Ao quarto dia de Cu.Co.: Encontro de Jornalismo Cultural de Coimbra já se voa de asas bem abertas. E até se consegue nidificar. Foi ao Salão Brazil que chamámos de “casa” ao longo da penúltima sessão deste urgente evento que cruza artistas, jornalistas e demais agitadores culturais, que arrancou pelas 11 horas com mais um debate, desta vez em torno da temática “A cobertura de festivais: práticas e estratégias”.
Daniel Belo (Antena 3) moderou a conversa que envolveu uma troca de ideias entre Pedro Dias de Almeida (Visão), Ricardo Farinha (Rimas e Batidas, Observador, Mensagem de Lisboa), Bega Villalobos (In & Out Jazz), Adailton Moura (Rapresentando, Rimas e Batidas), Filipa Teixeira (Observador, Sábado), Diogo Barbosa (RUC) e Ana Margalho (Diário de Coimbra). Por aqui falou-se das experiências de cobertura de eventos culturais e da relação entre os organizadores dos mesmos e a comunidade jornalistica, recodrdando-se episódios positivos e negativos, discutindo-se sobre o modus operandi de cada pessoa/entidade — da reportagem diária à geral, com espaçamento de mais ou menos dias para meditar sobre o que se viveu em cada evento — e do “problema” dos influencers — que roubam cada vez mais espaço aos media.
Depois de um almoço pelas redondezas, regressámos ao Salão Brazil para aquela que foi a derradeira talk deste Cu.Co. e que colocou “O jazz no centro” da mesa de debate. Sentados à conversa estiveram Sofia Rajado (jazz.pt, Rimas e Batidas), José Miguel (JACC), João Mortágua, Bega Villalobos e Filipa Teixeira, ficando Rui Miguel Abreu (Rimas e Batidas, Expresso, Antena 3) com o papel de moderador. O tópico mais urgente a surgir dentro deste diálogo terá sido o da presença das mulheres no jazz, que em termos de números ainda são pouco expressivas — quer em termos discográficos, como de presenças em palcos —, mas que no circuito educativo a coisa se tem vindo a mostrar cada vez mais equilibrada, conforme nos garantiram os connoisseurs do circuito local Mortágua e José Miguel, apontando mesmo uma música e compositora em concreto enquanto principal promessa para o futuro: Estela Alexandra, anotem este nome.
Após o esbater de todas as ideias, o jazz passou da palavra à música através dos sopros (e algumas percussões) de João Mortágua e da bateria de Diogo Alexandre, dupla que responde por STAU. Donos de uma técnica incrível, que lhes permite “arrancar” som das mais diferentes formas de tocar os respectivos instrumentos, prometeram-nos um breve espectáculo sempre à lei do improviso, reagindo aos inputs um do outro e passando por momentos de diferentes cadências. Se dúvidas restassem quanto à repentinidade daquelas criações, todas se dissolveram quando, já por volta das 23 horas, repetimos a dose destes dois músicos que estava a ser servida num bar ali por perto, o Liquidâmbar, onde o que se escutou foi completamente diferente — mas igualmente entusiasmante.