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Publicado a: 23/06/2017

DBS Gordão Chefe: o regresso do rei do rap mafioso

Publicado a: 23/06/2017

[TEXTO] Núria R. Pinto [FOTO] Direitos Reservados

O nome pode ter o seu quê de graça para o público português mas ficamo-nos por aí: DBS Gordão Chefe, sigla para Darci Braga de Souza ou, ainda, Dinastia Black Social, é um dos nomes invictos do gangsta rap brasileiro. Para os mais distraídos ou alheios da história do hip no Brasil, as atenções voltaram-se para o MC quando, em 1998, foi convidado a integrar a família RZO, que viria dar a conhecer nomes como Sabotage e Negra Li, embora já andasse a fazer das suas com DBS & A Quadrilha, pelo menos, desde 1992.

“Respeito é P’ra Quem Tem”, do incontornável Rap é Compromisso de Sabotage, “Na Rota da Ambição” de Edi Rock ou “Pelo Amor” dos RZO, são algumas das faixas em que o “poderoso chefão” tem vindo a deixar cair a sua rima mafiosa em pose Rick Ross da América do Sul, para além dos três álbuns já editados, até hoje.

O quarto álbum de DBS Gordão Chefe chega com 11 faixas e participações de Rincon Sapiência, Da Lua, Srta. Paola e Júlio de Castro. A direcção musical ficou a cargo de Léo Grijó (Don L, Da Lua, Família Madá) que explicou ao Rimas e Batidas o conceito por trás de Quantas vezes não me achei:

 



[Faixa a Faixa]

“Aos 22 anos encontrei KL Jay” dá início ao álbum e não é mais que um interlúdio-entrevista que DBS deu a KL Jay para o programa YO MTV, quando trabalhava como estafeta num banco. No dia da consciência negra, aborda a sua própria experiência e marca a história daquele que viria a tornar-se um dos grandes ícones do hip hop brasileiro.

 



Com produção a cargo de Quilombo Louco Beats, “Quantas vezes não me achei” fala sobre todos os processos de aceitação e descrédito e da importância da dúvida para o crescimento individual; quantos vezes não se perderam?

 



Lançada como single em 2016, “Bloca Broca” é um clássico de peso com produção do pernambucano Estevão 6C. Apesar de muita coisa ter mudado desde os anos 90, DBS mostra, claramente, que ainda continua no game. A partir da terceira faixa, é um abanar de cabeça e mãos no alto, pelo menos, durante as quatro músicas seguintes. A coisa fica feia e pelas melhores razões.

 



Seguem-se “Diana” com produção de Leonardo Weber, onde o universo gangsta, luxurioso e pornográfico de DBS entra pela casa de alterne “da Diana” adentro, e “Não Preciso de Você”, com produção de Léo Grijó e Duck Jam, uma faixa em que se dá ao amor e aos seus conflitos o merecido destaque e que marca a primeira participação por Da Lua. Tudo em modo original gangsta love.

Se há alguém que não brinca com a caneta, esse alguém é Rincon Sapiência e chega em “Bandido” para garantir o seu lugar na lista dos liricistas de topo no Brasil. Pedro Lotto, produtor prodígio dos Costa Gold que já nos habituou a esperar dele não menos que os beats mais pesados da actualidade (em Portugal podendo ser comparado, com as devidas relativizações em termos de audiência, ao fenómeno Lhast) completa o trio e torna “Bandido”, na minha opinião, a melhor faixa do álbum.

 



“Samba Maria” é uma homenagem à mãe, Dona Maria, que faleceu um mês após o início das gravações do álbum, onde a experiência rítmica que junta gangsta rap ao samba ganha um novo espaço. “Rihanna” traz para o todo as referências electrónicas de Michel Nox.

“Jesus Anunnaki” reforça a divisão do álbum em dois momentos, o antes e depois da morte da mãe. DBS fecha com “Os Monstros”, com produção de Mortal VMG e “Meu Grande Amor”, para onde trazer o cantor de gospel Júlio de Castro. “Comparado aos álbuns anteriores Quantas vezes não me achei é menor (em termos de faixas), mas tem força de soco de Mike Tyson rápido e com força de knock out…” explica DBS.

 


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