Cala Boca marca a estreia em disco de HelvioFox, jovem talento da batida de Lisboa, numa edição da Kubico Records, que integra o ecossistema Receba So. São cinco faixas de batidas quentes e suadas, num registo bastante cru que evoca as raízes do género.
Nem por acaso, Helviofox cresceu na Quinta do Mocho, bairro do concelho de Loures que se tornou num dos principais epicentros deste movimento. É o sítio a que Marfox, Nervoso, Firmeza ou os Studio Bros, entre vários outros, chamam casa.
A influência e a presença desta música, portanto, era expectável para um jovem de 18 anos, já criado numa altura em que o movimento borbulhava para lá das fronteiras deste e de vários outros bairros e chegava aos clubes do centro de Lisboa e a metrópoles europeias como Paris, Londres ou Amesterdão. Além disso, Helviofox é o terceiro numa família de origem angolana de DJs e produtores ligados à batida, tendo Dadifox e Erycox como irmãos mais velhos.
“Comecei desde pequeno, quando tinha nove anos”, explica ao Rimas e Batidas. “Comecei por fazer no telefone, mais as cenas de DJ, mas era difícil. Depois, no computador, foi mais fácil aprender. Em termos de produção, comecei a levar as coisas um pouco mais a sério a partir de 2018. Mas desde casa até à rua, esta música sempre esteve à minha volta.”
Cita Vanyfox como a sua principal referência e diz gostar de tudo um pouco no que toca às estéticas sonoras desta batida influenciada pelo kuduro, kizomba, tarraxo e diferentes sonoridades electrónicas. Cala Boca demonstra essa apetência por diferentes registos, com “Summer in Lisbon” a representar a principal carta fora do baralho, sendo uma faixa mais relaxante com sabor a pôr-do-sol de Verão.
“A minha música tem a minha personalidade e os meus sentimentos. A maioria tem aquela vibe mais festiva, mais Boiler Room, mas tenho outras mais relaxantes e chill em termos melódicos, que as pessoas podem ouvir no dia-a-dia, sem ser em festas. Gosto de tudo um pouco.”
Os temas não estavam planeados para integrarem um disco, mas acabaram por ser seleccionados para o seu EP de estreia. “Fiz os beats só por fazer e depois é que surgiu a ideia de os juntar num EP. Então fui seleccionar beats que já tinha no PC. Acho que já estava na hora, para poder expandir mais o meu trabalho.”
Começou a passar música regularmente no ano passado, tendo já passado pelo Musicbox, B.Leza e Village Underground Lisboa. “O meu maior sonho é tocar com as pessoas que cresci a ouvir e em festivais grandes. Esse é o objectivo. Adorava tocar no Boiler Room, é o projecto que me chama mais a atenção.”