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Fotografia: Cláudio Ivan Fernandes
Publicado a: 22/07/2024

Há ainda uma nova curta-metragem que desvenda os bastidores do grupo.

Conjunto Corona celebram 10 anos com concertos especiais em Lisboa e Porto

Fotografia: Cláudio Ivan Fernandes
Publicado a: 22/07/2024

Já lá vai uma década desde que David Bruno e Logos uniram esforços para dar corpo a Corona, arquétipo portuense que deu origem a todo um metaverso próprio, com narrativas construídas em torno de álbuns conceptuais, personagens, rituais e peças invulgares de merchandising.

A dupla celebra este aniversário redondo com dois concertos especiais em Lisboa e Porto. Actuam a 26 de Outubro no Lisboa ao Vivo e a 31 de Outubro no Hard Club. Os bilhetes encontram-se à venda online. Antes disso, actuam a 1 de Agosto no Festival Ponte D’Lima e a 9 de Agosto nos Banhos Velhos das Caldas das Taipas.

Há uma semana, lançaram no YouTube uma curta-metragem documental, dirigida por André Capelas e Diogo Vilsa, que desvenda os bastidores do grupo. “No fundo, é agradecer às pessoas que nos têm acompanhado desde o início. Mostrar quem somos nós na parte de trás, na hora de jantar, quando nos estamos a preparar para o concerto, com os nossos amigos e família”, explicou Logos em declarações ao Rimas e Batidas, após o concerto que deram no NOS Alive

“Mas feito por uma pessoa de Rio Tinto que tem uma linguagem muito especial”, acrescenta David Bruno. “E foi por isso que aceitámos fazer com ele, porque fizemos este processo e nunca demos conta de que ele estava lá. Nós temos muito esta coisa de balneário de futebol: aqui atrás não queremos ninguém a filmar nem a gravar. Queremos estar aqui, ter os nossos rituais e estarmos em paz, connosco próprios, a sermos honestos. Não queremos todo aquele aspecto de espectáculo. E nunca quisemos. Mas fizemos com este nosso amigo porque já o conhecemos há algum tempo.”



E como é, afinal, a preparação de um concerto de Conjunto Corona nos bastidores de um festival? “Antes do concerto, não há energia nenhuma”, remata David Bruno. “É quase como uma equipa de futebol que já joga há muitos anos. Ninguém antes do jogo está a dizer: ‘Olha, depois passas-me. E se eu chegar ao segundo poste cruza para eu fazer golo’. Não é preciso. Estás aqui tranquilo, entras lá e já sabes como é que as coisas se passam. Assim é Corona.” Logos acrescenta apenas: “Há um detalhe só. Sabes que a idade não perdoa, portanto tem de se fazer alguns alongamentos, para no dia a seguir um gajo estar minimamente fixe”. David Bruno lembra-se ainda de outro detalhe importante: “E tomar protector gástrico”.

Com seis discos de originais no currículo, o alinhamento acaba sempre por dar maior atenção ao álbum mais recente, mas sem nunca descurar os temas favoritos dos fãs de discos passados. “Vamos um pouco pela experiência dos concertos. Há aquelas músicas que sabemos que funcionam bem e, acima de tudo, quando estamos a ensaiar, há aquelas que ensaias e dizes que está igual ao disco. Nós nunca queremos que estejam. Quando não conseguimos dar esse volte-face à música, de ao vivo soar diferente… É uma boa forma de seleccionar”, explica Logos.

Já David Bruno prefere parafrasear Quim Barreiros. “Ele disse algo assim uma vez: podes guardar um pequeno slot para tocares músicas novas e experimentá-las por um tempo, mas ao fim ao cabo, quem é que manda nisto? É o público. Quando a gente diz que são demasiado gentis, é óbvio. E se sabemos que eles gostam daquelas músicas, temos de tocar aquelas músicas ao vivo. Podemos guardar um pequeno espaço para ver quais funcionam ou não, e algumas funcionam muito bem, se calhar até melhor do que anteriores, e acabam por as substituir. É um processo de actualização, mas sempre tivemos a percepção de que é muito importante respeitar o público. Estas pessoas pagaram dinheiro para ver este concerto. Às vezes vejo artistas maiores, sobretudo internacionais, que de repente fazem um alinhamento que inclui zero êxitos, que são os que as pessoas estão à espera, e fazem concertos experimentais. Acho que essas pessoas nunca foram ver concertos nem nunca tiveram de fazer um esforço — ‘este mês vou ter de poupar para comprar o bilhete para ir ver esta banda, gosto tanto desta e daquela música’ —, e depois chegas lá e não há nenhuma dessas? É uma desilusão total. Nesse sentido, respeitamos mesmo muito. Sabemos que as músicas de que as pessoas gostam nunca poderão falhar. E as outras vão entrando.”

Aproveitámos para reflectir também sobre a importância de tocarem num festival como o NOS Alive. “Para chegarmos aqui, fizemos estrada em todos os sítios. Nunca nos negámos a tocar fosse onde fosse, desde sítios mais rurais a citadinos, e até isso foge muito ao que é o habitual numa banda de rap. Nunca tivemos essa postura de só querermos tocar em Lisboa e no Porto, ou em cidades”, diz Logos. “Para nós isto é mais uma forma de reconhecimento do que temos feito e é mesmo fixe um gajo tocar aqui no mesmo dia de Smashing Pumpkins, que ainda fui espreitar um bocado porque gosto muito da banda… Há espaço, e isso para nós é que também é satisfatório. As pessoas é que ditam que há espaço para virmos aqui e, como se viu, tínhamos uma linha da frente que sabia o que estava aqui a fazer e acaba por depois contaminar o resto das pessoas que estão a ver. Nos concertos no Musicbox ou no Hard Club, e isso notou-se muito com este disco, e ficamos muito felizes com isso, reparamos que há pessoas novas lá, que não estávamos habituados a ver há dois, três ou quatro anos; mas que também já sabem ao que vão e que obviamente também deriva deste tipo de eventos que nos fazem chegar a mais pessoas.”

David Bruno acrescenta: “Tocar no Primavera Sound, no NOS Alive, no Paredes de Coura… E depois tocar em Abrantes, naquele skate park no buraco, em que tínhamos aquele rapaz que tinha autismo e que passou o concerto todo agarrado ao Homem do Robe, porque viu uma cena especial e apaixonou-se pelo Homem do Robe. Para mim isso é mais lindo até do que estes concertos aqui, se bem que estes são muito importantes para firmar o nome e tocar para muita gente”.


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