os meus fãs para o que está por vir no meu próximo álbum.

Como funcionou o processo criativo do disco? Primeiro vieram os beats, depois as melodias e as letras?

O meu processo criativo sempre foi intuitivo. Quando entro no estúdio, não tenho uma ideia fixa do que quero criar. Para mim, fazer música é mais uma descoberta do que uma criação, I’m discovering. Começo com o que estou a sentir no momento e deixo as emoções guiarem-me. A escolha dos beats, por exemplo, é muito importante para mim. Na verdade, vejo a selecção dos instrumentais como uma parte fundamental da composição. Há tempos que levo horas só à procura do beat certo e quando não encontro não forço, mas, quando encontro o beat certo, sinto que já encontrei a vibe que procurava. Só depois de gravar é que partilho a música com os outros, para ouvir opiniões e aprimorar a canção. No caso deste projecto, sabia que queria algo que fosse forte e marcante, algo que reflectisse o que sou e, ao mesmo tempo, me preparasse para o futuro.

Como chegaste à conclusão que querias explorar estas sonoridades?

Foi algo muito natural, algo que fluiu com a fase da minha vida. Quando começo a explorar novas sonoridades, é porque me sinto conectado com elas naquele momento específico. Tenho fases: às vezes estou mais ligado ao hip hop, outras ao R&B, ou até ao afrobeat. A música sempre foi um reflexo do que estou a viver e a sentir. Deixo-me guiar por essas emoções, e tento ser o mais livre e autêntico possível nesse processo criativo. O mais importante para mim é ser honesto com aquilo que estou a criar e nunca me limitar a géneros musicais. 

Como escolheste os convidados para o disco?

A escolha dos convidados foi feita com base na admiração que tenho por eles e pelo talento que reconheço em cada um. Além disso, houve uma vontade de desafiá-los a sair das suas zonas de conforto e explorar novas sonoridades, algo que também foi um desafio para mim. Quando convido alguém para uma colaboração, não é apenas pela amizade ou pelo respeito, mas também porque acredito que aquela pessoa tem algo único a acrescentar à minha música. E, na verdade, todos me surpreenderam positivamente, trazendo algo que eu não esperava, mas que elevou o disco.

Explica-nos um pouco o teu background. Há quanto tempo vives em Portugal?

Sou um jovem moçambicano de 23 anos, com o sonho de viver da música e poder ajudar a minha família em Moçambique, que sempre me deu todo o apoio, mesmo nas dificuldades. Venho de uma família humilde, mas muito trabalhadora e dedicada. Estou em Portugal há quase três anos e vivo em Oliveira do Hospital, Coimbra, onde faço a minha licenciatura, trabalho e, claro, continuo a fazer música. O meu objectivo é ajudar a minha família em Moçambique com a minha arte, formar-me, orgulhar os meus pais e, finalmente, poder viver e dedicar-me exclusivamente à música, que é a minha verdadeira paixão. Não me vejo a fazer outra coisa senão isso, pois acredito que é a única coisa em que sou verdadeiramente bom.

Como começaste a fazer música? Quem dirias que são as tuas grandes referências?

A música entrou na minha vida por influência de primos e amigos. No início, era apenas uma brincadeira, algo divertido, mas com o tempo percebi que não conseguia mais parar de criar. Descobri a minha verdadeira paixão. Ao longo da vida, envolvi-me em outras actividades, mas acabei sempre por desistir. Lembro-me de que o meu pai se chateava comigo por estar sempre a desistir das coisas, mas a música foi a única constante, a única coisa que nunca consegui largar. Além de cantar e compor, a música também me levou a aprender outras habilidades, como produção de beats, mistura, masterização e até filmagem e edição de vídeos. Tudo isso começou com um simples desejo de explorar mais esse universo. Quanto às minhas grandes referências, destaco Drake, porque me ensinou a importância da versatilidade e da vulnerabilidade na música; Joyner Lucas, Tory Lanez, que têm uma grande influência na minha sonoridade, especialmente no que os mais atentos podem identificar; Azagaia, Gson, A-Reece, entre outros. São tantos os artistas que me inspiram que seria impossível listar todos, mas esses foram fundamentais na forma como me expresso através da música.


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