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Texto: ReB Team
Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 13/07/2023

Porto veste-se de Nova Iorque no Maus Hábitos.

Da Block Party: “Algumas de nós já foram à origem, ao Bronx, ao Harlem, respirar aquilo”

Texto: ReB Team
Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 13/07/2023

E se a alma da cultura urbana pudesse ser replicada num qualquer clube espalhado por Portugal? O Maus Hábitos dá o exemplo e alberga, desde Março deste ano, a Da Block Party, uma festa bimestral que pinta a Invicta com as cores dos diferentes bairros em que a arte se faz sentir nas ruas, com especial foco para Nova Iorque, um dos grandes pulmões da cena a nível global.

Com constante presença de DJs e bailarinos convidados, a Da Block Party vai assumindo diferentes contornos a casa sessão, quer ao nível da sonoridade musical como aos tipos de dança que a pista “pede” — há até margem para surpresas, como ter MCs a cantar ou writers a fazer graffiti ao vivo.

Ambas bailarinas de hip hop, três amigas trouxeram a ideia até à sala portuense e já protagonizaram um par de noites bem sucedidas, avizinhando-se agora uma terceira, agendada para amanhã, 14 de Julho, pouco antes da meia noite, no Maus Hábitos. Disca Riscos, DJ Welk, Limapump, Veelain e FlyBoyZCrew marcam presença na próxima festa.

Através de e-mail, as organizadoras da residência responderam a algumas perguntas enviadas pelo Rimas e Batidas, e oferecem um olhar mais pormenorizado quanto à forma como conseguem mascarar o Maus Hábitos de um club no Bronx ou no Harlem.



Quem são os rostos por detrás da Da Block Party e como é que surgiu a ideia para para dar vida a esta residência de clubbing no Maus Hábitos?

Basicamente, somos a Marta, a Ana e a Ana, três amigas que adoram dançar e que se fartaram de esperar pelo regresso das noites em que se dança “a sério”. Se não há, se conhecemos os DJs certos e grande parte da comunidade de bailarinos do Norte e se temos a certeza do club em que queremos fazer a festa, por que não deixarmos de esperar e avançarmos nós?

A vossa festa é uma das mais recentes na programação do Maus Hábitos. Que balanço fazem das primeiras sessões?

Criámos uma expectativa muito alta em relação à Da Block Party, tal foi a forma como nos envolvemos em todos os detalhes da organização. Temos de confessar que estávamos com alguma (muita) ansiedade antes da estreia. E se corresse mal? Não correu; foi uma noite inacreditável, bem como a seguinte. Sabemos que o trabalho é contínuo e que não podemos deixar de surpreender, mas até agora não podíamos estar mais felizes com os resultados.

Sentem que já têm o vosso próprio público? Já notam caras repetidas de uma noite para as outras?

Sim, claramente que há pessoas que, tal como nós, queriam sair para dançar. Foram os primeiros a corresponder. Além desses, sentimos que a festa vai conseguindo conquistar os que aparecem quase por acaso e, de repente, se sentem a curtir uma noite em Nova Iorque ou uma festa em Kingston. Não há como ver o Maus Hábitos a abarrotar de gente com uma vibe tão genuína.

Hoje em dia vemos anunciar muitas festas dedicadas à cultura do hip hop, mas a grande maioria delas acaba por ter apenas a representação da música, deixando de lado outras componentes como o graffiti ou a dança. A vossa proposta já engloba tudo isto. De que modo é que todas estas vertentes surgem representadas num evento vosso?

Desde o primeiro momento que a ideia foi celebrar a cultura urbana como um todo. Além dos DJs, fazemos questão de chamar os bailarinos para a cabine e para a pista. Já tivemos grafitti ao vivo, com o Dub, que chamou o público a deixar a sua marca; também já tivemos uma battle de MCs, que trouxe mesmo a energia da rua para o club. Estamos constantemente em pesquisas e brainstorm, porque esta componente cultural mais global da Da Block Party é um desafio que nos realiza muito.

Como funciona o vosso line-up ao nível de todas essas vertentes? Os artistas vão rodando? Há nomes recorrentes em cada sessão?

A ideia será sempre respeitar a “vontade do povo”. Temos uma equipa de base, que está connosco desde a primeira hora, mas também queremos trazer imprevisibilidade à festa. Há sempre novidades! E alguns dos que não estão nesta próxima festa, voltarão certamente nas seguintes. Afinal, o que se está a tentar fazer é trazer a rua para o Maus Hábitos e na rua também se vê esta rotatividade. 

E quanto ao planeamento das diferentes noites: procuram encontrar um conceito para cada uma delas?

O conceito-chave é sempre o mesmo, mas todas as noites são diferentes, o que nos faz procurar coisas diferentes também. Se temos MCs, talvez faça sentido virar a noite mais para o hip-hop; se temos as melhores bailarinas nacionais de dancehall como convidadas, então vamos mais por aí. Sempre respeitando a raiz urbana que originou a festa; não vamos nunca abdicar disso.

Em 2023 o hip hop está a comemorar o seu 50° aniversário e temos visto surgir várias iniciativas nesse âmbito. A Da Block Party também tem estado/vai estar a assinalar esse marco de alguma forma?*

Termos avançado em 2023 tem tudo a ver com essa celebração. Todas dançamos hip hop, pelo que nos diz muito esta cultura. Algumas de nós já foram à origem, ao Bronx, ao Harlem, respirar aquilo, falar com quem lá esteve na génese. Da Block Party foi a forma que encontrámos de assinalar esse legado.


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