10 anos após o lançamento do EP Angorá, Denise apresenta o seu primeiro (e talvez último) álbum. Mogno, assim se chama, foi editado de forma independente a 7 de Novembro e é um disco gravado com Zé Menos em que a cantora soul portuense — que sempre se movimentou no circuito do hip hop tuga — canta sobre instrumentais de Tayob J., TANB, Lirys, Ruca SementeNegra, Pimenta, TK, Composto e DJ Fellaz.
Canções inquietas e pessoais, sobre amores ou transformações, feitas de refrões, coros e silêncios. O Mogno do título evoca uma densidade, resistência mas também elegância desta madeira de que é feita a secretária em que o disco foi escrito — mas que, na capa, é representada como uma cadeira. O álbum tem uma edição física limitada, de 100 unidades, e já pode ser ouvido nas plataformas digitais.
Em entrevista ao Rimas e Batidas, Denise abre o jogo sobre Mogno — e adianta-nos, desde já, que 2026 traz uma segunda edição da mixtape Hellas, com a participação de mais de 20 artistas.
Passaram 10 anos desde o EP Angorá. Há quanto tempo começaste a trabalhar no Mogno?
Olha, este álbum basicamente apanhou três fases da minha vida. Foi a fase em que o construí, a fase em que estava grávida e a ultimar as coisas, e depois arrastou-se um bocado mais. Então, só o finalizei mesmo depois de a Carlota ter nascido. Portanto, isto já começou, talvez, há dois anos. Obviamente que o meu intuito era lançar este álbum ainda grávida. Mas não aconteceu porque há sempre aqueles atrasos. Então, arrastou-se para este momento e acho que foi por algum motivo, não é? Na verdade, estou muito feliz por estar a conseguir conciliar isto com a maternidade. Preparei-me para o contrário, por isso é que queria que o álbum andasse e que saísse antes de a Carlota nascer. Porque achava que não iria conseguir fazer mais nada, a não ser ser mãe e ter o meu trabalho normal. Felizmente, percebi que dá para conciliar e estou muito feliz por isso. Também tenho feito algumas coisas na base do spoken-word, na Feira do Livro, etc. Portanto, estou convicta de que vou conseguir também fazer um ou outro concerto relativamente a este álbum.
Claro. Já tens alguma actuação marcada?
Não, deveria ter pensado nisso antes, mas como foi um trabalho muito solitário, basicamente esqueci-me dessa parte. Deixei para depois. Pronto, estou agora a pensar sobre isso. Se fizer sentido, faço. Se não fizer sentido, não faço. Estou tranquila quanto à apresentação. Óbvio que gostava de tocar este disco ao vivo. Mas vamos ver o que é que surge.
Voltando a esse ponto de partida de há dois anos, quando começaste a fazer este disco, esse momento em específico levou-te a querer fazer este disco por algum motivo ou simplesmente estavas a sentir falta de lançar alguma coisa?
Ao longo deste tempo fui lançando singles. E tinha muita coisa de avanço preparada, composta, construída. O disco acontece muito por culpa do Zé Menos, porque estava a trabalhar com ele, era com ele que estava a gravar, a misturar, todas essas coisas. E ele disse-me: “Denise, acho que fazia sentido pegares em algumas destas faixas, mais outras que tens prontas para gravar, e construir um álbum com isso, porque fazia todo o sentido”. E eu pensei: “Acho que nesta altura já não faz muito sentido lançar álbuns, a malta está a lançar EPs ou singles.” E ele disse: “Mas eu acho que fazia sentido para ti”. Como também vou muitas vezes contra o ciclo, vim para casa a pensar nisso. “Não, acho que ele tem razão, vou fazer isso, vou fazer um álbum.” Foi assim que ele nasceu, sem ter sido pensado.
Sendo assim, várias destas canções já existiam antes da ideia do álbum. Quando olhas para o disco como um todo, em retrospectiva, encontras e identificas elementos em comum entre os temas? Consegues pensar no disco como um todo, pelo menos agora em reflexão?
Sim, consigo olhar para o Mogno e ver de facto o disco como um todo. Mas nem todas as faixas têm um ponto de ligação. Há uma que se chama “Purgas”, está a meio do disco e funciona quase como um skit. É uma música muito curta, em que eu gostava de ter preparado esse skit de outra forma, mas quando a construí a gravei ficou assim, porque ela era para ser prolongada. Por obra do Espírito Santo, não sei porquê, ficou assim. E faz todo o sentido, porque há um antes e um depois dessa faixa. Tudo o que está para trás são temas mais antigos que já estavam construídos. Depois da “Purgas”, e incluindo a “Purgas”, foi a parte mais recente da criação. Portanto, há e não há um fio condutor entre essas faixas. Mas a verdade é que os temas abordados continuam a fazer todo o sentido como um todo no álbum, a fazerem parte de uma obra só.
E como é que aconteceu o processo criativo destas canções? Foste recolhendo instrumentais dos produtores, depois foste cantando e escrevendo por cima?
Sim, é sempre esse o meu ritual de criação. Recebo os instrumentais, vou escolhendo aqueles de que gosto, e depois imagino uma história, ou vejo para onde é que me transportam esses instrumentais e sento-me à mesa a escrever, a cantarolar. O processo é sempre esse. Não consigo escrever num instrumental que eu não sinta, que não me despolete emoções e que não me leve para outro lugar. E a criação foi muito distante, ou seja, não me sentei com nenhum produtor a construir o tema. Foi muito solitária, no sentido de eu criar tudo isto sozinha. Fiz as letras e enviava as demos para os produtores, para percebermos se estávamos alinhados. Há apenas um tema em que construí a melodia em teclas, numa MPK pequenininha que tenho, e enviei para o DJ Fellaz e ele construiu o resto do instrumental a partir dessa base. Porque gostava muito daquelas notas e gostava de ter uma intervenção mais directa. Ele depois construiu o tema à volta daquilo e eu fiquei muito orgulhosa de ter tido uma cota-parte na composição instrumental. Mas com todos os produtores com quem trabalhei foi sempre à distância, entre muitos áudios, chamadas, textos… E depois tive sempre a opinião do Zé Menos. Porque uso muitos coros neste disco, muitas harmonias, então pedia sempre a opinião dele, porque acho necessário termos uma opinião externa e não sermos “gulosos” no nosso trabalho. Ele ajudou-me bastante nisso e deu-me opiniões que considero muito válidas, muito importantes e que acho que enriqueceram este trabalho.
E como é que começaste a colaborar com ele desta forma mais próxima? De ele estar a acompanhar o processo inteiro.
Já nos conhecemos há muitos anos. Ainda ele tinha o nome de Kap, enquanto rapper. E somos quase vizinhos, o que é uma coisa maravilhosa. Tirando o Tayob, que é outra pessoa muito próxima com quem trabalho — só que ele está em Lisboa e eu estou cá em cima — o Zé Menos foi a pessoa que disse “vem gravar aqui”, porque eu andava à procura de um estúdio para gravar de forma mais recorrente. O Zé Menos tinha um estúdio aberto, então comecei a trabalhar com ele e a identificar-me muito com a forma como me sentia a gravar. Não havia o factor vergonha, não havia o factor de estar um bocadinho mais tímida. Estava à vontade com ele, perfeitamente à vontade. E comecei a perceber que ele acompanhava muito a estética sonora que tenho. Trocávamos muitas ideias e comecei a perceber que muitas das coisas que ele me dizia faziam sentido, porque estávamos alinhados. E pronto, além de ser meu amigo, é um profissional, um artista extremamente talentoso. Não se cinge ao rap, ele tem um cenário muito mais alargado. E identifico-me também muito com o trabalho dele, gosto muito daquilo que ele faz enquanto artista, gosto muito dele enquanto pessoa e amigo. Então foi juntar todas as coisas boas no mesmo lugar. Estava no meu habitat, sentia-me mesmo eu própria. Gostava de desconstruir o tema com ele e ele gostava também de fazer isso comigo. Não é qualquer pessoa que o faz. Então pronto, era mesmo juntar o útil ao agradável e estarmos ali os dois numa sessão sem horas a trocar ideias. Foi muito bom trabalhar com ele.
E como é que te ligaste aos produtores a quem foste recolher os beats? Foste recolhendo instrumentais, ao longo dos últimos anos, e escolhendo aqueles que te diziam algo? Também são produtores bastante diferentes entre si.
Exacto, são nomes muito diferentes. Tanto há beatmakers do Norte como de Lisboa — neste caso, o Tayob, o DJ Fellaz, a Lirys, que é a única mulher a participar com o seu instrumental no meu disco e que até passou a ser o single… São pessoas do meu círculo próximo, digamos. O TK é um produtor exímio, aprecio imenso o que ele faz. É extremamente talentoso e, acima de tudo, uma pessoa muito agradável com quem se trabalhar. O Composto é outro produtor exímio também, com produções que vão muito ao encontro da minha sonoridade. Aliás, há um tema dele que foi desconstruído pelo Tayob e feito de forma mais orgânica, porque, lá está, houve aqueles percalços de perder as pistas, de já não ter o projecto inicial. Então, tentámos resolver as coisas de outra forma e o Tayob deu-lhe ali um arranjo e fez um remake que tornou a música mais orgânica. Mas o Composto é um dos melhores produtores que Portugal pode ter no âmbito do rap. O DJ Fellaz é uma pessoa com quem trabalho recorrentemente, que também entende muito a linha que procuro. Neste caso, a participação dele foi mais uma colaboração comigo e fazer cumprir o meu desejo. E o Tayob é o meu amigo de sempre, é família. Portanto, ele participou nesse sentido de fazer o remake. Trabalhei também com o Pimenta, um produtor de Braga; com o TANB, com quem colaborei na minha primeira mixtape enquanto rapper e desta vez colaboro com ele enquanto produtor; e o Ruca SementeNegra… Esta colaboração foi muito engraçada. O Ruca é um rapper e produtor do 2º Piso e eu vi, sem querer, um instrumental dele no Instagram e fui falar com ele. “Olha, gostei muito do teu instrumental, não sei como é que trabalhas, se o facultas, se trabalhas em colaboração…” E ele disse: “Podes ficar com o beat, mas quero ouvir primeiro”. Foi engraçado porque foi o primeiro produtor que me pôs assim à prova. E eu achei isso espectacular, foi ainda mais o peso da responsabilidade. “Gosto mesmo deste beat, quero mesmo usá-lo, portanto vou mesmo dar o meu melhor.” Daí nasceu a “Luz Negra”, que até foge muito à minha estética, porque também às vezes gosto de me desafiar. É muito electrónico e de facto foi um desafio mesmo acrescido. Depois mostrei-lhe e ele gostou, foi um alívio para mim.
Quando falamos de letras e de temáticas, há temas que invariavelmente estão sempre mais presentes, mas também, obviamente, as abordagens que se fazem nesses temas vão mudando. Até à medida que um artista vai evoluindo e amadurecendo, traz novas coisas para cima da mesa. Quando olhas para este disco nesse sentido, e até em comparação com o que fizeste antes, o que é que sentes que mais exploraste de diferente aqui, nesse campo mais lírico e da voz em si?
Sempre gostei de músicas em que pudesse cantar e elas próprias terem ar, respirarem. E, desta vez, pelo menos em duas ou três faixas, uso muitos coros, onde deixo a música respirar, deixo as pessoas poderem pensar um bocadinho sobre o que é que a música fala, para onde é que aquilo as leva. Isso foi uma das diferenças. Outra foi transportar para aqui algumas histórias que me contavam. Portanto, este álbum não só é meu, como é das minhas pessoas próximas e das histórias que me contaram. E também há aqui uma outra abordagem, um bocadinho mais fora daquilo que é o meu normal: incluo histórias de amor, como é normal e próprio do meu trabalho, mas abro o disco logo com um tema que é muito transcendente, espiritual, vai para um outro caminho. Vocalmente é o meu costume, mas a nível de história não é. Talvez as pessoas ao pesquisarem pelo título percebam logo o que quero dizer, porque à partida quem ouve sem saber o que o título quer transmitir pensa que se calhar é mais uma história de amor ou algo do género, e não é. Assim, sinto que tive uma ligeira diferença nas minhas interpretações, na minha escrita, acho que está mais madura, de facto. E lá está, eu sou muito pelo mood…
Do instrumental?
Exactamente, o instrumental é que me guia. E eu até posso imaginar a história, mas depois vou ter que encontrar ali as palavras indicadas para abordar aquela temática. E, depois, há histórias que eu gostava de abordar, mas que sinto que a minha interpretação não o permite. Há músicas em que também arrisco um bocadinho mais, vou mais aos agudos. As pessoas identificam-me muito com aquele tom mais grave, melódico, não monocórdico, mas mais baixo. E aqui há uma música ou outra em que arrisco mais lá para cima. Sinto-me confortável. Desta vez pensei muito em como é que seria ao vivo. Porque houve músicas que construí no passado que, depois, ao vivo, não me permitiam estar à vontade com elas. Uma coisa é estar à vontade no estúdio, onde não há os nervos a implicar, não há a preocupação, não há o pensar na respiração. No estúdio estás à vontade. Estás ali, se tiveres que gravar outra vez gravas. Ao vivo não é assim. Então desta vez tive mais esse cuidado para que depois ao vivo não ficasse pelo caminho.
E houve faixas que ficaram de fora?
Sim, há duas faixas que ficaram de fora. Porque também não ficaram prontas a tempo. Então ficaram ali guardadas, mas não tenciono mantê-las na gaveta. Vão ser preparadas para o futuro. Se fizerem sentido, depois lanço. Não gosto de ter músicas na gaveta. Porque quando as faço, faço com um sentido. E só mesmo se deixarem de fazer sentido para mim…
Nos últimos anos tem havido uma vaga considerável de artistas a fazer neo-soul. Mesmo que não sejam as tuas principais referências, os nomes com que cresceste a ouvir, também são artistas que te inspiram? Essa linguagem mais contemporânea deste género influencia-te?
Sim, eu não coloco bloqueios no que escuto. Quando gosto, escuto e consumo bastante, e aquilo vai tornar-se uma influência. Somos sempre influenciados por aquilo que está à nossa volta. Continuo a escutar as minhas referências mais antigas, mas também gosto de estar a par do que é que se passa e há coisas muito bonitas a serem feitas e a serem lançadas. Como também há outras que não me dizem rigorosamente nada. Acabo sempre por ser um bocadinho influenciada por essas tendências contemporâneas. Não estou sempre em cima do acontecimento, porque nem sempre tenho tempo para isso, mas gosto de escutar coisas em playlists random, com influências de rap e soul, e às vezes há coisas que me chamam a atenção. Noutro dia ouvi não sei quantas vezes seguida o remix da “Girls Need Love” da Summer Walker com o Drake, por exemplo.
E também lançaste uma edição física do Mogno.
Sim, é uma edição de coleccionador de 100 unidades. Gosto sempre de fazer uma coisinha extra além do CD, então inclui um booklet à parte, onde tem a explicação do mogno enquanto matéria-prima, a explicação do Mogno enquanto álbum, um mini póster, um sticker recortável, um pin, uma caneta… E eu escolhi Mogno para título porque construí todo o álbum em cima desta mesa de madeira mogno. Decidi fazer uma homenagem ao local onde componho, onde escrevo as minhas coisas. Mas não queria a mesa para a parte visual, então, como tenho uma cadeira exactamente igual à da capa, onde gravei os reels para cada música, como a cadeira é constante nos vários visuais sugeri à ilustradora [Jumas]… “Eu compus tudo numa mesa, mas como não há grande coisa numa mesa para ilustrar, que tal uma cadeira?” Quando me apresentou a cadeira que desenhou, só lhe disse: “Tenho uma cadeira igual a essa”. Os astros estavam alinhados, “vamos embora, é a cadeira que fica.” Foi assim que nasceu a capa do álbum, muito minimalista, o verde é a minha cor favorita. Comecei com uma mixtape verde, termino com um álbum verde — porque já não tenciono construir mais nenhum álbum.
A sério?
Sim, estou mesmo a pensar não fazer mais discos. Possivelmente continuarei a fazer música, tenho essa vontade, mas não tenciono… A não ser que mude de ideias assim por completo, mas neste momento o meu sentimento é que é o meu primeiro e último álbum. O meu pensamento é complexo nesse sentido, muitas vezes sinto-me a nadar com tubarões no mesmo aquário e não gosto desse sentimento, sabes? Como eu construo a minha música de uma forma tão honesta, tenciono entregá-la de forma honesta e que seja recebida de forma honesta, sem grandes competições — ou melhor, sem competições. Não gosto de competir. E a indústria está-nos a levar muito por esse caminho, sabes? Os números, tens que fazer o que está nas tendências, porque se não não respiras aqui no meio, não tens espaço para ti, isto e aquilo… Isso aborrece-me, porque quando comecei a fazer música as coisas não estavam nestes moldes. Sei que as coisas evoluem, que se desenvolvem e mudam, mas não me revejo muito na forma como estão agora as coisas. Obviamente que lanço este álbum com muito amor e respeito por ele, porque não fazia sentido ser de outra forma.
E fazia sentido, olhando para o teu percurso, teres um álbum, não é?
Exactamente, é a alegria de agora ter um álbum no meu currículo. Há quem tenha dezenas de álbuns, mas eu não tinha nenhum e acho que faz sentido, pelo menos constar no meu trajecto musical. Daqui para a frente, de facto, não tenciono por causa disso, por não saber se terei disponibilidade de tempo, porque isto é exigente. Um álbum não se lança assim. Dá imenso trabalho, principalmente para uma mulher, trabalhadora, mãe, que está sozinha, sem uma equipa à volta. É tudo independente, portanto é cansativo e eu não sei se terei essa disponibilidade de tempo para fazer no futuro. Hoje é o meu pensamento, amanhã posso sentir-me mega revigorada, arranjar uma equipa incrível para trabalhar comigo e fazer um álbum. Mas acho que não vai acontecer, porque trabalho nas coisas de forma muito comprometida, mas de forma tranquila, sem grandes expectativas, sem grandes exigências. Algo que me satisfaça. Sem a malta a dizer que vamos fazer disto um hit, aquela sede de vencer… Eu não tenho esse tipo de abordagem. Ao menos cumpri um dos meus sonhos, que foi ter um álbum. Daí para a frente, vamos ver o que é que acontece.
Apesar disso, como dizes, continuas a querer fazer música e até tens feito, como também mencionaste, performances ligadas à spoken-word. O que é que gostavas mesmo de fazer no teu percurso artístico que ainda não concretizaste, agora que o álbum está lançado?
Uma vez fiz uma apresentação com banda e foi das coisas mais agradáveis, deixou-me super feliz. Tenho a vontade de tocar isto com banda outra vez, nem que seja de forma minimalista. Ainda há pouco tempo fui fazer a apresentação deste single acompanhada de piano. Três temas deste álbum — mais um tema bónus que não saiu — estão gravados e filmados em acústico, só com guitarra. Portanto, tenciono lançar isso num futuro próximo. E também fui muito feliz, as partes acústicas e orgânicas da música deixam-me bastante satisfeita, com muita vontade de explorar os temas até com uma outra roupagem. E os ensaios, o facto de estar a ensaiar, o facto de estar a desconstruir um tema para piano ou para guitarra, são coisas que me deixam muito satisfeita e quero efectivamente tocá-las ao vivo assim. É uma das coisas que me faltam fazer. De resto, sei lá, há colaborações que gostava de ter, não sei se algum dia virei a tê-las, mas que me deixariam muito feliz. Gostava muito de fazer músicas para outras pessoas, porque muitas vezes sinto que a parte de lead, de front, não me deixa assim tão satisfeita. É um misto. Sou muito feliz a fazer o que faço, mas antes de subir a palco passo muito mal, com os nervos… É a responsabilidade de não falhar. E muitas vezes sinto que isso exige muito de mim, saio muito esgotada. Muitas vezes penso: “Para que é que aceitei este convite? Estou a passar tão mal”. Eu aceito os convites com muito entusiasmo e depois quando chega a hora penso: “Para que é que aceitei?”. Então muitas vezes penso que gostava muito de criar para os outros. Não só escrever, mas criar mesmo melodicamente as canções para outras pessoas. Acho que era muito feliz a fazer isso e depois os outros faziam a cena live.