pub

Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 18/02/2019

“CYCLES” é a primeira afirmação de y.azz e b-mywingz

Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 18/02/2019

“CYCLES” é o single de estreia da dupla y.azz e b-mywingz. O videoclipe da canção foi realizado por Sara Mendes e João Santana.

Mariana Prista (voz) e Margarida Adão (produção) conheceram-se em Londres, mas a relação musical consumou-se em Lisboa, cidade que também serve de pano de fundo para o vídeo. Entre as influências de The Weeknd e Jorja Smith, Frank Ocean e Mahalia, a cantora e a produtora dão um primeiro passo com confiança, deixando antever um futuro risonho para ambas.

Fomos saber mais sobre as duas artistas e sobre a caminhada que as trouxe até “CYCLES”.



Como é que se conheceram? 

[b-mywingz] Conheci a Mariana em Londres há cerca de um ano e meio, ambas a estudar lá ainda. Mas nunca pensámos que ia acabar nisto. Conhecemo-nos lá através de uma amiga em comum, num café normal em Camden Town. Acho que foi aí que começou esta história de amor [risos]. Uma vez apresentadas, apercebemo-nos que tínhamos muitas referências em comum, não todas mas algumas, e creio que isso ajudou a criar empatia. Até porque estávamos as duas numa fase das nossas vidas um pouco semelhante.

Mais tarde já eu me encontrava em Portugal quando começámos a falar. Ela queria lançar-se e arriscar, por assim dizer, no meio e eu queria “renascer”, queria reafirmar-me. Algo me dizia para investir nisto. Combinámos um café e fomos para um jardim numa tarde e mostrei-lhe uma catrefada de composições minhas, nas quais ela se identificava. E lembro-me bem que nessa mesma tarde fui para casa e comecei a compor o beat para a “CYCLES” ( ou “words” que era o nome do meu projecto no Logic Pro X). Mandei-lhe nessa noite e assim que ela ouviu creio que foi aí que se deu o clique mútuo.

Isto vai terminar num EP ou vão só lançar singles soltos?

[y.azz] Para já, o plano é evoluir e divulgar o nosso trabalho, single a single, passo a passo, com calma. Mostrar um pouco de cada uma. O EP não está fora de questão, mas não se encontra na prateleira das prioridades.

[b-mywingz] Estamos mais focadas em colaborar e explorar o que fazemos.

“CYCLES” é a vossa primeira canção. Existe alguma explicação específica para ser a primeira? Podem também falar um pouco mais sobre a construção da faixa e a ligação com o videoclipe? 

[y.azz] Assim que ouvi o “rascunho” da Margarida, senti uma ligação ao instrumental imediata e creio que foi assim que começou esta viagem. Tem sido uma experiência para ambas, porque nunca tinha trabalhado com ninguém com a mesma proximidade. Em relação à construção da faixa, foi acima de tudo uma colaboração e acho que “perdemos” muito tempo nesta música em fazer com que fizesse sentido para as duas. Para mim, o mais importante era a mensagem (tendo em conta que isso é a minha parte no nosso trabalho). Passou sobretudo por arranjar uma maneira de canalizar um pouco de todas as questões e dificuldades que tenho com a minha própria saúde mental sem o tornar óbvio, mas também deixar espaço para que todos possam interpretar à sua maneira e tirar as suas próprias conclusões.

[b-mywingz] A faixa, como referi anteriormente, foi algo inesperado. Na tarde do café fui para casa com as referências que ela me tinha dado e comecei a compor o beat. Passo a passo fui investindo na composição, adicionando cada tijolo à mesma. A distância foi uma dificuldade mas não um obstáculo, pois ela estava em Londres e eu já tinha voltado para Portugal depois de concluir o curso. Lembro-me de a Mariana estar indecisa com o tema da letra e lembro-me bem de lhe dizer “este som pede amor, chavala” [risos]. Logo que ouvi a primeira gravação que ela fez (com o microfone do telemóvel) e me mandou foi um flash que se deu na minha cabeça para perceber que ia sair algo bonito, e acho que conseguimos.

[y.azz] O vídeo foi muito à base de experimentação, sinceramente, tivemos imensos imprevistos e complicações para filmar, a distância é uma dificuldade muito presente na nossa “relação”. E foi muito por acaso que acabámos por filmar em Portugal e desta maneira. Tivemos imensa sorte com a equipa (Sara Mendes e João Santana) que perceberam exactamente o que estava por trás da musica e criaram algo simples e intimista mas bem conseguido, na minha opinião.

Como é que funciona a composição dos temas? Criam tudo em conjunto ou existe outro tipo de processo?

[y.azz] Muito do trabalho é feito separadamente. Normalmente a Margarida compõe, envia-me os projectos e eu começo a escrever até conseguir ir a Portugal, onde fazemos sessões de estúdio que é onde trabalhamos mais em conjunto. Vemos o que resulta e trocamos impressões, gravamos sempre juntas, mesmo que isso implique esperar algum tempo.

[b-mywingz] O tempo de estúdio serve não só para experimentar mas também para alinhavar e limar todas as ideias que ambas trazemos. Sinto que foi um processo de auto-conhecimento para ambas. Afinal seria a minha primeira produção com outra artista. Durante aquelas horas sabemos que nos levamos ao extremo. Era difícil no início conseguir puxar mais e mais pela Mariana, levá-la ao limite, mas, passado algumas sessões, conseguimos perceber como cada uma trabalha e qual o processo de criação de cada uma. Por norma, eu envio-lhe o beat antes de irmos para estúdio, ela vai mandando versões, e a partir daí vamos sempre tentando melhorar uma coisa aqui, outra ali, até acharmos que está quase perfeito.

Quais é que são as vossas referências nacionais e internacionais? 

[b-mywingz] Revejo-me muito nas composições que o Doc McKinney e o Illangelo imprimiram na produção da Trilogy do The Weeknd, House of BalloonsThursdayEchoes of Silence. Posso afirmar vivamente que estas três mixtapes foram um trampolim para eu me começar a expressar através da música o que realmente sentia. Marcou-me. Para além destes, Frank Ocean, How to Dress Well, Jorja Smith, Miguel, Cigarettes After Sex ou The XX, mas também o som vintage e diferente dos anos 80 de Prince. Creio que os clássicos nos marcam sempre. A inovação do Michael Jackson ou de Bowie nunca deixaram de ser usadas para explorarmos cada vez mais os limites da música.

[y.azz] Acima de tudo tenho como inspiração artistas como a Jorja Smith, Mahalia ou Kali Uchis, mas acho que em simultâneo tenho muito presente a parte indie no que toca à maneira como escrevo. Daughter foi uma das bandas que mais ouvi durante a minha adolescência, entre outras, e, apesar de agora estar muito mais dentro do hip hop e r&b, continuo a carregar essa fase comigo.

Quando estavam a criar as canções, foi tudo muito intuitivo ou existiu algum artista/ disco que utilizaram como meta? Do género, “é este nível e este tipo de sonoridade que queremos atingir”. 

[b-mywingz] A meta é e será sempre a excelência a nível sonoro e lírico. Não tínhamos uma “meta” propriamente dita ou um exemplo de artista a seguir propriamente, sempre deixámos claro que queríamos criar uma identidade para ambas, mas existem sempre referências musicais pelas quais nos “guiamos”. A nossa playlist, aquilo com que mais nos identificamos, as tais referências, o que mais ouvimos. No meu caso quando componho não ouço música durante esse tempo de criação. Gosto de me testar e saber até onde posso ir, e até onde a minha cabeça me permite criar. Inconscientemente sei que durante esse processo retiro um pouco de tudo aquilo com que me identifico. No fim, a criação acaba por ser uma mistura de tudo aquilo que me rodeia e principalmente do que sinto naquele momento. A consequência disso é que posso apanhar qualquer um dos lados da moeda. Por vezes demoro mais tempo a criar, mas tudo isso faz parte, e cada um tem o seu workflow.

Apesar de existirem algumas produtoras de música electrónica em Portugal, ainda é muito raro vermos uma mulher a fazê-lo numa direcção mais hip hop e r&b. Como é que tem sido para ti, Margarida, a experiência de entrar nesse mundo?

[b-mywingz] Até agora, nunca houve qualquer tipo de dificuldade com todas as pessoas com quem já tive em estúdio, muito pelo contrário. Acho que as pessoas ficam surpreendidas num bom sentido, porque realmente há poucas mulheres produtoras (conhecidas) ou a singrar em Portugal. Se houvesse algum tipo de dificuldade seria um alerta que algo estaria errado. Não penso nisso sequer. Quero que as pessoas ouçam a minha música e compreendam a minha mensagem, principalmente que seja isso que me defina, não o meu género.


pub

Últimos da categoria: Curtas

RBTV

Últimos artigos