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Fotografia: André Maia
Publicado a: 28/08/2024

É um projecto do produtor 808xez e do rapper Nzamba que acaba de nascer.

De Coimbra para o mundo: a Seka Peli Grime Station quer promover e expandir o grime

Fotografia: André Maia
Publicado a: 28/08/2024

A influência da cultura brasileira no hip hop em Portugal parece ser cada vez mais notória. Desta vez, inspirou um projecto intitulado Seka Peli Grime Station, que junta o DJ e produtor cabo-verdiano 808xez ao rapper brasileiro de ascendência angolana Nzamba, ambos residentes em Coimbra. No Brasil tem-se assistido a um certo ressurgimento do grime, subgénero britânico que mescla o rap com uma série de sonoridades electrónicas, e que no país sul-americano tem adquirido novas estéticas e aromas, também graças à presença avassaladora do funk carioca.

Artistas como SD9, FLEEZUS, Febem, CESRV, ANTCONSTANTINO e diniBoy tal como projectos como Brasil Grime Show e Purgatorium inspiraram João Sanchez e Gabriel Nzamba a desenvolver a sua própria iniciativa. Conseguiram concretizá-la agora, com o apoio da plataforma artística coimbrense Blue House, tendo lançado o episódio de estreia há poucos dias, com a participação dos criadores e do rapper convidado KD One Seven.

O Rimas e Batidas colocou algumas perguntas a 808xez sobre este novo projecto que visa promover e expandir o grime na CPLP a partir de Coimbra. Do crioulo cabo-verdiano, “Seka Peli” alude ao momento em que duas equipas estão a jogar e não há substituições, levando a um jogo contínuo, “até secar a pele”. A expressão reflecte a intensidade e a resistência dos jogadores, que continuam a jogar sem interrupções até estarem completamente exaustos.



Como é que tu e o Nzamba se conheceram e tiveram a ideia de criar esta Seka Peli Grime Station?

Conheci o Gabriel em 2017 através do basquetebol, mas só nos aproximámos em 2018. Na altura, ele já fazia música e, sem dúvida, foi uma pessoa essencial para eu escolher este ramo artístico. A ideia de criar a Seka Peli Grime Station surgiu de um sentimento de escassez de projectos dedicados exclusivamente a enaltecer a performance de MCs e DJs. Um set de grime proporciona essa interacção de forma natural. O projecto é algo que já tínhamos idealizado em 2021, mas só conseguimos realizá-lo em Maio de 2024, com a ajuda da Blue House. Infelizmente, a cultura mainstream está muito mais focada no desempenho nas plataformas de streaming e não na qualidade dos espectáculos que os artistas apresentam, daí a importância da propagação do grime no país.

Os beats são feitos a partir de uma seleção tua? Alguns são beats originais teus?

Sim, alguns beats são clássicos do grime britânico e outros são meus. A ideia é, no futuro, realizar open calls para termos um catálogo cheio de produtores da CPLP.

Como sentes que este ressurgimento do grime através do Brasil influenciou este género musical? Sentes que é uma vaga diferente, com elementos distintos?

Sem dúvida. Eu e o Nzamba só conhecemos a cultura do grime devido a projectos no Brasil; só depois fomos estudar os pioneiros do Reino Unido. A presença do funk no grime brasileiro abre portas para que os produtores experimentem combinar os elementos do grime com géneros tradicionais e/ou contemporâneos, criando uma identidade musical que inspira qualquer artista fora do Reino Unido a desenvolver uma nova perspectiva de grime na sua comunidade.

Sentes que faltavam em Portugal projectos mais ligados ao grime?

Sim, acho que é uma cultura que serve de ponte entre o hip hop e a música electrónica, podendo proporcionar novas colaborações entre artistas de ambos os meios.

A ideia é convidar sempre rappers diferentes para rimarem por cima destes beats? E quanto aos DJs e produtores?

Sim, gostava de trazer artistas emergentes, sejam MCs, DJs ou produtores, funcionando quase como um programa de rádio para showcase de novos talentos. Também estamos sempre atentos ao movimento do drill; de certa forma, os beats são semelhantes e permitem uma adaptação quase instantânea.

Qual será a regularidade do lançamento dos episódios?

Os episódios são separados por temporadas e cada uma delas tem uma frequência semanal de conteúdo, podendo este ser um seka peli, uma entrevista ou outros formatos que ainda estamos a desenvolver, como a RODABOTAFORA (seka peli com mais MCs) e o PAPA DI BOLA (batalha escrita com instrumental no formato Lord of the Mics). Estamos a lutar para ter consistência no nosso canal do YouTube, mas o objectivo principal é, eventualmente, apresentar este projecto ao vivo, proporcionando uma experiência totalmente diferente daquela a que o público de rap e raves está habituado.


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