pub

Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 09/01/2020

In The Eyes Of Lovers A Weapon Is An Instrument Of Grace e Live at Mayhem iniciam as contas de 2020.

Eastern Nurseries, a editora que traz “música que sangra”

Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 09/01/2020
Apesar do cartão de cidadão poder indicar o contrário, Rui Andrade sempre teve alguma dificuldade em enquadrar-se na “cena” portuguesa, o que não admira, visto que na sua discografia tem trabalhos lançados pelas editoras inglesas Warm Winters Ltd. e ACR ou a belga Audio Visuals Atmosphere, por onde editou Atoll em Outubro. Com tanto a acontecer, há ainda tempo para uma aventura mais ambiciosa: Eastern Nurseries é o seu mais recente projecto, uma editora dedicada a “música que sangra” com uma “vertente emocional marcada”. A funcionar há pouco mais de seis meses, a label já dispõe de seis trabalhos, em formato digital e em cassete, e o fundador admite a intenção de “continuar a curar com critério e regularidade”, tal como tem sido feito até aqui. A primeira compilação de longa-duração, In The Eyes Of Lovers A Weapon Is An Instrument Of Grace, já está disponível no Bandcamp — lá podem encontrar faixas de HRNS e FAWARMTH, mas também de FH HF, Anasisana, Perfume, Concrete Fantasies, S.D., False Moniker e Russian Standards. Para aqueles que ficaram curiosos, fica o aviso: a EN vai ter um showcase no Desterro, em Lisboa, no próximo sábado, dia 11 de Janeiro.

Fala-nos do princípio da Eastern Nurseries: o que é este projecto e porque é que decidiste iniciar esta caminhada sozinho? A Eastern Nurseries nasce da intenção de criar uma plataforma, quase que uma comunidade, onde pudesse lançar não só a minha própria música, mas a de amigos, família, pessoas pelas quais tenho uma admiração imensurável. Quis desafiar-me a começar de novo, um projecto que fosse só meu de raiz, podendo ditar o que lanço, como e quando lanço e em função do quero ouvir. A editora apresenta uma estética muito particular em termos de imagem e bastante identitária no que toca ao som. Tanto no campo visual como no musical, tiveste algumas influências específicas para a criação desta label ou foi tudo muito à base daquilo que gostavas e sentias em relação à música? Interessa-me pouco limitar a editora a nível estilístico, principalmente no que toca à música que lanço. O sonho é ter um catálogo super diverso e dinâmico. Gosto muito da expressão “música que sangra”, tudo o que sai daqui tem de ter uma vertente emocional marcada, [tem de] ressoar comigo. Sinto que é a técnica ao serviço da emoção na música que faço e isso reflecte-se no que oiço, e por consequência, naquilo que quero editar. Tens trabalhado com várias editoras lá fora, especialmente com os teus projectos, tanto a solo como com HRNS, as inglesas Warm Winters Ltd. e ACR, a belga Audio Visuals Atmosphere. Pudeste aprender, nessas relações, a tratar desta gestão mais burocrática e de curadoria editorial? Sentes que as várias funções e papéis que desempenhas se influenciam? Tive a sorte de conhecer pessoas espectaculares em tão pouco tempo, isso é muito inspirador. É muito fácil trabalhar com alguém quando existe esse clique, uma paixão e força motriz comum. Todos ganham, o projecto ganha, a arte ganha. Trabalhar com pessoas como o Adam, o Niels, o Oscar da Vaagner, etc., faz-te sentir que estás a tratar com alguém que respeita tanto a arte que fazes como tu próprio. Se um dia deixar de sentir isso e de o estender aos outros, deixo de fazer e lançar música. Como é que chegaste aos músicos que fazem parte desta compilação? Porque é que fizeram sentido no contexto de Eastern Nurseries e do In The Eyes Of Lovers A Weapon Is An Instrument Of Grace? Seguia a música de todos eles há mais ou menos tempo, outros eram ou tornaram-se amigos próximos. Remeto para o senso de comunidade que descrevi acima. Queria que fosse uma compilação em que o todo é maior que a soma das partes, aliás, sinto que esse é o único paradigma para que uma compilação funcione. Houve alguma razão para ainda teres demorado estes seis meses, aproximadamente, a lançar uma compilação longa com vários artistas diferentes? O timing apontava para agora, tanto pelas conexões que se foram criando com os intervenientes como pela disponibilidade a nível de planeamento e calendário. Era um desejo meu desde o início explorar este formato, e vai certamente acontecer mais vezes. Neste momento pretendes manter o mesmo formato de lançamento? Disponível digitalmente e em cassete? Sim, são os únicos dois formatos que fazem sentido para a editora neste momento, tanto em conjunto, como exclusivamente um ou o outro. Além disso, pretendes trabalhar mais com eventos ou com o formato vídeo? Faço zero intenção de seguir o caminho de uma promotora. Isto não põe de parte ser eu a organizar eventos de forma esporádica – toma o exemplo de uma festa de lançamento de um disco ou um aniversário da própria label. Há outras vertentes que pretendo explorar a seu tempo, mas não tenho planos para trabalhar vídeo em breve, pelo menos de forma mais estanque, não. Depois desta boa introdução, o que podemos esperar do showcase no Desterro, no próximo sábado? Vai ser a primeira apresentação de HRNS desde as datas europeias que tocámos em Setembro, o primeiro que tocamos em Portugal desde Março, salvo erro. O Afonso (FARWARMTH) vai estrear um set praticamente 100% novo. Canadian Rifles fica para último no que toca a concertos. Estou muito contente por ter a Odete e DRVGジラ a fechar a noite com um B2B também. E sobre 2020, o que nos podes contar? Neste primeiro semestre há pelo menos mais quatro títulos que irão ser lançados na Eastern Nurseries, a intenção é continuar a curar com critério e regularidade. A título pessoal espero em breve poder anunciar algumas datas europeias, tanto para HRNS como para Canadian Rifles. Há um lançamento de Canadian Rifles agendado para Fevereiro também.

pub

Últimos da categoria: Entrevistas

RBTV

Últimos artigos