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Publicado a: 10/07/2015

Dotorado Pro: o prodígio da Enchufada

Publicado a: 10/07/2015

 

[FOTO] Francisco Henrique Melim

 

Há uma distintiva tranquilidade em Dotorado Pro diante da câmara. Ou diante do computador quando está em palco a trocar as voltas aos MP3s que utiliza para animar cerca de uma centena de pessoas presentes no Global Village. A postura é exactamente a mesma. O próprio discurso é descomprometido, nivelado e ameno, uma característica nem sempre palpável num jovem de 17 anos. Ou num rapaz que produz uma suada faixa como “African Scream” e é desde logo captado pelo radar da Enchufada e dos DJs e produtores da cena afro-house luso-africana e da batida de Lisboa.

No estúdio Metal Box, no Village Underground, Lisboa, Valdano Silva, nome próprio, nascido em Angola, criado em Setúbal, recorda o momento em que primeiro montou umas produções no FruityLoops, influenciado pelos irmãos. E, como todo o produtor, começou por criar ruído, distorção, até que os sons ganharam harmonia, o interesse tornou-se paixão e, por arrasto, a evolução – “se for para falar disso, nem sei como cheguei até aqui” – aconteceu com naturalidade.

Como sub-17 que é pertence à geração que já nasceu ligada à internet. Dotorado Pro mantém o hábito de partilhar no SoundCloud as malhas que vai produzindo, aproveitando-as para tocar na noite ou “curtir em casa”. Ou seja, o acto de produção é ainda muito pessoal para Valdano Silva. Só que “African Scream” tudo mudou. Uma marimbada tropical que já soma mais de 470 mil escutas e adquiriu uma segunda versão e outra em modo kizomba. Um hype que certamente lhe engordou os cliques nas suas produções: descendo pela sua página SoundCloud vemos muitas músicas com dezenas de milhares de escutas registadas.

A Enchufada, editora dedicada às progressivas sonoridades de influência africana, viu em Dotorado Pro um diamante em bruto, editou “African Scream” e colocou o rapaz sob os holofotes de publicações como a Thump (pertencente à Vice). “Chamam-me rapaz prodigioso, não entendo porquê, mas sinto-me elogiado”, diz, do topo do seu humilde discurso, de quem só queria fazer música para “curtir em casa”.

Sem planos nem projectos de futuro nem pressões da Enchufada, Valdano Silva apenas se concentra em continuar a fazer música e a seguir o seu próprio caminho. O futuro está diante dos seus olhos e nós temos diante de nós mais um produtor a colocar Lisboa e a sua música nas bocas do mundo.

 

 

*O ReB agradece ao estúdio Metal Box e ao Gustavo Rodrigues pela cedência de espaço para a realização desta entrevista.

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