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Em 2024, o Cu.Co.: Encontro de Jornalismo Cultural de Coimbra foi a iniciativa lançada pela câmara municipal local, em colaboração com Rui Miguel Abreu, como forma de estreitar os elos entre os diferentes agentes culturais de Coimbra e os jornalistas de diversos pontos do país, com o objectivo de reflectir acerca de possíveis estratégias que ajudem a cultura deste município — que se encontra num muito interessante momento de forma — a conseguir ecoar noutros lados e chegar a um público maior. E se no ano passado notámos uma certa formalidade nos diálogos, esta segunda edição do evento fica marcada, acima de tudo, por uma maior abertura de todos os intervenientes, que permitiu interacções ainda mais genuínas. Essa naturalidade fez com que as trocas de impressões fossem mais a fundo, tocando no âmago de questões sensíveis como a precária situação que atravessa o jornalismo no nosso país ou uma certa ideia de exclusão dos media que os conimbricenses sentem por não verem o seu circuito retratado em canais de maior alcance. Está mais do que visto que existem problemas que não se resolvem num par de dias apenas pela vontade de dois ou três intervenientes, mas sim através da reflexão conjunta e contínua de gentes que olham para este ponto geográfico tanto de dentro como de fora. Não há dúvidas de que Coimbra pode mesmo ocupar um lugar de maior destaque no roteiro cultural nacional, pois goza de uma ampla oferta nesse sentido e, acima de tudo, tem no seu território um considerável número de criativos que também estão a fazer brotar arte de interesse acrescido. São muitos os eventos ao longo do ano que provam que esta é uma cidade que respira cultura — tanto de fora para dentro, como de dentro para fora.
Ontem, dia 7 de Setembro, deu-se o programa de despedida da edição de 2025 do Cu.Co., que teve início às 10h30 com uma nova passagem pelo CAV – Centro de Artes Visuais de Coimbra para uma visita guiada às exposições “Juntos” (que reuniu peças de Artur Rosa e Helena Almeida) e “Eu Paisagem” (de Andreia Nóbrega). Em seguida, fomos até ao Centro de Arte Contemporânea de Coimbra para marcar presença no derradeiro debate deste ano, que colocou Elsa Garcia (da revista Umbigo) a moderar uma conversa entre Jorge Queirós (CAV), Elisabete Carvalho (CACC), Cristina Margato (Expresso), Pedro Vaz (Arte Capital) e Adailton Moura (RAPresentando) sobre “Coimbra e a construção de uma nova centralidade contemporânea”. Antes do almoço, ainda houve tempo para uma passagem pela loja A Feira, onde se encontrava a mostra “Cave – Obras da Coleção Encontros de Fotografia”, com curadoria de Miguel von Hafe Pérez, na qual pudemos ver obras fotográficas de diversos autores e ligadas ao universo nocturno, ao rock e às festas populares.
Às 15 horas, entrávamos oficialmente na recta final do Cu.Co. com uma festa de despedida que se prolongou durante algumas horas no Café-concerto do Convento São Francisco. A música reinou e trouxe a palco três nomes distintos: primeiro foi Rui Ferreira, da Lux Records, que conduziu um DJ set recheado de espírito rockabilly graças a uma cuidada selecção musical sem barreiras temporais; seguiu-se o pianista Tiago Sousa, que apenas tocou um tema e declamou um longo texto em jeito de antecipação do revisitar de um projecto com o Coro das Vontades; e a deitar a casa abaixo esteve o trio liderado por Filipe Furtado, um conjunto que cruza a música jazz de diferentes balanços — do mais contemplativo ao mais furtivo — com uma poesia refinada e carregada de mensagem social e política.
As raízes do Cu.Co. estão definitivamente firmadas em Coimbra e tudo leva a querer que a iniciativa esteja no caminho certo para começar a colher frutos ainda mais visíveis a qualquer momento. Que os anos vindouros nos tragam ainda mais edições e que estas ligações entre os diferentes segmentos da cultura possam sair reforçadas.
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