pub

Fotografia: Jamal Nxedlana
Publicado a: 08/06/2022

Curandices sonoras.

Desire Marea: “O DESIRE ganhou forma durante um dos períodos mais solitários da minha vida”

Fotografia: Jamal Nxedlana
Publicado a: 08/06/2022

DESIRE, o seu álbum de estreia, foi editado, em primeiro lugar, de forma independente, captando depois a atenção da Mute — casa editorial de nomes como The Residents, Alessandro Cortini, Mark Stewart ou Swans — que se prontificou a reeditá-lo, amplificando dessa forma o seu alcance. Da África do Sul, ponto-de-partida físico e acelerador criativo, Desire Marea tem sido veículo para música (e não só) que tanto se aproxima da produção club mais desconstruída como da banda sonora de uma cerimónia espiritual — a busca passa por encontrar um som que sirva para se curar a si e aos outros.

Amanhã, dia 9 de Junho, regressa a Lisboa (a sua cidade favorita) para actuar no TBA, mas desta vez com o seu projecto a solo — já por cá passara enquanto parte de FAKA, dupla com Fela Gucci. Antes de mostrar aquilo que preparou com a banda Nezimakade, Desire respondeu a algumas questões do Rimas e Batidas. O que disse deverá servir com uma espécie de aperitivo para o espectáculo ao vivo.



Lançaste o teu álbum de estreia a solo pela lendária Mute. Já estavas a par do trabalho da editora?

Tem sido uma grande honra trabalhar com a Mute. Eles trabalharam com alguns dos meus artistas favoritos, que me moldaram enquanto crescia, por isso foi bastante gratificante quando se interessaram pelo meu álbum.

Como é que isso aconteceu?

Eu já tinha lançado o álbum DESIRE de forma independente e ele entrou miraculosamente no seu radar. Acontece que o meu manager Taylor também estava a falar com eles e a coisas alinharam-se. Quando assinámos, eles quiseram reeditá-lo.

Olhando para os créditos, podemos ver que é um trabalho bastante solitário. Podes falar-nos um pouco da criação deste disco?

Essa é uma escolha muito interessante de palavras, porque o álbum ganhou forma durante um dos períodos mais solitários da minha vida. Eu tinha muitas pessoas à minha volta, mas sentia-me isolado. É o tipo de isolamento que o teu espírito impõe quando estás no sítio errado.



Passaste de fazer parte de uma dupla para trabalhar a solo. Como tem sido a transição?

É uma experiência diferente.

Há mais liberdade ou a maior responsabilidade acaba por enfraquecer isso?

Existe muita responsabilidade, mas estou a desfrutar da liberdade, da convicção e dos vários degraus de indulgência, do ego e do espírito, que me ajudaram a encontrar a minha voz.

Bem, tu vais actuar em Londres num festival que, este ano, é programado pela Grace Jones. Ela foi uma inspiração para ti enquanto crescias ou apareceu mais tarde na tua vida?

Ela é, definitivamente, uma das minhas inspirações. Era obcecado por ela quando eu era adolescente — e ainda sou obcecado agora. O compromisso dela com o ofício é o que admiro mais.

Como é que ela te inspirou?

Eu costumava aquecer para performances a ver diferentes versões da sua performance da “Slave to the Rhythm“. Podes imaginar o quão entusiasmado estou por ser parte do cartaz deste festival.

Completaste a formação para te tornares num xamã/curandeiro em Agosto passado. Como é que isso informa as tuas performances ao vivo? Cruzam-se ou separas as duas coisas?

Cruzam-se sempre. Eu não seria capaz de separá-las, mesmo se quisesse. A cura é parte da minha música e música é parte do meu processo de cura.


pub

Últimos da categoria: Entrevistas

RBTV

Últimos artigos