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Texto: ReB Team
Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 15/03/2021

Mapear o desconhecido.

Da arqueologia do hip hop tuga: C.O.M.A. e o “rap subversivo” em Viver / Festa

Texto: ReB Team
Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 15/03/2021

Já ouviram falar do Colectivo Ontológico e Musical “os Amigos”? Se nunca se depararam com este nome, o número 30 (lançado este mês) do jornal trimestral MAPA é a primeira paragem para se saber mais sobre este grupo que recupera Viver / Festa, cassete editada originalmente no final dos anos 90 que vê a sua reedição acontecer em 2021, desta vez em CD.

Este “colectivo de rap subversivo de Carcavelos” tinha como “maiores referências”, para além do anarquismo, “a forma de estar do punk, o Linton Kwesi Johnson, os Portishead e os Micro“. Nesse tempo o do it yourself era o lema, utilizando-se “letras e microfones de forma rudimentar, tripés em paus de vassoura, numa altura em que fazer música caseira não era um privilégio, era mesmo muito à frente”.

A “grupeta de juventude politizada, alcoolizada e algo mais” tinha “dois esteios”, André e Fips, dupla que através da Mamut Music fez “estrada, produção e agenciamento num meio profissional, mas a trabalhar por afinidades” com nomes como “Octa Push, Karlon, Batida, Freddy Locks, MCK, IKOQWE, [Rocky Marsiano &] Meu Kamba Sound, entre muitos outros”.

Faixas com títulos como “Ganza (Just Do It)”, “O Sr Agente é Mau”, “La Revolucion” ou “Guns R Girls Best Friends” abrem o jogo sobre o tipo de temáticas abordadas no conjunto de 16 temas recuperados e que não perderam, infelizmente, actualidade: “E estava tudo lá. Do construir música fora da caixa, numa altura em que o mercado era um monstro. As letras da ingenuidade de quem se construía como individuo consciente e politizado. Libertários. Pôr em causa a construção de uma sexualidade que nos impunham e de como acreditávamos que podia ter muitas formas. A raiva a uma esquerda, que ainda não era caviar, mas já gostava de falinhas mansas. E calma, sempre a pedir-nos calma. Testemunhar o racismo quotidiano, de que muitos do que nos eram próximos, eram vítimas. Às coisas mais quotidianas, como levar nos cornos ‘por dá cá aquela palha’ de um bófia a tresandar a cavaquismo bafiento e ainda com resquícios da velha senhora. Querer fumar em paz. Ou mais uma cegada com carecas, numa época que antifa não era um post pertinente no Twitter.”

As “300 k7s amarelas e verdes que se venderam de mão em mão” dão agora lugar a uma edição limitada em CD que já está disponível em pré-venda (por cinco euros) para os assinantes do MAPA. As cópias começam a chegar em Abril.


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