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Texto: ReB Team
Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 19/07/2022

O som a levá-la a sítios.

Débora King: “As minhas ideias sempre vieram pela intuição”

Texto: ReB Team
Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 19/07/2022

27 anos. A mãe é portuguesa, o pai é americano — ambos são cientistas. O piano é boa companhia desde os 12 anos e o jazz entra mais tarde na sua vida, em 2015. Esta é uma breve apresentação de Débora King, compositora e pianista (a residir em Lisboa) que acaba de lançar o seu EP de estreia, Forget About Mars.

Numa troca de e-mails com o Rimas e Batidas, King revela como tudo começou, a importância de nomes como Paula Sousa ou Filipe Melo para chegar aqui ou a sua forma de criar música.



Como é que a música entra na tua vida? E quando é que o jazz começa a ser a tua principal forma de expressão artística?

Quando era pequena, havia um piano vertical em casa da minha avó e dava-me imenso gozo brincar nele. Ela toca acordeão desde pequena e sabia algumas melodias no piano, que depois me ensinava. O meu tio também é guitarrista e introduziu-me à beleza de ouvir música. Ele sempre sacou muita coisa de ouvido e eu ficava espantada com isso. 

Aos 12 anos, cheguei a ter um ano de aulas de piano focadas na música erudita e na altura não gostei nada e acabei por desistir. Queria aprender música mais moderna que pudesse gostar de tocar. Acho que, um bocado por influência do meu tio, o que eu queria mesmo era ser uma estrela de rock. Ainda toquei guitarra a um nível mega básico e bastou-me uns acordes para começar logo a criar canções.

Só voltei a ter aulas de piano na adolescência e, uns anos depois, apareceu o jazz, que mudou a minha vida por completo. Comecei a ter aulas com a Paula Sousa, que foi a professora perfeita para mim na altura.

Quais são as tuas principais referências artísticas?

É uma pergunta difícil porque há imensas referências que me foram influenciando ao longo dos anos, mas destacam-se o Jean-Michel Basquiat, Brad Mehldau, Samora Pinderhughes, Mia Couto, Esperanza Spalding, Ingmar Bergman. A lista não tem fim.

Fala-nos um pouco sobre este teu EP de estreia: quando é que começas a trabalhar nele e que músicos são estes que convocas para te ajudar?

Eu já andava a acumular imensa música que, se não fosse gravada agora, nunca iria ser. Por isso, tinha a música, mas andava a adiar gravar porque queria sentir que estava em forma e a tocar bem, coisa que no jazz tem alguma importância. Até que comecei a ter aulas com o Filipe Melo, que me motivou imenso e acreditou no meu potencial. Ele ensinou-me que não vale a pena esperar pelo momento certo para fazer as coisas acontecer. Se não fosse ele, nada disto teria acontecido.

Os músicos são todos da minha geração e adoro tocar com todos eles. Quis aproveitar para gravar com músicos que adoro e admiro. Temos a Marta Rodrigues, a Sofia Queiroz, o Zé Almeida, o Samuel Dias, o Fábio Rodrigues, o João Gato e o Bruno Vieira.

Agora, tenho apresentado o projecto em formato de quarteto, com o Zé Almeida, o Samuel Dias e a Marta Rodrigues. Estou muito contente com este grupo e já estou com planos de gravar um álbum de longa-duração no ano que vem.

No teu Spotify, há uma playlist que até é recente com muita música que, assumimos, tem rodado muito nos teus ouvidos. De Ambrose Akinmusire e Fumo Ninja a Joel Ross, Yebba ou Samora Pinderhughes. Que canções são estas e o que é que significam para ti?

Sim, é verdade. Destaco outra vez o Samora Pinderhughes, porque sinto que é um músico super especial. Um tema que aconselho mesmo a ouvir/ver é o “Masculinity“, que é de arrepiar. Ele trabalha com um realizador que faz vídeos incríveis e o que fez para essa música está mesmo genial.

Também adoro o Joel Ross e o Ambrose Akinmusire, porque sinto que estão verdadeiramente a fazer a música andar para a frente. No fundo, o que mais me interessa neste momento é isso. Fazer música onde se exploram questões sobre a existência humana, que não esteja presa à tradição. 

Para fechar, queríamos entender o teu processo de composição: existe um método tradicional para compores a tua música ou tens várias maneiras de fazê-lo?

Eu não tenho um método. As minhas ideias sempre vieram pela intuição. Começo por pensar na estética e depois tento desvendar os sítios para onde a música quer ir. Ultimamente tenho explorado muito um universo cinematográfico misturado com o mundo da fotografia analógica. Sei que pode não fazer muito sentido, mas é isso que me leva agora a construir a música. Tento “ver” aquilo que quero pôr na música e vou chegando aos sítios. Sinto o mesmo quando escrevo. Agora tenho explorado letras e poesia, que tenho incluído nos meus concertos e tem sido uma experiência muito visual.


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