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DJ Paypal é um dos nomes confirmados para a edição deste ano do Milhões de Festa, que acontece de 6 a 9 de Setembro, em Barcelos. Parte da crew Teklife, o DJ e produtor representa o footwork por esse mundo fora: actualmente vive em Berlim, Alemanha, mas a música já o levou a todos os continentes. Portugal não ficou de fora da rota de Paypal e, nos últimos tempos, actuou no Lux Frágil, em Lisboa, e na Queima das Fitas de Coimbra.
Para algo diferente do habitual, o Rimas e Batidas convidou DarkSunn e Maria, dois membros da Monster Jinx, para preparem uma série de perguntas para o autor de Sold Out. Falou-se sobre o início da sua carreira, a exportação do footwork ou a beat scene portuguesa.
Como é que surge a ligação à Teklife?
Em 2011, eu estava nuns grupos de Facebook que tinham alguns membros dos Ghettoteknitianz e da Teklife. Através das publicações sobre música, acabei a falar com muitos dos membros do colectivo Teklife. Lembro-me de falar com o Rashad sobre Evans G2 no chat do Facebook [risos].
A demonstração de respeito pelo DJ Rashad é uma constante na vossa equipa. Ele pode ser visto como o grande embaixador do footwork e da sua exportação para fora dos Estados Unidos da América. Quem é que achas que vai explodir a seguir?
Eu diria que o Taye vai ser o próximo. Ele tem muita “artilharia” pesada para lançar e o seu mais recente álbum está a ter uma boa recepção. Temos andado na estrada com o disco e as reacções têm sido incríveis.
Sendo que o footwork enquanto género musical deriva directamente das battles e do seu formato enquanto dança, achas que tem de ser a combinação dos dois a fazer o género crescer ou a música está a ter a primazia?
O fotwoork como dança não pode ser separado da música. Interagem e alteram as formas um do outro, por isso acho que não é possível removê-lo inteiramente de um evento de dança. Mas a minha esperança é que existam footworkers em todas as cidades pelo mundo fora.
A cadência da batida continua a fazer o footwork quase extraterrestre numa pista-de-dança mais tradicional. Com a exposição de editoras como a Hyperdub e publicações como a FACT Magazine, já sentes mais abertura e interacção quando tocas?
Eu acho que o espaço para a música electrónica tem evoluído tão rápido que existe definitivamente uma maior abertura por parte dos ouvintes.
Para quando o sucessor do Sold Out?
Está a ser feito neste momento.
Com o exemplo do Taye a rimar em grande parte das faixas do seu novo álbum, ou mesmo o EP do Mic Terror, sentes que a inclusão de rimas nas faixas é o caminho para o futuro?
Faixas típicas de footwork, com vocais samplados como sempre aconteceu, vão sempre ser feitas porque os clubes precisam disso, mas temas mais elaborados, canções com versos e estruturas e arranjos em torno de vocais é um pouco o que o futuro está a pedir, para onde me estou a dirigir. De certa maneira, o footowork e o rap já andam juntos há algum tempo, mas parece que o foco actual os tem aproximado cada vez mais.
Achas que o footwork poderia ter acontecido em qualquer outro lado do mundo ou aquelas características sonoras só poderiam vir da Chicago?
Só poderia ter sido em Chicago. É essencialmente house. Porém, eu sinto algumas semelhanças com outras culturas pelo mundo fora. Existe jit, que é muito semelhante ao footwork.
Já não é o primeiro género criado na cidade de Chicago. Achas que podem surgir mais sonoridades de lá?
Acho que Chicago vai estar sempre a criar mais e mais estilos. A estrutura da paisagem exige adaptação e inovação em cada canto.
Porque é que os links oficiais do teu último disco estão todos indisponíveis?
[risos] Não era um álbum. Era apenas um conjunto de faixas para DJs. Não era um lançamento oficial.
Segundo a Internet, vives em Berlim: como é que olhas para o footwork que se faz na Europa?
Existem muitos produtores de footwork na Europa, e alguns bons em Berlim. Eu vejo a Europa como um sítio que é mais “amigável” para esta música do que os Estados Unidos eram antes, por isso espero que continue a crescer. Existem montes de dançarinos da Antuérpia a Londres — com mais workshops e oportunidades para as pessoas experimentarem a cultura nas suas próprias cidades. Só consigo ver isto a crescer.
Como foi a experiência de tocar no Lux em Abril?
Foi uma loucura [risos]. Lembro-me que estavam a acontecer três espectáculos ao mesmo tempo nessa noite, instalações malucas por todo o lado. Teve uma boa vibe. Acho que estava realmente empolgado por ser o clube do Jon Malkovich [risos]. S/o DJ Glue!
Estás a par da beat scene portuguesa?
Grande props para a Príncipe Discos. Eu não sei muito sobre música electrónica portuguesa — a excepção é a Príncipe. Mas conheci o Scúru Fitchádu na Queima das Fitas e era fixe para caraças. Adorava conhecer mais!