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Publicado a: 18/10/2017

DJ Yoke: “Quero sair da sombra na qual os DJs de hip hop em Portugal são colocados”

Publicado a: 18/10/2017

[ENTREVISTA] Rui Miguel Abreu [TEXTO] Alexandre Ribeiro [FOTO] Direitos Reservados

DJ Yoke lançou Elephant and Castle, o seu primeiro álbum, no início de Outubro. DJ Nel’Assassin, Diogo Divagações – o único rapper no alinhamento – , Bruno Margalho e Mr. Razor são os convidados do artista que actualmente reside em Londres.

“Não tenho medo de disputar battles com ninguém”, diz Yoke na apresentação ao Rimas e Batidas. E, mesmo sem ele nos dizer, nós sentimos essa fome e vontade de “atacar” o ritmo, o groove e o scratch em cada faixa do longa-duração de estreia.

O Rimas e Batidas esteve à conversa com o DJ, que já conta com uma carreira com mais de 10 anos, e falou sobre a influência da capital britânica na sua música, o processo criativo que levou ao primeiro LP ou a música que tem rodado no seu iTunes.

 



Para quem não te conhece, queres começar por te apresentar?

Sou o Yoke, adoro os meus gira-discos e sou DJ de turntablism há mais de 10 anos. Já ganhei o DMC Supremacy e não tenho medo de disputar battles com ninguém.

Quem chegar à tua página de Bandcamp encontra já um número considerável de títulos: queres guiar-nos por aquelas edições? Até porque apresentas Elephant and Castle como o teu primeiro álbum…

Muito resumidamente, tenho a minha primeira mixtape de originais, alguns EPs e DJ Tools. Já não editava nada de originais desde 2014, acho eu. Elephant and Castle é, sem dúvida, o meu primeiro álbum. O processo de concepção durou um ano e meio a realizar e foi pensado como um álbum desde o início. Tem 16 músicas com quatro participações. Já tinha participado em projectos com o mesmo ideal, mas eu não era a figura central. Aqui sou eu quem dita as regras.

Acho que não estão todas as edições no Bandcamp. Faltam ainda as parcerias com MCs.

O título do teu álbum de estreia refere-se obviamente a uma zona de Londres, onde actualmente resides. O que é que te levou até à capital britânica: a música? O trabalho? As duas coisas?

Acho que foi o destino. Eu vim para cá em Outubro de 2015 para ver o DMC World e tinha um bilhete de ida e volta e acabei por ficar por cá. Agendei uma entrevista de trabalho na minha área, que é a Topografia, correu bem e fiquei por aqui. Já tenho uma residência mensal para tocar, tenho feito festas privadas e ando a expandir a minha rede de contactos por cá.

De que forma é que a tua experiência londrina tem influenciado a tua criação musical?

Mudei a forma de criar e gravar, agora utilizo um pedal para criar as camadas de som que quero introduzir nas músicas e desta forma permite-me também fazer tudo em live act, uma espécie de one man show. É um processo que se utiliza muito por cá.

Tens visto concertos? Comprado música? Venues e lojas favoritas e porquê?

Vou começar pela última: a minha loja favorita é a RatsRecords. É perto de minha casa, é pequena, tem preços muito porreiros e tem muito hip hop e DJ Tools em segunda mão. Existe um mercado que só funciona aos domingos em que encontras muito vinil baratíssimo. Da próxima vez que vierem cá, tentem vir a um domingo! Deste mercado não dou o nome, mas posso mostrar se vierem comigo!

Concertos tenho visto tanta coisa e tenho faltado a tanta coisa que é um crime, mas existem alturas em que tens que escolher o queres mesmo ir ver. Fui ver na semana passada DJ Shadow e foi incrível. RTJ, Alltta, Flying Lotus, muita coisa conhecida e, por vezes, vou parar a sítios que tem bandas menos conhecidas, mas que são sempre interessantes de descobrir.

Podes falar-nos dos convidados que escolheste para o teu álbum?

As colaborações foram todas idealizadas desde início e acabaram por se concretizar. Com o NelAssassin gravei um hino em Londres. As outras foram à distância. O Diogo Divagações é o único rapper no projecto. Ouvi o trabalho dele no ano passado e fiz o convite, o Bruno Margalho é saxofonista profissional e um amigo meu. Gosto muito da vibe dele. O Mr Razor é um DJ que tem evoluído muito no turntablism. É um hip hop head e acho que a música pedia alguém como ele.

Como vês a música que assinas em Elephant & Castle? É hip hop e algo mais? O scratch continua a estar no centro, ou a produção em si assumiu outra relevância?

O scratch e o drumming são a arma e a base de Elephant and Castle o que significa que o meu álbum pode estar na prateleira do turntablism e, por consequência, na do hip hop e electrónica.

Que música, para lá daquela que imaginas e crias, tem concentrado a tua atenção nos últimos tempos?

Tanta coisa, os nomes mais ouvidos no meu iTunes neste momento são Birdy Nam Nam, RTJ, Allta, DJ Shadow, Dre, Lamar, 9 O’Clock. Ando a ouvir o ultimo álbum de Dizzee Rascal, Raskit, que anda em loop no meu carro

Continuas a manter ligação à cena portuguesa? Como é que a sentes, à distância a que te encontras?

Tenho gravado algumas linhas de scratch para rappers em Portugal, mas estou mais focado em mim. Andei muitos anos a trabalhar para os outros. Quero sair da sombra na qual os DJs de hip hop em Portugal são colocados.
Foi por isso que também criei o álbum Elephant and Castle.

Planos para os próximos tempos?

Continuar a ser feliz e ter condições físicas para mexer nos gira-discos!

 


https://www.youtube.com/watch?v=1xeoMRJjdjs

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