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Fotografia: Lourdes Delgado
Publicado a: 29/09/2021

Funky e inventivo até ao fim.

Dr. Lonnie Smith, mestre do Hammond B3, morreu aos 79 anos

Fotografia: Lourdes Delgado
Publicado a: 29/09/2021

Em comunicado, esta quarta-feira, dia 29 de Setembro, a Blue Note Records confirmou o falecimento de Dr. Lonnie Smith, um dos mais celebrados mestres do Hammond B3 e um verdadeiro pilar do que ficou conhecido como “soul jazz”. “É com pesar que a Blue Note Records anuncia a morte de Dr. Lonnie Smith, lenda do Hammond B3 e NEA Jazz Master. Smith morreu hoje na sua casa em Fort Lauderdale, Flórida. Tinha 79 anos. A sua morte foi confirmada pela sua manager, Holly Case. A causa foi fibrose pulmonar”.

“Doc era um génio musical, dono de um groove fundo e funky e um espírito jovial”, afirmou Don Was, presidente da Blue Note. Lonnie Smith começou a fazer-se ouvir em discos em meados dos anos 60, quando contava apenas 24 anos e foi chamado a gravar com gente como o saxofonista tenor Red Holloway ou o guitarrista George Benson em cujo quarteto Smith passou a ter um importante papel. A primeira gravação de Lonnie Smith para a Blue Note aconteceu na mesma altura, quando o seu órgão Hammond ajudou o saxofonista Lou Donaldson a ter um hit com “Alligator Boogaloo”. A sua própria carreira como líder começou no psicadélico ano de 1967 com o clássico Finger Lickin’ Good, álbum editado na Columbia que incluía covers de temas como ”Jeannine” de George Benson ou do hit “My Babe” que Willie Dixon escreveu para Little Walter em 1955.

A longa ligação de Lonnie Smith à Blue Note começou depois em 1969 com o álbum Think! em que o organista liderou um ensemble que incluía músicos como o trompetista Lee Morgan ou o guitarrista Melvin Sparks. Nos álbuns seguintes – Turning Point (1969), Move Your Hand (1970) ou Drives (1970) -, Smith teve ao seu lado outros gigantes como o baterista Idris Muhhamad, os saxofonistas Bennie Maupin, Rudy Jones e Dave Hubbard tendo oferecido a sua visão de clássicos como “Eleanor Rigby” dos Beatles, “Sunshine Superman” de Donovan ou “Spinning Wheel” dos Blood, Sweat & Tears.



Estes álbuns, tornaram-se, graças aos seus acentuados grooves, poderosa funkyness e som orgânico (gravações de Rudy Van Gelder, pois claro), objectos de culto para produtores. Há até uma cena no documentário Beats, Rhymes and Life dos A Tribe Called Quest em que Q-Tip puxa da sua cópia de Drives e elogia o look de Lonnie Smith e depois mostra os breaks que o fizeram apaixonar-se pelo álbum. De “Spinning Wheel” vieram depois samples para “Can I Kick It?” e “Buggin’ Out”, pérolas do cancioneiro dos Tribe.

Tip não foi, no entanto, o único a descobrir ouro na mina de gravações de Lonnie Smith. Dos Wu-Tang Clan a Madlib, de Smino a Brand Nubian e de Drake a Nightmares on Wax foram inúmeros os artistas que encontraram loops significantes na discografia do mestre organista.

Dr. Lonnie Smith manteve-se ultra-activo até ao final, tendo registado cerca de três dezenas de álbuns como líder, o último dos quais, Breathe, trabalho produzido por Don Was e lançado pela Blue Note já este ano.


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