pub

Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 02/04/2022

Uma vez por mês.

Colectivo Casa Amarela sobre Jejum: “Estamos a programar concertos que queremos realmente ver”

Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 02/04/2022

Aproveitando nova sessão do Jejum, falámos com Aires, do Colectivo Casa Amarela, para conhecer um pouco melhor as peculiaridades desde ciclo, como o que têm preparada para o futuro mais imediato. É já este sábado que o CCA apresenta a sua nova edição com Canadian Rifles & Burning Pyre e Otro, músico proveniente de Valência.



Quando surgiu e qual a necessidade de organizar um ciclo como o de Jejum?

O Jejum surge a partir de um convite directo do Pedro Barreiro, programador da Rua das Gaivotas 6. Percebemos que tínhamos sensibilidades muito semelhantes, e fazia sentido colaborar num projecto a longo prazo — esta colaboração já podia ter acontecido em Março de 2020, com a RDG6 a acolher um fim-de-semana curado pelo CCA, chamado Entretanto, em 2027 – sobre a possibilidade tenebrosa do país ter novamente um chefe de governo fascista — mas o COVID não deixou. Interessava ter um pequeno circuito para concertos regulares de electrónica experimental, numa sala com todas as condições, com uma equipa capaz. Estamos a programar concertos que queremos realmente ver. Até agora, tudo bem.

O que pensas que faltava no contexto musical de Lisboa para se aventurarem em organizar um ciclo como o Jejum?

A falta ou a carência podem ser grandes motivadores mas não nos parece que Lisboa esteja mal servida, musicalmente. Existe, isso sim, um gap cada vez maior entre as salas pequenas e as salas de média dimensão. Apesar do apelo do DIY, poder fazer o Jejum na RDG6, em quadrifonia, com todas as condições, e sem ter que justificar absolutamente nada na programação é um privilégio e só queremos aproveitar a oportunidade.

Apesar das vicissitudes de horários devido às restrições impostas pelo confinamento, qual o balanço que fazes do Jejum?

Das 12 sessões do Jejum, as primeiras 9 foram concertos às 11h da manhã, o que é um risco, como sabes. Ainda assim tivemos uma pequena grupeta que acordou cedo para vir aos concertos, quase sempre com volume alto, numa sala em blackout, cheia de fumo. O balanço é positivo e não nos arrependemos de nenhuma escolha. Para 2023 queremos reunir alguns apoios e promover mais colaborações e alinhamentos inusitados.

Penso não estar enganado, mas esta sessão apresenta, pela primeira vez, um concerto duplo. Porquê terem escolhido esta sessão especificamente e porquê não terem apostado mais nesta solução?

O concerto duplo às vezes faz todo o sentido mas não é sempre possível conseguir a coerência que vamos ter nesta edição. Afinal, é um showcase de uma editora fundamental para perceber a nova música experimental europeia — Eastern Nurseries. Já tivemos várias ideias para concertos duplos e até concertos híbridos, multiformato. Podem esperar novidades nos próximos tempos.



O que se pode esperar da apresentação de Canadian Rifles & Burning Pyre. Algo muito próximo do que ouvimos na edição conjunta ou alguma novidade, tanto em termo sonoros, como visuais?

Estamos muito entusiasmados com esta dupla e somos fãs do trabalho dos dois, tanto individualmente como em conjunto. O The Snipe & The Clam é um dos melhores discos do ano passado mas sei que já andam a trabalhar noutras coisas. Vai ser incrível, de certeza. 

Há um som muito particular em Otro. Uma experimentação das fronteiras sonoras entre a electrónica, um certo regionalismo e uma visão cinematográfica. Como conheceram o trabalho deste artista radicado em Valência e o porquê de terem endereçado o convite?

Conhecemos o Otro com o lançamento de 2020 Untitled (Live from nowhere), da Eastern Nurseries. Esse disco e o seguinte — Portuaria — são da melhor música que ouvimos nos últimos anos e quando surgiu a chance de o trazer a Lisboa nem hesitamos. É um óptimo representante da cena de Valência, uma das mais interessantes na intersecção entre a música experimental, Internet culture e uma certa linguagem pop desconstruída.

Esta relação cinematográfica do trabalho sonoro de Otro está muito presente. Como se fosse uma banda sonora do quotidiano. Esta relação ficará por aqui ou já têm em vista outras colaborações?

O trabalho dele tem essa qualidade, muitas vezes parece uma tradução sonora das micro-narrativas do dia a dia. Vamos ver, ideias não faltam e a vontade é mais que muita.

Quais as próximas sessões de Jejum?

7 de Maio, com o grande Francisco Oliveira. Em Junho o Ricardo Nogueira Fernandes com um projecto bem interessante. Mais tarde o Vomir e um showcase de uma editora muito fixe, fundada em Copenhaga e imitada um pouco por todo o lado. Vejam lá se adivinham qual é.


pub

Últimos da categoria: Entrevistas

RBTV

Últimos artigos