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Publicado a: 13/01/2018

De Jimi Hendrix a King Tubby, passando por Miles Davis: o caldeirão sonoro de Max Graef

Publicado a: 13/01/2018

[TEXTO] Gonçalo Oliveira [FOTO] Maximilian Virgili

Max Graef é um daqueles casos da cena electrónica que são extremamente difíceis de catalogar. As influências do jazz deixam pistas pela sua obra, mas o produtor de Berlim tem bebido de muitas outras fontes para se inspirar na hora de colocar as mãos na sua MPC.

O músico dirige, em conjunto com com Glenn Astro, a Money $ex Records, uma plataforma que, através do Bandcamp, serve de rampa de lançamento para novos artistas que, por vezes, sentem alguma dificuldade em encontrar o caminho certo para as suas criações. O colectivo fundado em 2015 não olha a géneros e mostra-se receptivo a promover até as sonoridades mais frescas e fora da caixa — algo que tão bem têm conseguido conjugar com o lado visual e conceptual que a Money $ex Records tanto preza, com a ajuda da designer Rahel Süßkind.

A solo ou, mais recentemente, em grupo com os Torben Unit, Max Graef deu-nos muita música nos últimos anos, assinando projectos para diversas editoras: da Apron à Ninja Tune — Glenn Astro foi o seu parceiro em The Yard Work Simulator — ou até a Schwarz 12 de DJ Neumann, o selo que surge carimbado no seu último SWZ003. Ultimamente, a sua contribuição ganhou outra força em Torben Unit que, no último ano, editou três projectos — Sawaasch Garahsch saiu na recta final de 2017.

2018 marca o seu regresso a Portugal: Max Graef é um dos artistas confirmados para o Lisboa Dance Festival, que este ano acontece pela primeira vez no Hub Criativo do Beato, nos dias 9 e 10 de Março. Via e-mail, o Rimas e Batidas trocou ideias com o produtor alemão para conhecer um pouco mais do seu universo e dos trabalhos que tem estado a desenvolver.

 



A tua primeira vinda a Portugal aconteceu há dois anos. Contente por este regresso a Lisboa?

Sim, adoro ir a Portugal!

Apesar de a música de dança aqui não ser tão dominante quanto na Alemanha, há um grande número de projectos e cenas independentes a florir em Portugal nos últimos anos. Estás familiarizado com algumas labels ou projectos de música electrónica deste canto da Europa?

Para te ser sincero, eu não conheço muito acerca da cena alemã… (risos). E tenho receio de não estar a par das novidades em Portugal.

Todos esses novos movimentos bebem certamente das influências de editoras como a Ninja Tune, Apron ou a Schwarz 12 — que tu bem conheces pelas recentes parcerias. Como é teres a tua música incluída nos catálogos deles?

É muito agradável! Sempre fui fã dessas labels, por isso estou contente por estar em tão boa companhia. Schwarz 12 é um projecto muito bom do DJ Neumann, que é bastante apaixonado pelos seus projectos e pela música que sai através da editora. Todos os seus discos têm sido de alto nível e ele tem agora um álbum agendado para 2018. Fiquem atentos! Acho que não será necessário mencionar o impacto na música global das outras duas labels.

No ano passado voltaste ao catálogo da Ninja Tune com a edição das remisturas do The Yard Work Simulator. Como foi trabalhar com o Glenn Astro?

Foi um ano em que editei também o meu EP pela Schwarz 12. O EP de remisturas do The Yard Work Simulator foi uma cena extra, com trabalhos de outros artistas. Trabalhar com o Glenn foi óptimo porque nós conhecemo-nos muito bem e temos um grande entendimento quando fazemos música.

Vocês estão dirigir em conjunto a Money $ex Records desde 2015. Qual é o conceito por detrás da música que editam por lá?

O conceito é a liberdade artística. Queremos dar a outros artistas de que gostamos uma plataforma para as suas ideias e visões. Temos vários 12” que têm muita influência do house ou do techno, mas também algumas coisas mais estranhas, como o disco de batidas psíquicas de Knowsum ou o álbum de jazz rock que fiz com a minha banda Torben Unit.

Adoro os artworks que dão cor ao vosso catálogo no Bandcamp. Achas que o impacto da música pode ser maior quando conjugado com um bom guia visual?

Sim, acho que os artworks são muito importantes. As coisas que a Rahel Süßkind desenha para nós são espantosas e eu adoro a forma como contrasta com toda a cena escura e séria de Berlim ou aquela vibe VHS dos 80s/90s que agora vemos em todo o lado.

 



 Lançaste pela Money $ex Records o teu mais recente projecto com os Torben Unit. Tem um forte sabor a jazz influenciado pelo krautrock. Como é para ti alternar esse foco entre o trabalho a solo e em grupo?

Acabo por nem alternar assim muito. Grande parte da minha vida é estar a fazer música. No fim de contas, não alterna nada, quer seja a tocar jazz rock com banda ou a produzir um tema jungle na MPC.

Mais um par de edições saíram após essa estreia. Qual é o vosso próximo passo? Vamos continuar a ter nova música de Torben Unit em 2018?

Acabámos de editar o segundo disco Sawaasch Garahsch, do qual me orgulho bastante. Estou certo de que virá aí nova música também. Provavelmente vamos estar a gravar um novo álbum após o Verão.

Há algum artista em particular que tenha sido uma influência principal na tua sonoridade actual?

De momento será uma mistura entre Thadeuz Nalepa, Bill Evans, Kyle Hall, King Tubby, John Frusciante, DJ Assault, James Senese, Christian Buchard, Miles Davis, I-F, Kōji Kondō, Dwight Sykes, Jah Shaka, Juan Atkins e Jimi Hendrix. Seria impossível nomear um artista apenas.

Falando do teu regresso a Portugal. O que podemos esperar da tua actuação? Há alguma faixa que não irá faltar no teu DJ Set?

Vai ser divertido! Provavelmente irei tocar “Clear”, de Cybotron.

 


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