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Fotografia: Luana Novi
Publicado a: 27/03/2020

O produtor promete trazer "artistas muito distintos uns dos outros" para a linha da frente.

Chullage é o primeiro convidado de Tayob J. na rubrica Bring The Noiz

Fotografia: Luana Novi
Publicado a: 27/03/2020
Bring The Noiz é o novo projecto a surgir do Noiz Estúdio de Tayob J.. Chullage é o convidado do episódio inaugural da série de colaborações que irá culminar com a edição de um álbum. Dono de uma versatilidade que é rara nos dias que correm, Tayob J. começou a dar cartas durante a década passada e cedo lhe detectámos o talento tanto para a produção como para a arte do DJing. Fundou o seu próprio Noiz Estúdio, orquestrou o colectivo Noss-One e tem vindo a subir degraus consecutivos no que toca à afirmação da sua sonoridade, que já o levou a trabalhar com artistas como Annia, YOUNGSTUD, Sir Scratch ou Vinícius Terra. Mais recentemente, vimo-lo a formar uma dupla com Conductor no projecto Lisa Tika Masala e junta agora Chullage, que acompanha ao vivo enquanto teclista e DJ desde 2016, à sua lista de colaboradores em estúdio. Na série Bring The Noiz, Tayob vai receber vários convidados — sejam eles artistas emergentes ou nomes já consolidados no panorama nacional ou internacional — no seu estúdio com o intuito de criar novos temas. Cada episódio representa uma faixa e sairá acompanhado com um vídeo, baseado em imagens captadas durante o processo criativo decorrido no Noiz Estúdio. Com Chullage enquanto intérprete, “A Raiva que Fica” é o primeiro produto desta jornada, que termina com a compilação de todas as músicas num álbum. Em conversa com o Rimas e Batidas, o produtor desvendou o que esteve por detrás da criação deste conceito e deixou no ar alguns “brindes” que podemos esperar dos capítulos seguintes.

Quando e como é que te surgiu esta ideia de criares o Bring The Noiz? Idealizaste algum tipo de conceito que seja inerente a todas as colaborações que vais apresentar? Então, esta ideia já surgiu há uns dois/três anos, já tinha tido a ideia de fazer um álbum com convidados. Entretanto comecei a trabalhar em alguns temas, um deles foi este com o Chullage, que escolhi para ser o de estreia do projecto. Inicialmente tinha pensado em fazer algo com uma ligação entre as músicas e ter uma espécie de coerência entre os temas, mas ao longo do tempo e do desenvolvimento percebi que neste momento, para arrancar com o projecto, faria mais sentido não estar preso a nenhum tipo de temática ou linha de ideias a não ser a principal: convidar artistas que admiro, fazer música boa e que reflicta não só a estética musical do artista que convido mas a minha, o meu signature sound, quer seja rap, r&b, soul, algo mais afro, ou mesmo funk carioca. Quando a ideia foi criada ainda sem o nome “Bring The Noiz” (nome este que surgiu em conversa com o Chullage), a parte visual seria sempre videoclipes relacionados com o tema. Abandonar essa ideia foi talvez o principal motivo para encontrar este conceito de: o que acontece numa sessão de estúdio comigo no Noiz. Daí este projecto partir sempre dessa base, vídeos no estúdio em que se pode ver o processo, tanto da produção como da gravação, um pouco da mix e master, e mesmo o convívio. Obviamente que para conseguir fazer um vídeo da mesma duração da música não conseguimos ir mesmo ao detalhe de cada processo mas a ideia é passar uma visão geral. O conceito de ir ao detalhe em cada música é algo que estou neste momento a avaliar a possibilidade, dado ter bastante footage para criar algo virado para o pessoal com interesse mais “técnico”. Explica-nos em que consiste o processo de criação destes temas. É tudo criado de raiz ao lado do artista convidado ou tens sempre algumas bases já guardadas? Cada faixa é feita numa só sessão de estúdio? Vai de tema para tema. Este primeiro, quando falei com o Chullage já tinha a ideia base do beat, produzi num dia à noite antes de um ensaio para um concerto e mostrei quando cheguei lá. Ele imediatamente visualizou o tema que queria abordar e mostrou-me um esboço que entretanto fomos trabalhando ao longo dos dias. Voltámos a reunir uns meses mais tarde para gravar e fechar o tema. Mas tenho alguns temas já para o projecto que foram feitos mesmo na sessão com o artista e outros em que já enviei o beat mais estruturado. Tenho também alguns em que estou a trabalhar na escrita juntamente com os artistas (é algo que faço bastante com os artistas no estúdio, trabalho de escrita, linhas melódicas, harmonias, etc…). Mas até agora não houve nenhuma que fosse feita só numa sessão. Falta sempre alguma coisa ou há sempre alguma coisa a mais, por mais que muitas vezes, no fim, até se volte a como a música ficou no inicio. Há sempre aquela sensação de que podia ficar melhor. Indo mais a fundo neste “A Raiva que Fica”, que elementos compõem esta música? É um trabalho mais à base de samples ou também tens aqui instrumentos tocados por ti ou por outros músicos? O beat nesta música foi base de sample, a música que samplei tem um refrão extremamente bonito tanto melodicamente como liricamente e senti que devia usá-lo. Quando “samplas” um refrão desta maneira podes acabar por fechar um pouco o tema que se vai abordar. Neste caso acabou por abrir um caminho diferente para o que Chullage viria a abordar. Depois do sample tens algum trabalho de teclas feito por mim para criar mais dinâmica na música. Neste tema a parte instrumental foi toda feita por mim, mas nos temas seguintes vou ter alguns músicos a enriquecerem as músicas. Portanto nesta música o instrumental foi feito por mim, tal como a captação, mistura e master. A direcção artística do tema foi feita por mim e pelo Chullage e tenho vozes adicionais a dobrarem o refrão para fazer o ”bolo” por Osvaldo Serra e Ana Isabel Duarte. Já acompanhas o Chullage há algum tempo mas julgo que esta é a primeira vez que se cruzam num tema. O que significa para ti esta colaboração e como foi trabalhar de perto de alguém com tanta versatilidade e experiência como ele? Recebi o convite do Chullage para trabalhar com ele em 2016, naquela altura quando recebi o convite pensei imediatamente que o Tayob J. de 2006 estaria aos pulos por saber que o de 2016 ia ser convidado por aquele rapper que, naquele momento, ele ouvia incansavelmente nos fones. Quando este tema surge, já tínhamos desenvolvido uma relação de amizade além da de trabalho, e já tinha aprendido muito com ele. Fazer este tema foi aquele momento em que ele juntou toda a sua bagagem de anos de experiência e talento com aquilo que eu sei fazer e também do que aprendi com ele. Referes que, no final da série, cada uma das criações vai integrar um disco. Já tens em mente a regularidade com que vais lançar cada um dos episódios e a data em que a série chega ao fim? Inicialmente tinha uma ideia de regularidade, mas acaba por ser impossível manter prazos e deadlines porque estou sempre dependente das agendas e processo criativo dos artistas e tento respeitar bastante isso. Portanto preferi não colocar nenhuma periodicidade fixa no projecto. O primeiro episódio saiu hoje, o próximo vai sair muito em breve, mas não quero ainda pôr datas fixas. Quero compilar os temas todos no final, até tentar criar segmentos diferentes com base em estilo ou tema para poder juntar os temas com (desta vez) alguma coerência. Em relação à data do fim da série, ainda não, talvez o fim do ano. Com que outros MCs, cantores ou músicos vais mais trabalhar no decorrer deste Bring The Noiz? Já tens a série toda gravada? Quero deixar mesmo em aberto esta questão dos convidados. Posso talvez adiantar que tenho tanto artistas portugueses como artistas de fora, tenho também tanto artistas já consolidados, alguns em majors, como artistas emergentes que nem sequer lançaram um tema ainda. O objectivo do projecto é exactamente trazer artistas muito distintos uns dos outros. Assim nunca ninguém sabe o que esperar, é como um cartaz de um festival que não sabes que artistas vais ver, vais pela música em si e, se te agradar, ficas pelo artista. A série ainda não está totalmente gravada, faltam alguns episódios que ficaram em stand-by devido à situação actual. Antes de terminar, queria também agradecer à equipa do ReB pela entrevista e por abrirem o espaço para o meu trabalho!

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