Foi sexta-feira, 2 de Fevereiro, que a Sala LISA se encheu para receber o primeiro concerto dos Casa Bonita, que apresentaram o seu álbum homónimo, editado uma semana antes. A noite era de estreia e de apoio aos cinco amigos que resolveram abrir a porta de uma casa instrumental edificada com tijolos de jazz, argamassa funk e betão electrónico.
Não faltam grooves nesta construção sólida que dá os primeiros passos e evidencia um elevado potencial de mercado: o álbum de Casa Bonita assentaria bem em muitos dos festivais portugueses (e internacionais, uma vez que não há barreira linguística), desde o circuito mais restrito do jazz aos grandes eventos de Verão, de copos e petiscos ao sol, que pedem uma banda sonora a condizer.
Ao vivo, e ainda a ganhar ritmo, os Casa Bonita mostraram que têm valências similares às que já tinham provado em estúdio. O concerto aconteceu de algum modo em crescendo e chegou à sua melhor fase com os temas que fizeram aumentar os BPMs e enalteceram um pulsar electrónico, movido a sintetizadores e percussão, complementado com as notas quentes de baixo e as melodias da guitarra, tal e qual uma orquestra funk a fazer balançar os corpos, usando as quebras e os silêncios da melhor forma.
Esta casa na zona dos Anjos — cujos residentes são André Cardoso (bateria), João Tenente (piano e sintetizadores), Manuel Melo (guitarra), Matt Nicholson (percussão e sintetizadores) e Simão Brás Afonso (baixo) — deu uma auspiciosa e saudável primeira prova de vida, mostrando que está aí para ficar e que existe um grande potencial para explorar.
Estão assentes os alicerces para que, daqui em diante, se possa pegar na matéria-prima e preencher a casa com novas vidas: novos pisos, assoalhadas, músicas mas, sobretudo, concertos. Esta é uma banda ecléctica que pede estrada — e até têm, em paralelo, um colectivo de DJs chamado Aquário — até porque os sons que compuseram ganham verdadeiramente vida no palco, ao vivo, de frente para as pessoas, com espaço para a transgressão e para as emoções à flor da pele.