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Texto: ReB Team
Fotografia: Martim Torres
Publicado a: 28/03/2023

Uma banda diferente.

Cassete Pirata: “Este ciclo que agora encerra será recordado como uma fase muito bonita na nossa história”

Texto: ReB Team
Fotografia: Martim Torres
Publicado a: 28/03/2023

A postos para o final de uma importante etapa, Cassete Pirata sobem ao palco nos próximos dias para o último par de concertos em torno de A Semente — o concerto de amanhã (29 de Março) no Musicbox já se encontra esgotado, havendo ainda a oportunidade de os apanhar na quinta-feira (30 de Março) pelo Maus Hábitos.

Foi no meio da incerteza causada pela pandemia de COVID-19 que a banda rubricou a edição do sucessor de A Montra (2019). A Semente foi plantada em Outubro de 2021 e parece ter sido bem regada pelos adeptos do conjunto que compreende os talentos de João Firmino (mais conhecido por Pir), João Pinheiro, António Quintino, Joana Espadinha e Margarida Campelo. O crescente interesse em torno de Cassete Pirata permitiu ao quinteto percorrer largos quilómetros de estrada desde então, totalizando mais de 20 espectáculos um pouco por todo o país.

Para assinalar o fim deste ciclo, o grupo está agora a promover o último par de espectáculos no âmbito d’A Semente, tendo ainda “Ser Diferente”, um single editado no final de 2022, como trunfo para puxar ainda mais pelo público nas duas datas. Na passagem por Lisboa e Porto, a banda terá disponível para venda uma edição especial de A Montra em vinil rosa.

Numa breve conversa com o Rimas e Batidas, esta Cassete Pirata fala sobre o momento que o projecto atravessa e confessa já estar a trabalhar em novo material para nos manter entretidos ao longo de 2023.



Falam em concertos de fim de ciclo e como no final dos ciclos se fazem balanços, como olham então para este ciclo que agora se encerra?

Este foi um disco especial desde o início da sua concepção. Primeiro porque foi feito em pandemia, fechados em casa, com a banda a trabalhar na pré-produção à distância, e porque nessa fase nenhum de nós imaginava como iria ser o mundo quando aquele momento passasse, o que tinha reflexo também em como seria o disco recebido — se voltaríamos a tocar ao vivo, quando e como. E portanto, existia uma grande dúvida e expectativa à volta das nossas vidas e do que seria a vida de Cassete Pirata também. A verdade é que, para nós, o pós-confinamento resultou na fase em que mais tocámos ao vivo, em que os concertos mais encheram, e, o mais importante, quando realmente sentimos o click em relação ao carinho do público, com cada vez mais gente a cantar a grande maioria das canções do nosso repertório. Foi quase um sentimento de “agora é que isto começou”, e esperamos que o próximo que aí vem continue a ajudar-nos a encontrar mais e mais pessoas que gostem da nossa música. Este ciclo que agora encerra, tenho a certeza, será um dia recordado como uma fase muito bonita na nossa história, pois no meio de tanta adversidade acabámos por ser recompensados com muito amor do nosso público e passámos noites muito especiais juntos.

O alinhamento destes concertos viaja pelo cancioneiro da banda. Ao longo do vosso trajecto nos palcos, sentiram os temas a transformarem-se?

Sem dúvida. Principalmente porque termos tido a sorte de fazer muitas datas seguidas (para o que estávamos habituados), levou a banda a estar na sua melhor “forma”. É um fenómeno de que falo muitas vezes, porque o facto de Portugal ser um mercado pequeno, acaba por influenciar, obviamente, a capacidade das bandas de chegarem à sua melhor versão, porque a sala de ensaio só funciona até certo ponto e é ao vivo que a música tocada amadurece e chega ao seu máximo potencial. Com esse amadurecimento e conhecimento profundo da música vindo da vida de estrada, a dada altura entramos numa nova dimensão onde, ao invés da música nos cansar, ela renasce e refresca porque improvisamos mais, arriscamos mais, fazemos diferente, mas a cumplicidade faz com que isso aconteça com todos a remarem na mesma direcção. Acho que a música acaba por atingir a idade adulta quando chega a essa fase de crescer por si só, na festa entre nós e o público.

Vêm-se como um grupo feito de cabeças muito diferentes? Ou são mais as afinidades do que as diferenças?

Somos uma família com muitos pontos de convergência. Gostamos de “ser” algo juntos, e todos cedemos para que isso aconteça. É algo natural, nunca forçado, e que nos dá gozo. Passados seis anos, ainda é uma sensação parecida com ir de férias com amigos, quando vamos trabalhar. A nível pessoal é tudo muito orgânico, somos pessoas com o mesmo tipo de atitude na vida, gostamos de gostar, e também temos todos um humor negro muito compatível. A nível musical é bonito ver que, embora consigamos ser muito orgânicos à volta da música que eu escrevo para Cassete, podemos ver que cada um tem o seu próprio mundo musical definido e em desenvolvimento. A Joana Espadinha e agora também a Margarida Campelo têm as duas universos musicais maravilhosos e muito próprios. O João Pinheiro, para além do seu projecto Sal, deixa uma marca gigante sua em todos os projectos onde toca, tal como o António Quintino, mas conseguimos vê-los em diferentes contextos musicais sempre com coerência e relevância. Acho que todos temos o nosso “eu” bem vincado, mas estamos muito confortáveis a ser “nós”. Essa sempre foi a ideia também.

Uma vez que nestes concertos há algo de celebratório, vão chamar alguém para vos ajudar à festa?

Pensámos nisso, mas a verdade é que gerir as nossas agendas já é um “western” o suficiente, e chegámos a esta altura e fez-nos sentido estarmos nós em palco, como somos, na fase em que estamos, sem grandes surpresas ou “stunts” de comunicação. Estamos felizes pelo que fizemos, com muita pica para fazer mais e é isso — e isso chega.

Depois de dia 30 de Março, o que é que o futuro vos reserva? Já há estúdio marcado? Novos temas para registar?

Estamos a trabalhar já em 3 malhas novas que sairão ao longo do ano. Quem conseguiu bilhete para estes concertos vai poder ouvi-las em primeira mão. Temos uns dias de estúdio marcados para gravar algumas coisas pontuais que precisamos para fechar essas canções, e desta vez vamos fazer diferente. A pressão e os prazos para ter um disco todo feito de rajada em estúdio acaba por tirar, às vezes, alguma espontaneidade ao retoque, quanto estamos na fase de fechar a obra, porque simplesmente já não há tempo para o fazer. Por essa razão, e porque agora a grande maioria de nós têm vidas familiares mais exigentes (sim, estou a falar de filhos :)), faz-nos sentido ir fazendo a coisa mais canção a canção, ter o tempo e o espaço para dar o amor necessário a cada malha antes de lhe decidirmos pôr o ponto final.


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