pub

Publicado a: 20/10/2015

Corona lançam Lo-Fi Hipster Trip: “Se o álbum anterior era dos cogumelos, este é da heroína”

Publicado a: 20/10/2015

[TEXTO] Rui Miguel Abreu [FOTO] Rui Correia

 

Logos e dB estão de regresso ao local do “crime”, o estúdio, e editam hoje Lo-Fi Hipster Trip, sucessor do trabalho de estreia Lo-Fi Hipster Sheat editado em 2014 pela Meifumado Fonogramas. O novo trabalho da dupla Corona é agora apresentado para stream através do YouTube e deverá conhecer edição física, uma vez mais através da Meifumado, dentro de uma semana. Trata-se, novamente, de um registo conceptual, a que dão uma ajuda vários convidados insuspeitos: Kron Silva, 4400 OG, Alferes M. (Minus), Skillaz (de MGDRV), Frankie Dilúvio (Blasph), Chester (RealPunch de Tribruto) e o Jim Morrison da Pasteleira (o radialista e apresentador de televisão Álvaro Costa).

Ao Rimas e Batidas, o produtor dB avança já algumas pistas para a descodificação do novo trabalho de Corona: “Tendo em conta a forma como foi feito o primeiro álbum, uma coisa completamente casual e sem expectativas, a recepção tem sido excepcional e completamente fora do que alguma vez sonhámos quando começámos este projecto”, concede o produtor. “Entretanto todos os concertos que fizemos aproximaram-nos ainda mais e ajudaram-nos a criar uma identidade à volta do que estamos a fazer”.

Em termos criativos, sublinha dB, nada se parece ter alterado: “O processo foi o mesmo do anterior: eu andei a dar lhe no diggin’, depois criei uma série de bases, que foram o meu presente de Natal para o Logos. Ele por sua vez pegou nessas bases, e entre Janeiro e Fevereiro escreveu. Na Primavera fomos para o estúdio e gravámos as vozes. E depois eu troquei as voltas todas a toda a gente, porque de todas a faixas do álbum só metade é que ficaram com as letras idealizadas para aquelas beats. O resto são quase remixes, ou seja, o Logos gravou as letras num beat e eu usei as letras noutros beats que entretanto fiz. Muitas faixas deste álbum são pura reciclagem: tratam-se de letras e vozes que até se tinha decidido não usar e que eu depois adaptei a outros beats. Resumindo, é um autêntico fruto do acaso e um falhanço de planeamento. Mas Corona é isto, não tem explicação, por vezes”.

Para o álbum de estreia, dB definiu uma moldura sonora muito específica em termos de sampling, abordando sobretudo gravações rock dos anos 70, com muito prog e kraut à mistura. As coordenadas foram alteradas para este novo registo: “Desta vez foi engraçado”, garante o produtor. “Numa primeira fase queria repetir o que fiz no outro trabalho e queria fazer um álbum com samples de cumbia… mas acabei por desistir”, recorda, entre risos. “Depois andei a ouvir muito as coisas da cena Madchester e as bandas da Factory Records – Joy Division, Happy Mondays, A Certain Ratio, etç.. Não samplei nada deles, no entanto andei à procura de um conceito: aquele feeling punk, pós-moderno. E tentei samplar coisas que me transmitissem esse feeling e criar o seguinte: rap com cheiro a 90s; não o movimento hip hop dos 90s, mas sim esse movimento Madchester. Uma espécie de indie punk rap com cheiro a 90s”, elabora dB. “Se o álbum anterior era dos cogumelos, este é da heroína”.

Para se encaixar nesse conceito, o duo não poupou esforços para encontrar um formato original para a edição física. “A edição física é em formato caixa de medicamentos por este motivo mesmo. Este é um álbum mais pesado que anterior, mais obscuro”, explica o produtor. “De início a ideia até era replicar a caixa do “KIT” (aquelas embalagens que se viam espalhadas pelos becos nos 90, que traziam uma seringa e um preservativo, toalhetes etc. e que eram distribuídas nas farmácias). No entanto essas embalagens traziam as seringas e não as drogas. Eram algo para prevenir, para ajudar. E este álbum não é para prevenir nem ajudar nada”, esclarece dB que depois conclui que “é mesmo para te pôr a viajar. Então daí partimos para outro conceito: adaptar a caixa de um anti-depressivo a um álbum, fazer deste álbum uma espécie de prescription pill musical, que tanto pode usar usada para curar… como para fins recreativos…”

Psicadelismo hip hop de recorte profundamente lúdico, com momentos absurdos que funcionam como um retrato possível da realidade paralela a que certas substâncias podem dar acesso. É o novo álbum dos Corona, Lo-Fi Hipster Trip, e pode ouvir-se por aqui mesmo.

 

pub

Últimos da categoria: Avanços

RBTV

Últimos artigos