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Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 24/10/2023

O set que valeu a vitória pode ser visto no YouTube.

DJ Ride conquista nova prova internacional: “Estes campeonatos ajudam a elevar a fasquia”

Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 24/10/2023

DJ Ride voltou a ser vitorioso numa prova internacional. O DJ e produtor português, natural das Caldas da Rainha, conquistou a primeira edição da categoria Party Rocking da IDA a International DJ Association. 

Depois de passar uma primeira eliminatória, onde ficou em segundo lugar, na final conseguiu bater todos os concorrentes com um set crossover que o levou a cruzar hip hop, rock n’ roll, música brasileira ou electrónica, de “Hit The Road Jack” a The Chemical Brothers, passando por Kasabian, Blur ou The Prodigy.

O set pode ser visto online a competição aconteceu em formato digital, à distância e DJ Ride vai à Polónia em Dezembro, na altura do campeonato mundial, para receber o troféu e reunir-se com a “família do turntablism e do scratch”. O Rimas e Batidas colocou umas questões ao músico português sobre esta nova conquista.



Esta categoria é nova, foi uma estreia absoluta. Pareceu-te logo um bom desafio?

Sim, claro, e ao mesmo tempo quase que estive para não entrar. Porque não tinha muito tempo para preparar uma coisa em condições. Tinha só um mês, porque estava ocupado a fazer produções, tinha muito trabalho para acabar, mas a organização já me tinha dado a dica de que iriam fazer uma categoria de Party Rocking, mais open format… É um bocado no seguimento do Red Bull 3Style, que foi um campeonato gigante mas que entretanto já não é feito… Foi uma pena, morreu mesmo. Por isso, fiquei muito contente, porque isto dá outra vez uma plataforma para os milhares de DJs que tinham uma esperança e uma montra na cena da Red Bull. Achei interessante que a IDA pegasse neste formato. Não sabia se iria ter tempo, mas fechei-me um mês e tal, peguei nalgumas ideias antigas, uma coisa ou outra que até já tinha usado, e depois foi dar o litro e correu bem. É uma categoria que tem muito potencial para crescer.

Até porque, como estavas a dizer, este tipo de categoria tinha sido deixada um bocado em aberto com o fim do Red Bull 3Style. 

É, foi mesmo uma pena. Há montes de DJs que falam disso, que já não têm uma plataforma para mostrar o seu trabalho. E houve cerca de 40 pessoas, do mundo inteiro, nesta primeira edição, o que é muito bom para uma organização mais independente, sem ter assim uma grande marca por trás. As pontuações também foram um pouco taco a taco, fiquei a pouca distância do mexicano [DJ Jimmix]. A minha DJ preferida foi a Talisa [da Indonésia], até pensei que pudesse ser entre mim e ela, mas o mexicano acabou por ficar em segundo, estava muito forte. Nunca deixei a cena dos campeonatos de parte, tenho muitas ideias na cabeça que quero concretizar, vi aqui uma oportunidade e no futuro até quero entrar outra vez em cenas mais técnicas. Porque é um bichinho… Acho que tenho mesmo aquele espírito de b-boy dentro de mim, é um bocado como na cena do breaking [risos]. Sei que música não é competição, mas estes campeonatos ajudam a elevar a fasquia e a aprimorar as técnicas e mostram o nosso trabalho a mais pessoas. A minha vida e a do Stereossauro mudaram quando ganhámos os campeonatos. Por isso, é super importante e também quero continuar a representar Portugal e levar o nosso país a estes eventos. 

Como ganhaste a primeira edição, certamente que isso também te dá uma motivação extra para continuares.

Claro que sim! Agora, o Party Rocking, honestamente, não é algo em que eu esteja musicalmente muito focado. Porque as minhas últimas produções têm sido cenas lá fora, na label dos Noisia, na do RL Grime, o Skrillex também passou um som meu numa onda mais drum and bass… Ou seja, a minha produção ultimamente tem sido muito específica, mais virada para a electrónica e a bass music. Nestes campeonatos, mesmo o da Red Bull 3Style, aquilo que por vezes me chateava era que eu tinha de me adaptar e passar muita música mais comercial que já não é o que eu sinto… Então, mesmo aqui neste Party Rocking, usei coisas um bocadinho mais comerciais que já não são o que eu passo, já não é o meu core, mas uma pessoa facilita… O mexicano, por exemplo, passou três ou quatro músicas do Michael Jackson e cenas assim. Ou passar reggaeton… Isso para mim é impensável, não estou de todo para aí virado. Então, se calhar, agora nos próximos vou-me focar mais no scratch e na parte técnica, talvez não faça esta do Party Rocking.

Até porque a conquista já está feita.

É, exacto! E não quero cometer erros do passado. Por exemplo, eu e o Stereossauro quando ganhámos em 2011 fomos defender o título em 2012 e foi um fail [risos]. Porque, de um ano para o outro, ou estás 10 vezes melhor ou então… Já não estou com essa cena de voltar a defender o título. Agora poderei entrar noutra categoria, mas repetir a mesma… para já não [risos].

Esta prova foi feita online. Suponho que, para ti, seja muito diferente participar desta forma ou ao vivo.

É bastante, sim. Por um lado, é mais difícil porque acabas por estar a competir com mais pessoas. Por exemplo, quando estivemos nos mundiais, nunca houve mais do que seis, sete ou oito equipas na final. Aqui são muito mais. No 3Style houve um ano em que competi com quase 200 pessoas. Então, online estás no conforto da tua casa, a gravar um vídeo, podes fazer montes de takes, mas por outro lado estás a competir com miúdos que estão a gravar do outro lado do mundo com uma GoPro, é muito transversal… Por outro lado, falta aquela emoção e o calor humano, e também acho que ao vivo iria notar-se muito a experiência em palco. Aí também poderia ser uma coisa que iria jogar a meu favor, por a minha experiência ser maior. Por isso, acho que será bom passarem esta categoria, em princípio para o ano, também para presencial. Porque aí podes ver a reação do público, as pessoas a gritarem, os enganos, o nervosismo, o suor…

Só a questão de ser ao vivo, e sem takes repetidos, muda tudo, não é?

Sim, para este set gravei para aí uns 10 takes, durante dois dias, fora os ensaios! Devo ter feito este set 200 ou 300 vezes, é um bocado diferente. E a cena do calor do momento pode jogar a favor ou contra ti, mas sinto falta daquela adrenalina e é algo que me vai fazer querer voltar a entrar nos campeonatos. Lá está, é o meu espírito de b-boy que não sai daqui de dentro [risos].


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