pub

Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 07/06/2022

Dia e noite, rádio e discoteca.

Danni Gato: “Este era o momento certo para eu lançar o meu primeiro álbum”

Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 07/06/2022

Nascido e criado em Faro, Danni Gato começou a sua carreira como DJ há cerca de 10 anos. Influenciado pela noite algarvia, onde sempre viveu, Daniel Fernandes foi permeado primeiro pela música electrónica e só depois pelos ritmos vindos do continente africano — em 2019, decidiu dedicar-se a fazer ou passar temas quase exclusivamente afro-house.

Para o artista, The Beggining Day & Night não vem nem um ano atrasado e surge justamente na altura certa, bem como na melhor fase da sua carreira… e do ano, garantindo-nos que este é um disco para ser ouvido durante o Verão. Dividido em duas partes, o novo longa-duração de Danni Gato conta com cerca de duas horas de música feita para a pista de dança e para as rádios.

Ao todo são 15 as colaborações angariadas entre as vozes conhecidas de Djodje, Deezy ou Vado Más Ki Ás ou de produtores como Shimza, El Bruxo ou Caianda — e grande parte delas marcarão presença no Coliseu dos Recreios, em Lisboa, a 10 de Junho. Se quiserem dançar esta sexta-feira na capital portuguesa, já sabem onde devem ir.



Segundo percebi pelo que li sobre ti, tu começaste a fazer nome como dj de kuduro. Como é que passaste daí para a situação que vives hoje?

Eu não era propriamente DJ de kuduro, passava música de todos os estilos como a maioria dos djs africanos que são muito ecléticos. Mas o kuduro era o meu forte. Comecei a tocar a sério em 2011/2012 e foi em 2013 que eu decidi que era isto que queria fazer. E o kuduro chamava-me a atenção por ser um estilo mais agitado, mas em 2019 decidi optar por um estilo — o afro-house. Uma vibe africana mais ligada à música electrónica.A partir daí foi trabalhar de forma consistente e lançar singles atrás de singles e o nome foi crescendo. Mas nessa altura ainda não estava preparado para lançar um álbum, ainda me faltava algum crédito. Agora achei que seria o momento e a altura certa.

Foi uma questão de tempo para construir uma reputação ou tempo para te desenvolveres tecnicamente?

Foi para tudo.

Posso depreender que começaste como DJ, a passar música de outros como muita gente começa, ou começaste logo a produzir?

Eu comecei como residente em discotecas, a abrir para muitos DJs. Já a parte da produção musical surge em 2019, quando optei só por um estilo.

Este teu álbum é muito comprido, quase como se fosse um set. São cerca de 20 faixas com duas horas de música. Era mesmo a tua intenção fazer do álbum uma espécie de set que pudesse tocar de forma autónoma em casa das pessoas?

Eu e a minha equipa optámos por incluir duas vertentes neste álbum: day e night. O álbum chama-se The Beggining Day & Night porque decidimos fazer uma parte comercial com convidados artistas mais conhecidos e depois uma parte instrumental voltada para a pista de dança. São basicamente dois discos num só.

Pensaste na experiência de audição e na forma como querias que o público consumisse este teu álbum?

A intenção é muito simples. Quando começámos a trabalhar no álbum era para se chamar apenas The Beggining, mas não queríamos deixar a parte da night, por assim dizer, de fora, até porque é o que tenho feito a maior parte da minha carreira. Afinal de contas, foram os instrumentais que me trouxeram até aqui, a este ponto da minha carreira, e não podia esquecer isto. Foi mesmo juntar o útil ao agradável com algumas músicas mais comerciais e uns instrumentais.

E a verdade é que o teu álbum tem imensas colaborações vocais e bastante conhecidas do público em geral: Deezy, Nelson Freitas, Loony Johnson, Vado Más Ki Ás… como é que chegaste a este pessoal e se juntaram ao teu projecto?

Foi fácil, o Djodje, o Loony e o Nelson Freitas são artistas de quem sou fã desde miúdo, antes de imaginar sequer tocar ou fazer alguma coisa com a música. Hoje em dia, com o nome que entretanto fui ganhando, foi muito fácil chegar até eles.

Já o Rafa G, a Neyna, o Vado e mesmo o Deezy… pertencemos a uma geração mais recente com quem foi sempre fácil falar e relacionar. Outros faziam parte da minha agência, havia malta que já conhecia do bairro. Foi um mix de contactos que fui reunindo ao longo do meu percurso e pessoas com quem queria muito trabalhar.



Parece haver uma inclinação para uma sonoridade mais próxima do hip hop actual e mais longe do clubbing. Isto passa claramente através dos teus convidados. Este é um nicho onde procuravas deliberadamente alguma atenção e onde querias penetrar?

Claro que tu, enquanto músico, queres um público o mais abrangente possível. O Vado, o Rafa G e o Deezy são artistas que têm o seu próprio público. Porque é que não podemos fazer colaborações todos juntos e ir buscar os públicos uns dos outros? Assim fica mais fácil e não nos podemos esquecer que música é música.

E estes temas foram feitos quando? São coisas que tens vindo a fazer e a guardar ao longo do tempo, ou fizeste tudo recentemente já com um projecto em mente?

Fomos fazendo, eu já tinha algumas faixas prontas, mas cerca de 80% do álbum foi feito num período de três meses. Tudo feito ao detalhe.

Há pelo menos uma música que está no teu álbum e que já seria conhecida do público. Estou a falar da “Pedrinha” que saiu no álbum do Vado.

Sim, é claramente um daqueles temas que pertence aos dois. Foi feito 50% por cada um e por isso fazia sentido ser incluído em ambos os álbuns.

Falámos das colaborações vocais do teu disco, mas há também todo um grupo de pessoas envolvido em colaborações na parte da produção. A maior parte deles, admito, não conhecia antes. Fala-me um pouco sobre esta malta e a ligação que tens com eles.

A maior parte deles são DJs. O Shimza é um dos DJs mais populares de África do Sul actualmente e a faixa que tenho com ele foi quase uma oferta da parte dele para o meu primeiro projecto a solo. O El Bruxo é de Paris e o Caianda é português como há mais no meu disco: o LeoBeatz é um produtor que trabalha diretamente comigo, o Delmastik… É malta do circuito. São companheiros de estrada e alguns mesmo de longa data já. No fundo até são concorrência, mas prefiro vê-los como companheiros de estrada.

E à semelhança das participações vocais, são pessoas que podemos esperar ver em palco ao teu lado?

Quem sabe, talvez uns B2B.

E em termos de demonstração ao vivo. Sei que tens um grande concerto de apresentação planeado. Esta é a altura em que os artistas conseguem recriar o ambiente perfeito. O que tens em mente?

É claramente um sala um pouco diferente daquilo a que estou habituado, embora o público vá estar de pé, mas é um palco mítico que impõe respeito a todos os artistas que o pisam. E, por isso, tem que ser uma honra para mim, com o meu nome e sabendo o que lutei na vida para lá chegar. Faz-me mesmo muito feliz, mas espero que este concerto seja sobretudo um abre portas para mais palcos do género.

Em termos de actuação, o que temos em mente é um verdadeiro espectáculo. Normalmente, nas minhas actuações, entro em palco sozinho e faço um set de uma ou duas horas e vou-me embora. Mas aqui vai ser diferente — vamos ter um espectáculo de uma hora com os artistas convidados (a parte day do álbum) e, depois, temos a parte night em que eu faço a minha cena no Coliseu. Vai dar para dançar muito e beber uns copos dentro das limitações que tem uma sala destas. Não é propriamente um festival, mas vai dar para o pessoal viajar.

É uma grande mudança para ti este tipo de palcos? Antecipas uma mudança drástica na tua carreira?

Eu estou habituado a grandes palcos, fiz agora a Semana Académica do Algarve para 15 mil pessoas, fiz os Melhores do Ano no Porto para cerca de 10 mil pessoas. Faço também muitas discotecas no Algarve.


pub

Últimos da categoria: Entrevistas

RBTV

Últimos artigos