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Fotografia: Calif Ferreira
Publicado a: 02/04/2022

Em órbita.

Dillaz e uma ida até ao Oitavo Céu: a apresentação diferenciada no Planetário de Lisboa

Fotografia: Calif Ferreira
Publicado a: 02/04/2022

As portas do Planetário de Marinha, em Lisboa, abriram-se esta quinta-feira, dia 31 de Março, para uma audição exclusiva do novo álbum de Dillaz, Oitavo Céu, o primeiro distribuído pela Sony Music Portugal, numa performance que foi a primeira do seu género no espaço, que abre agora a porta às artes, e para um público bastante distinto do habitual. A juventude manteve-se, mas desta vez a única estrela que nos interessava ver na cúpula era um rapper “nascido no Zambujeiro, desenvolvido na Madorna”. 

Oitavo Céu, entretanto já disponível em todos os serviços de streaming, conta com um total de 12 faixas onde se incluem os singles previamente lançados: “Maçã”, “Juvena”, “Galileu” e “Conto”. Já o fio-condutor entre as faixas, leve mas indelével, parece ser o espaço e o cosmos, aqui explorados de forma a não deixar ninguém indiferente. Para além do próprio Chapz, os créditos reúnem nomes como Monksmith, Here’s Johnny, Spliff, Henrique Carvalhal, Claudio Vercetti, Goiás, Addário, Jay Black, Ricardo Estevão e Ozo.

Para celebrar a data especial, o artista rodeou-se de amigos e família, para além da imprensa, alguns fãs e vários colegas de profissão, como os Wet Bed Gang, Richie Campbell, Plutonio, entre muitos outros. O ambiente era jovem, agradável e do mais diverso possível onde a curiosidade era comum a todos os presentes. É que por um lado o MC não nos trazia um álbum novo desde 2016, por outro o Planetário, conhecido das visitas de estudo da maioria dos estudantes lisboetas, não é um lugar que se tenha associado previamente à música e à cultura hip hop. Mas a nova tecnologia instalada durante a pandemia permite agora projectar qualquer conteúdo na cúpula icónica para um efeito especial, dotando o Planetário com a capacidade para realizar mais eventos do género.



De qualquer forma, o foco era outro e foi mesmo assim, deitados em cadeiras reclinadas, prontas para contemplar o tecto que serve de tela, que a plateia de cerca de 150 pessoas assistiu ao inovador espectáculo de som e imagem. Lá em cima foi possível assistir a videoclipes (realizados por Madeinlx e Diana Antunes) e representações do espaço em 3D escolhidas especificamente para aconchegar as composições de Dillaz — e apresentadas, claro, pelo bem-disposto comandante João Silva Ramos.

Quanto à música, acreditamos que a qualidade do som não serviu para potenciar o que ouvimos — os graves precisavam de outro sustento –, mas é inegável que a arte de Dillaz continua a evoluir. Conhecido pela rima fácil e punchlines e trocadilhos poderosos, o rapper trouxe-nos produções ambientais (“Interlúdio” é um excelente exemplo disso), cadências drill (“Papaia”) e a mesma energia de sempre no que toca nas estocadas finais dos versos. Sem nada para provar, Dillaz parece, por vezes, ter deixado ficar menos em evidência a técnica hipnotizante a que nos tinha habituado com a sua entrega e segue numa direcção mais estética — sem nunca perder a língua afiada (é fácil soltar uma gargalhada com “Pra que é que tu queres óculos escuros com essa sobrancelha que tens?”).

Deve também ser reconhecido valor claro ao conceito do álbum, que vai evoluindo faixa a faixa para algo que nos é mais familiar e termina em bom com três pontos altos: “Genebra”, que lida com assuntos do coração, “Faroleiro”, e “Avioneta”, que nos traz um recado do aposentado Allen Halloween. Nem o céu é o limite, confirmou-se.


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