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Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 08/12/2025

O músico brasileiro faz três concertos em Portugal.

Cícero: “Não dá para planear muito a vida, é mais sobre surfar as ondas do que tentar controlar o mar”

Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 08/12/2025

Seis anos depois de ter deixado Portugal, onde morava e onde gravara um disco (Cosmo, de 2020), Cícero está de volta ao país que deixou graças à pandemia e ao impacto que o acontecimento teve na sua vida familiar. O cantautor brasileiro de 39 anos, uma das vozes mais destacadas da MPB da sua geração, vem fazer três concertos deste lado do Atlântico.

Começa no Centro de Artes e Espetáculos de Vale de Cambra (12 de Dezembro), prossegue para o Cine-Teatro de Amarante (13 de Dezembro) e conclui a viagem com uma performance no Teatro Maria Matos, em Lisboa (15 de Dezembro). 

Cícero traz um formato intimista e inovador chamado Concerto 1, o mesmo título do disco best-of que apresentou este ano com que tem vindo a percorrer o Brasil profundo nos últimos anos. Aparece sozinho em palco, munido da sua voz e violão, mas com uma orquestra virtual, previamente gravada, projectada nas suas costas. Desta forma, os arranjos não são minimais; pelo contrário, todas as dimensões sonoras das suas canções estão bem presentes.

O artista promete tocar temas dos seus vários discos, também com foco para o álbum que lançou há três meses, Uma Onda em Pedaços, precisamente sobre os diferentes fragmentos de que é feita uma vida, mantendo o inevitável movimento que já o acompanha desde os 12 anos: primeiro sentir, depois compor. A matéria prima destas canções sempre foram as vivências do seu autor, sem grandes teatralizações ou filtros excessivos.

Em entrevista ao Rimas e Batidas, antecipa os concertos em Portugal e a vida que deixou para trás, fala do novo disco e da maneira distinta como tem encarado a existência nos últimos anos.



Como é que surgiu a ideia para este concerto, para este espectáculo com uma orquestra virtual?

Foi na pandemia, mas a ideia de fazer shows com orquestra já é antiga, desde o João Gilberto que eu gostava desses discos da bossa nova com orquestra. Durante a pandemia, com as lives, eu fazia muitas transmissões tocando violão para o telemóvel. E em algum momento fiquei com a impressão de que a vida seria isso, que a gente não teria mais concertos presenciais porque o confinamento se foi prolongando. E essa ideia nasceu de projectar, ao princípio, uma orquestra na parede do quarto. E tocar na frente. Quando a pandemia acabou, os primeiros concertos que fiz foram do meu disco Cosmo, o disco que eu tinha gravado em Portugal e que tinha ficado sem tournée. Porque lancei em 2020 e só voltei a tocar em 2022. Logo depois dessa tour, conforme fui tocando nos teatros pelo Brasil, a ideia continuou na minha cabeça e eu a ver que muitos teatros eram antigos cinemas e que tinham aquela estrutura… Então comecei a amadurecer a ideia. “E se, ao invés de uma parede, fosse projectar numa tela de cinema? E se ao invés de uma orquestra tocando arranjos aleatórios, fossem as minhas músicas?” E aí fui chegando a este projecto, que é um cruzamento de teatro, cinema e show. É uma orquestra projectada, com os arranjos que ela já tocou, que já estão gravados, mas eu toco ao vivo e essa experiência pareceu-me interessante. Fiz a tour, no Brasil deu muito certo e acabou virando um álbum.

E obviamente também serve para ultrapassar o obstáculo de ser muitas vezes difícil, em termos logísticos, viajar com uma orquestra. 

Exactamente. No Brasil, por exemplo, que é um país em que, principalmente depois da pandemia, o aparelho público ficou muito prejudicado… Seria impossível fazer uma tournée com orquestra pelo Brasil profundo. Eu faria no Rio e em São Paulo e pronto, não faria mais. Com essa projecção da orquestra, consegui fazer 20 estados brasileiros, ir para estados pequenininhos e para cidades muito pequenas, que muitas vezes nunca viram um concerto com orquestra. E uma coisa que eu tinha intuído e que se provou real é que, assim como no filme você em algum momento não pensa mais se aquilo é um filme, aquele carro não bateu de verdade ou aquela pessoa não morreu de verdade, o nosso cérebro aceita o que está no filme e pára de questionar, tal como no teatro —, no Concerto 1 acontece a mesma coisa. Em algum momento, pela magia do ambiente, as pessoas param de questionar se aquela orquestra está ou não ali. Os músicos estão ali tocando em tamanho real comigo, o som está saindo, então as emoções são muito verdadeiras. A música é verdadeira, então a emoção é verdadeira. Então tenho muita felicidade por ter criado este projecto e continuo a tocá-lo também no Brasil. É um show que não pára de ter procura.

E também deve ser uma sensação diferente tocar sozinho no palco, mas com uma orquestra virtual a ser projectada.

É uma sensação totalmente diferente de tudo o que já tive. Eu já tinha feito shows só com violão, com diferentes bandas, guitarra, baixo, bateria, violino, trombone… Já tinha tocado com músicos de câmara, com cordas e sopros, mas essa orquestra é um lugar mental muito diferente. Porque, enfim, são músicos que eu conheço tocando do jeito que eu conheço, mas tocando exactamente igual todos os fins-de-semana. E por tocarem exactamente igual, eu não toco exactamente igual. Vou tocando de forma diferente com eles, o que faz com que o resultado musical seja diferente a cada semana. Então, é uma experiência artística muito enriquecedora. Fazer um tocar muito diferente, criar uma outra relação com o clique, com a afinação, com tudo… É uma experiência muito nova para mim. 

Hoje em dia, como é óbvio, fala-se muito da evolução tecnológica na música e na arte e como isso pode ter efeitos prejudiciais, mas este é um caso positivo de como usar a tecnologia para gerar uma nova experiência. 

Exactamente. Porque tudo é ferramenta para a expressão humana. Eu não vejo a tecnologia como algo que vai desumanizar a gente ou substituir a gente nas artes. As artes vão ser sempre uma ferramenta para que o ser humano se expresse. É como você esperar que as máquinas vão substituir a gente no yoga. Eu preciso de fazer yoga. A máquina pode fazer: tudo bem, faz lá. Mas eu preciso de fazer. De certa forma, acho que arte é a mesma coisa. Eu preciso de me expressar artisticamente. Tudo bem que ela faça música, mas eu preciso de me expressar artisticamente. E, neste caso, é uma tecnologia muito antiga que eu uso. É um projector de cinema e uma câmara que gravou. Não tem nada que impedisse esse show de existir nos anos 80, por exemplo. E eu acho que a inteligência artificial, ou o que seja, ela também vai ocupar o mesmo lugar. De ser uma ferramenta para que alguém se expresse. 

E este é um espectáculo, como vem dessa altura da pandemia, em que tocas canções de várias alturas do teu percurso. Ou agora adaptaste o alinhamento para estar mais focado nestas novas canções do Uma Onda em Pedaços?

É um show aberto, um show que eternamente pode ser outro show. Agora que eu lancei Uma Onda em Pedaços, também toco músicas do álbum. Ele é uma ideia. Posso fazer o Concerto 1 tocando músicas de Luiz Gonzaga, Chico Buarque… Ou posso fazer o Concerto 1 tocando as minhas músicas de um disco só. Eu não toco em Portugal desde 2019, e tocava em Portugal todos os anos desde 2012 ou 2013, alguns anos até toquei duas vezes e tocava sempre o disco em voga na época, porque estava indo muito a Portugal. Como faz muito tempo que não vou, estes shows vão ter músicas de todos os meus álbuns, inclusive do que lancei agora. Todos eles nesse formato de violão e orquestra projectada. É como se fosse uma atmosfera, e todas as músicas cabem nessa atmosfera. 

Mas precisas de ter a gravação prévia da orquestra para poder adaptar os alinhamentos.

O Concerto 1, na verdade, tem três actos. Um acto é com a orquestra projectada; outro tem projecções em que entra mesmo num realismo fantástico, com céus, estrelas e outras coisas cinematográficas na tela; e há um momento em que os músicos saem da tela e ficam só as cadeiras. E eu toco sem os músicos. Então, a parte com os músicos da orquestra é uma, mas em todos os outros momentos cabem outras músicas também. 

Certo, os outros momentos estão em aberto.

Exactamente.

E planeias continuar a apresentar este espectáculo ao vivo?

Esse show tem uma demanda… A compreensão que eu tive… Os meus discos educam-me a mim mesmo. Eles abrem possibilidades de mundo e, depois, eu mesmo entro nessas possibilidades. Então, o Uma Onda em Pedaços deu-me essa sensação de vida desfragmentada que levei para a minha vida. As minhas tournées também estão em pedaços. Ano que vem tenho a tour d’Uma Onda em Pedaços, depois tenho a do Concerto 1, e tenho a do Canções de Apartamento, que é o meu primeiro álbum — faz 15 anos e vou fazer um show tocando esse álbum na íntegra. E essas tournées vão acontecer em paralelo. Depende do espaço que eu vou ocupar, por exemplo. Se eu vou fazer um show num teatro pequeno, mais intimista, vou levar o Concerto 1, porque é o que melhor preenche aquele espaço de som e imagem. Agora, se for tocar numa quadra aberta, num festival, aí levo a tour do Uma Onda em Pedaços, que é guitarra, baixo e bateria, algo que vai ocupar melhor aquele espaço. Então, estou mais tentando entender que espaço físico é para levar o show que melhor o possa ocupar. Foi o entendimento que tive em 2022, ao tocar o Cosmo em teatros pequenos, e a pensar que talvez o Concerto 1 ficasse mais legal. Então, todos os meus shows podem continuar acontecendo dependendo de onde eu vou. 

E também deve ser estimulante poder ir variando e alternando entre os diferentes tipos de espectáculos e formações ao vivo.

É, porque em lugares como o Rio de Janeiro e São Paulo, consigo fazer todos os shows, porque são grandes cidades com um grande público. Mas tem vários lugares no país em que só dá para ir com um show ou outro, você não consegue ir com todos. Eu consigo fazer um show com uma orquestra de verdade no Rio de Janeiro ou em São Paulo. Dificilmente vou conseguir fazê-lo no extremo norte do país, por várias questões. Então também foi uma possibilidade que se abriu na minha cabeça, de conseguir ir a todos os lugares. E em todos os lugares que for consigo levar o melhor da minha obra, sabe? Não é uma adaptação: no Rio faço com uma grande banda e no extremo norte levo uma banda reduzida e faço uma versão reduzida dos arranjos e tal… Eu não queria que nenhum lugar perdesse a experiência. Então, fui pensando nestas hipóteses, porque o Concerto 1 tem uma equipa pequena para um resultado musical muito grande. O meu show com banda nessa última tournée foi com uma banda pequena, de três músicos, tocando guitarra, baixo e bateria, fazendo uma massa sonora muito grande. E a próxima tournée, do Canções de Apartamento, vai ser com os instrumentais originais e completos do disco. Aí tem acordeão, tem guitarra, tem o metalofone. Então consigo pensar em todos os tipos de arranjos e fico mais estimulado criativamente. Eu não tenho um formato que determina a cara que a minha música vai ter. Eu posso dar a cara que eu quiser, sabe? Inclusive só a voz e o violão.

E, como lembraste, já não tocas em Portugal desde 2019 e antes vinhas regularmente ao nosso país. Também é um regresso esperado por isso?

Muito! Eu morava em Portugal quando aconteceu a pandemia. Estava um ano morando no Porto, morei em Lisboa, e quando vim para o Brasil, em 2020, para tocar o meu disco Cosmo que eu tinha gravado e misturado aí a ideia era ficar um mês e voltar para Portugal. As minhas coisas estavam aí, a minha guitarra, a minha escova de dentes, os meus sapatos, e nunca mais voltei porque estourou a pandemia. Cheguei ao Brasil em Fevereiro, o confinamento começou em Março. Então é uma história que se interrompeu a meio da vida e que eu nunca mais retomei além da vontade artística de tocar para um público de que eu gosto muito, que tem muito carinho por mim, existe uma narrativa pessoal aí que eu tenho que concluir, sabe? Tem uma página aí solta na história que eu tenho que resolver.

Mas não planeias voltar a viver em Portugal, pelo menos por enquanto?

Por enquanto não. Eu não voltei para Portugal porque a pandemia foi muito dura comigo, morreram e adoeceram pessoas muito importantes da minha família, então acabei ganhando uma outra importância aqui na dinâmica familiar, eu não posso sair. De certa forma, também fui aceitando com mais alegria esse ofício de ser um filho mais velho, que agora tenho que ficar mais próximo da mãe e do pai. Não me sinto preso, sinto-me pertencente e enraizado aqui no Rio de Janeiro por um período de necessidade familiar. E as idas a Portugal também ganharam um outro significado emocional para mim. Estou muito feliz de ir e vou estar muito feliz de voltar porque sei que vou passar o Natal com a minha mãe e com o meu pai. Quando estava aí em Portugal, que era uma outra dinâmica que estava rolando, eu namorava uma portuguesa, morava com ela e não tinha intenção de voltar. Uma das coisas que a pandemia me ensinou, e de que Uma Onda em Pedaços fala, é justamente isso: não dá para planear muito a vida, é mais sobre você surfar as ondas da vida do que tentar controlar o mar. 

Uma Onda em Pedaços é mesmo sobre pegar nessa matéria prima que é a vida e transformá-la em canções. 

Exactamente, e entender que a vida não é uma coisa única, um projecto só de si. Ela não é sobre o ego, o “eu”, uma unidade. Ela é fragmentada, em pedaços. Você tem o “eu” filho, o “eu” marido, o “eu” funcionário, o “eu” sonhador, o “eu” projecto de si. São várias ilhas e não tem como escolher uma e ficar só nela. Talvez até tenha, mas não acho que seja um exercício sábio de humanidade.

E este álbum reflecte esses vários pedaços e fragmentos da tua personalidade e da tua vida?

Sim, Uma Onda em Pedaços reflecte isso. Mas o álbum do Concerto 1 já me tinha dado esse conceito por ser uma espécie de best-of de toda a minha carreira. Já tinha sentido, nesse concerto, que a vida é fragmentada. Porque pegava numa música de há 15 anos, misturava com uma música de dois anos, com outra de sete e sentia como era fragmentada a minha experiência nos últimos 15 anos. Caramba! O sentimento de Uma Onda em Pedaços foi a tournée do Concerto 1 que me deu, de fazer esse passeio por tantos anos de história de vida através das músicas e ver, caramba, são vários fragmentos mesmo. Então um disco alimentou o outro. Quando fiz Uma Onda em Pedaços, eram coisas inéditas que eu tinha que representavam a minha vida nesse momento. O Concerto 1 é o que representa a minha vida nos últimos 15 anos, mas eles carregam uma premissa parecida, de ser um apanhado de momentos de vida e não uma onda só, como já foram outros álbuns meus, como A Praia ou Cícero & Albatroz. É uma forma nova de enxergar a vida.

E tocar esses diferentes fragmentos de vida em palco também deve provocar sensações distintas, já que inevitavelmente existe, por exemplo, um maior distanciamento em relação ao sentimento de canções mais antigas. 

São totalmente diferentes todos os dias, na verdade. Você faz uma música que toca sentindo de um jeito na terça e de um outro jeito na quarta. É muito louco isso para mim, que não tenho uma relação muito teatralizada com o palco. Ou seja, levo quem eu estou sendo durante o dia para o palco à noite. É uma coisa quase terapêutica, quase uma fisioterapia emocional. E mesmo quando se olha para o “eu” de há 10 anos atrás, tem dias que você olha com carinho, dias em que você pode olhar até com vergonha… Às vezes pensa num verso ou numa frase e não sabe se gosta dessa frase hoje em dia, mas depois passa mais tempo e “nossa, que frase legal”. Porque você já se distanciou tanto daquele cara que você era e se aproximou de um outro você.

E no momento de escrever e compor, pensa muito sobre se deveria partilhar isto ou aquilo? Ou seja, é simples e fácil haver essa vulnerabilidade, expor essas fragilidades, emoções ou pensamentos mais íntimos?

Compor é um exercício que faço desde muito novo. Talvez seja o movimento que mais fiz na vida, o de sentir-compor, sentir-compor. Faço-o desde os 12 anos, quando os sentimentos eram muito primários ainda, desde o final da infância, então já estava expresso ali. Não tenho vergonha de compor e de mostrar também não, o que fui criando ao longo da vida é um critério de: porquê mostrar? A quem é que isto interessa, o que é que isso desloca na sensibilidade do outro? O que é que isso pode trazer de positivo para a psique do outro? Porque eu componho muito, então tenho sempre dezenas e dezenas de músicas pela metade, frases… Quando era muito novo, botava tudo para fora, era um processo mais sem filtros. Hoje em dia, você tem aquele filtro do “já fiz algo parecido”, “já falei isso”, “isso já não tem muito a ver”… Porque às vezes começo a fazer uma música e passado uns anos o mundo mudou, enfim, e questiono-me se vale a pena mostrá-la para o mundo. Porque a atenção das pessoas é o grande commodity dos tempos actuais. É uma coisa muito valiosa e você tem que se esforçar muito para conseguir ter a atenção de alguém, então quero usar o melhor possível aquela atenção, quero não desperdiçar a atenção de ninguém.

Quando olhas para tudo o que já fizeste, e também para o que falta fazer, o que é que sentes que ainda queres mesmo concretizar na tua carreira e que, por alguma razão, ainda não aconteceu?

A pandemia deixou-me humilde em relação à minha carreira, quando parei de poder fazer o que estava fazendo há mais de 10 anos. Eu já o sabia, mas acho que senti mais profundamente o quão maravilhosa é a vida que me é possível. Lembro-me de só querer voltar a fazer o que fazia, só que prestando mais atenção, sabe? Eu faria tudo de novo, o que fiz até hoje, só que prestando atenção que é basicamente o lugar mental em que entrei. Agora vou prestar muita atenção nesta ida a Portugal, vou comer o pastel de nata prestando atenção ao sabor, vou andar pelo centro do Porto e prestar atenção à arquitectura, vou andar por Lisboa e prestar atenção ao clima, enfim, é uma relação mais sensorial com a vida, mais de propósitos. Mas os propósitos vão ser sempre os mesmos: sentir-compor, sentir-compor. Eu sou esse animal, sou esse bicho, é o que me faz feliz. Quando você faz isso na adolescência, está em muito conflito com quem você vai ser; ou quando você tem 20 e poucos anos, você está pensando em como é que você vai arrumar a sua casa; e com 30 e poucos, você está pensando em, “caramba, como é que faço para me estabilizar?” Você tem os deuses de cada época da vida. Agora vou fazer 40 anos, faço em Abril, e o entendimento natural de quem vai fazer 40 anos é ter menos crises, menos dúvidas, menos ansiedade. Quando você tira um pouco essa super-exposição dos sentimentos às circunstâncias, acho que você sente mais as coisas, consegue prestar atenção ao pôr-do-sol, a um público que te aplaude por um show que você acabou de fazer, então é isso.

Menos planos e objectivos, mais viver a vida consoante as oportunidades que surgem?

Exactamente, porque os planos, na verdade, são um exercício mental, eles não são um controlo do destino. Você consegue levemente botar seu barco numa direcção, mas o vento é o vento. Eu tinha um planeamento todo muito legal de vida, a pandemia chegou e mudou tudo. Para mim, o plano perdeu a importância para a observação.


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