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Fotografia: Filipe Furtado
Publicado a: 05/09/2024

Vamos ao que importa.

Cu.Co.’24 — Dia 1: o futuro do jornalismo cultural debate-se em Coimbra

Fotografia: Filipe Furtado
Publicado a: 05/09/2024

Está aí o descolar do Cu.Co.: Encontro de Jornalismo Cultural de Coimbra, uma semente plantada por Rui Miguel Abreu e a Câmara Municipal de Coimbra com vista a (re)pensar a forma como se aborda a arte na imprensa. Numa altura em que nunca se falou tanto acerca da importância do jornalismo na nossa sociedade, esta iniciativa nasce ancorada num par de ideias-chave, propondo-se a: “Ser um laboratório de pensamento e discussão das diferentes problemáticas que rodeiam o jornalismo cultural no presente — a sua urgência, o seu enquadramento, a sua pertinência na idade das redes sociais, o seu financiamento — mas também estabelecer uma plataforma que permita comunicar as diferentes dinâmicas culturais que existem na cidade de Coimbra, tanto dentro como fora de portas.”

Ao primeiro dia, todos os caminhos foram dar ao CAV – Centro de Artes Visuais, e às 15h30 os presentes foram guiados por um par de exposições — “Popalolo”, onde se encontram reunidas várias obras de António Palolo; e “Fonte Sonora”, em que som e artes plásticas se fundem num trabalho assinado por Dalila Gonçalves.

Com os debates no centro de toda a programação, a primeira dessas trocas de ideias estava marcada para as 16h30. Moderada por Rui Miguel Abreu (Rimas e Batidas, Expresso, Antena 3) e Daniel Belo (Antena 3), a conversa sobre “Novos desafios do jornalismo cultural” decorreu numa das salas do próprio CAV e reuniu vários jornalistas e agitadores culturais — Adailton Moura (Rapresentando), Débora Cruz (Gerador), Pedro Dias de Almeida (Visão), Carlos Antunes (CAPC), Miguel von Hafe Pérez (Centro de Artes Visuais) e Ana Margalho (Diário de Coimbra).

Nessa talk, começou por se notar do excesso de multitasking pelo qual se rege o actual panorama do jornalismo, já que é comum os profissionais desta área terem deixado de praticar o seu ofício em exclusivo, passando também a assumir, a título de exemplo, as filmagens das próprias entrevistas ou os conteúdos nas redes sociais, retirando boa parte da atenção àquilo que realmente interessa: o pensamento crítico. Entre as diferentes intervenções, Pedro Dias de Almeida comparou ainda o jornalismo à publicidade, devido à pressão que existe no meio em escrever bem sobre determinado tema e evitar a crítica negativa (mesmo quando esta pode ser bem fundamentada). Ainda assim, o brasileiro Adailton Moura (que também colabora com o Rimas e Batidas e a BANTUMEN) garantiu sentir maior liberdade para aprofundar as suas matérias na imprensa portuguesa no que na do seu país. Já na recta final, Daniel Belo, sublinhou a importância de procurar cobrir os acontecimentos culturais do maior número de áreas possível de modo a prestar um serviço público mais abrangente e personalizado, dando o exemplo da Antena 3, que tem os seus colaboradores espalhados por diferentes distritos.

O dia inaugural do Cu.Co. terminaria com alguns showcases. No final da tarde, também no CAV, o guitarrista e poeta José Anjos conduziu uma performance de cariz mais experimental, onde esteve acompanhado do multi-instrumentista Sérgio Costa, músico que fez parte dos Belle Chase Hotel e que trabalha como teclista e arranjador para o histórico cantautor Vitorino. Entre poemas originais e outros adaptados, a dupla levou-nos pelo que podia ser uma viagem de submarino comandada por Adolfo Luxuria Canibal e Jack White, com o blues e o rock mais poeirento enquanto linhas guia de uma actuação breve mas recheada de texturas — por vezes contemplativas ou abstractas, noutras mais directas na sua intenção, com alguns laivos de folk e muita experimentação ao nível dos efeitos sonoros.

Já depois do jantar, a proposta passou por uma visita ao Salão Brazil, onde a partir das 21h30 teve lugar uma pequena festa de antecipação do Luna Fest’24, que este ano se realiza em Coimbra entre os dias 6 e 8 de Setembro. Pelo clube passaram um par de actuações que tiveram as sonoridades da new wave e seus derivados como principais alicerces: primeiro foi o lendário Pedro Chau, figura incontornável da cena punk conimbricense pelo trabalho que desempenhou em bandas como Tédio Boys ou The Parkinsons, que se apresentou a solo munido de baixo, sintetizador e outros apetrechos electrónicos; seguiu-se o projecto Cariño Muerto, que é liderado pela vocalista mexicana Lorena Sequeyro, que aplicou um pulsar rock mais vincado à interpretação das suas canções.


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