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Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 02/11/2020

Uma das plataformas nacionais mais relevantes para uma evolução de pensamento que se espera constante.

Cinco anos de Rádio Quântica: “A nossa prioridade sempre foi dar voz a artistas nas margens”

Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 02/11/2020

Festeja-se por estes dias o quinto aniversário de Rádio Quântica, mas podíamos dizer que parecem muitos mais, dada a influência e o peso que a mesma tem tido no panorama português de música electrónica. Um movimento que deu a conhecer muita música e que sempre teve como prioridade “dar voz a artistas nas margens, seja pela sua identidade ou pela sua prática”, como nos confessa Violet, uma das fundadoras deste projecto que celebrou ontem, dia 1 de Novembro, o seu quinto ano de vida com uma festa em live stream via Twitch e Instagram, e da qual fizeram parte nomes como phoebe, Kerox, Shcuro, Maria Amor, Fuinki, Savant Fair, entre outros.

A dinâmica da Quântica permitiu que vários programas aparecessem e que deles novas iniciativas florescessem também.  Os músicos, artistas e DJs que circundam este tempo e este lugar da música de dança puderam dar a conhecer o seu trabalho, mas também ter uma plataforma de apoio para a criação de novas ideias, festas, editoras e muito mais. Desde a sua criação, pudemos ver nascer kit ket, mina, naive ou Paraíso, para nomear alguns.

Mais recentemente, no final do ano passado, a Quântica criou também uma editora que, segundo Photonz, outro dos fundadores, “é apenas mais uma via de realização da missão original da Quântica; criar uma plataforma comum para fortalecer vozes e iniciativas culturais emergentes”. E foram já editadas duas compilações – IV e VA – Complacent = Complicit, esta com doações para SOS Racismo – e dois EPs – Post Rave Effects de Assafrão, e Living On Valued Energy de phoebe.

A maior novidade deste quinto aniversário é o website melhorado da Rádio Quântica: agora há a possibilidade de consulta de notícias, de eventos e do arquivo de programas da rádio. Com este mote, decidimos falar um pouco com alguns dos dinamizadores desta rádio comunitária que tanto tem feito pela música portuguesa. Parabéns, Quântica. Que continuem por cá durante muitos anos.


Rádio Quântica

Rádio Quantica is a Lisbon-based community radio station established in 2015, and developed with a diverse group of artists and crews – a safe haven where the voices of underground artists and activists can be heard.


Antes de mais, gostaríamos de saber: sentem que a forma como as pessoas se relacionam com a Quântica se alterou muito com o confinamento?

[phoebe] Sim, de certa forma sentimos que o confinamento trouxe uma certa proximidade das pessoas com a Quântica, muito porque tivemos o Quantum Leap [festival virtual que ocorreu em Março] através do Twitch no início da quarentena, e permitiu-nos conectar diretamente com o nosso público através do chat. Foi mesmo como se estivéssemos numa festa IRL e também foi fixe podermos [fazer um] showcase o trabalho dos nossos broadcasters.

O quarto aniversário da Rádio Quântica foi marcado pelo lançamento de uma compilação, a IV. Porque quiseram celebrar o quinto aniversário com uma festa e um novo site?

[phoebe] A celebração do aniversário anterior veio um bocado como uma urgência de nos unirmos para angariar dinheiro para melhorar as condições no estúdio, tivemos que arranjar soluções meio last minute para sairmos da nisso situação q.b. precária quanto ao equipamento, e desde essa altura sentimos que tínhamos que melhorar vários aspetos relacionados com a estética da rádio. Surgiu a oportunidade de podermos criar o novo website com a ajuda do Shcuro e da BLEID e por acaso a data de lançamento do website coincide com o nosso aniversário. Decidimos juntar tudo e fazer um mega bday bash, e obviamente seguindo a regras de distanciamento social, optámos por fazer uma live session no Twitch para dar seguimento ao tão bem-sucedido Quantum Leap!

Segundo o vosso comunicado de imprensa, o novo website da Rádio Quântica – que surge com esta celebração – terá um formato bem mais dinâmico. O que nos podem contar sobre as novidades do mesmo?

[BLEID] Após alguns anos a ter apenas uma landing page com o horário e um pequeno about, sentimos que estava na altura de dar o passo em frente e apostar num website que demonstrasse as várias frentes de trabalho que a rádio tem desenvolvido ao longo dos seus cinco anos de existência.

Criámos uma secção de “LIVE” onde podem ser visualizadas as streams realizadas no Twitch e introduzimos também uma secção dedicada aos shows e aos seus hosts, permitindo que cada show passe a ter o seu subdomain dentro do site da rádio com as suas emissões posteriores arquivadas, infos e respectivos links.

Para além disso agora contamos também com áreas de divulgação de notícias e eventos relativos aos colaboradores da rádio, uma nova secção dedicada à label iniciada no fim do ano passado, e uma pequena área de chat onde os nossos ouvintes podem interagir. Adicionalmente, passámos a incluir o merchandising disponível numa secção de shop e, dado o carácter nonprofit e comunitário da rádio, incluímos também uma secção de doações onde quem quiser ajudar a rádio a suportar os seus custos o pode fazer via Paypal.

O que sentem relativamente aos últimos cinco anos da Rádio? Existe uma sensação de dever cumprido?

[Violet] Quase! Existe uma sensação de “work in progress”, e também de gratidão: de todo o trabalho voluntário e o amor à ideia de uma rádio comunitária ter valido a pena, e continuar a valer a pena.

Sentem que o papel da rádio evoluiu consideravelmente em relação àquela que era a sua função quando foi criada?

[Violet] De alguma forma fomos mudando com o mundo e as necessidades de uma comunidade artística em constante mudança. A nossa prioridade sempre foi dar voz a artistas nas margens, seja pela sua identidade ou pela sua prática. Alargámos o espectro de acção, passando a incluir um festival (ano 0) e um festival digital (Quantum Leap), as noites regulares pré-pandemia – e a editora.

Mais recentemente, a Quântica passou também a editar música. É uma valência que esperam ver mais desenvolvida num futuro próximo?

[Photonz] A editora é apenas mais uma via de realização da missão original da Quântica; criar uma plataforma comum para fortalecer vozes e iniciativas culturais emergentes. Neste espírito, a rádio acaba por atrair e integrar expressões muito especiais dentro da cena musical portuguesa, criando um conjunto que é mais do que a soma das partes e que, achámos, resultaria num catálogo incrível.

À volta da Quântica desenvolveu-se um meio muito rico, com muita adesão, no qual DJs, artistas e activistas em crescimento se puderam estabelecer, e novas iniciativas, festas e editoras puderam florescer em paralelo. O que podemos esperar para os próximos cinco anos?

[Photonz] O futuro da Quântica passa, por um lado, por continuar a usar a rádio como pretexto para vivificar a comunidade, incluindo novas vivências e pólos de actividade ou questionamento, mas também por expandir essa acção comunal a outros formatos; como a editora, a publicação de notícias sobre a actividade artística ou política dxs broadcasters, a criação de parcerias e pensar, continuamente, sobre novas formas de viabilização dessa mesma actividade emergente que queremos mostrar.

Como veem o panorama da música electrónica a nível nacional?

[Violet] Incrivelmente activo e cheio de pessoas e projectos interessantes. Estamos muito felizes de ver mais pessoas não-brancas, mais mulheres e mais pessoas trans, não-binárias ou queer a receber mais oportunidades. Vamos continuar a empurrar nessa direção!


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