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Publicado a: 02/07/2016

Buraka Som Sistema: o capítulo final de umas das mais belas histórias da música portuguesa

Publicado a: 02/07/2016

[TEXTO] Alexandre Ribeiro [FOTO] Hélder White

 

Ninguém gosta de despedidas, mas é no momento do adeus que se arrumam as ideias e se coloca a limpo tudo o que veio de trás. Os Buraka Som Sistema foram – nos dez anos de carreira – uma banda que mudou o jogo a nível nacional e, apesar de ainda não termos total percepção disso, um dos motores primários  para a adopção das sonoridades com sabor a África ou América Latina na música pop que preenche as tabelas da Billboard.

 


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Os jardins da Torre de Belém foram o espaço perfeito para uma despedida que sabe a um “até já”. A temperatura quente esteve de acordo com a música que se fez ao longo da tarde e Dotorado Pro – prodígio da Enchufada – foi o primeiro nome que tivemos a oportunidade de ver, sendo responsável por atirar um sem número de hits com ritmo africano e níveis de bass a picar no máximo. Menção especial a “African Scream”, a faixa que mediatizou o produtor, contando com 800 mil plays no SoundCloud.

A pausa para jantar fez-nos perder Dengue Dengue e chegar à hora do início de concerto do MC Bin Laden. Um erro crasso, claramente. A curiosidade para ver o autor de “Tá Tranquilo Tá Favorável” desvaneceu-se em poucos segundos e é difícil entender o porquê desta escolha para o meio de um cartaz escolhido a dedo. MC e DJ em palco numa performance que tem mais de comédia do que de música.

 


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A noite caía junto à Torre de Belém e o espaço em frente ao palco estava cheio: o público português estava preparado para a festa final com a banda de Blaya, Riot, Branko, Kalaf e Conductor. A máquina oleada dos Buraka é um exemplo para todos os que desejam fazer carreira na área do espectáculo e os cinco membros têm o controlo total de todos os movimentos; o efeito exactamente contrário que a sua música nos faz sentir.

O corpo já assumiu que não está num concerto qualquer desde o primeiro momento e todas as canções são etapas numa viagem pela carreira do grupo que abriu o caminho a editoras como a Príncipe Discos. “Wawaba”, “Yah”, “Aqui Para Vocês” ou “Kalemba (Wegue Wegue)” são reconhecidos facilmente pela audiência e elevam-se, certamente, como clássicos da música contemporânea portuguesa. Os três álbuns dos Buraka são história e tivemos a oportunidade de ouvir essa mesma história contada pelos intervenientes, ontem em palco.

 


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Sem esquecer os nomes que não são parte da banda mas que são parte da história dos Buraka, Pongolove foi uma das artistas que subiu a palco para celebrar um legado que passa por todos os artistas que tiveram a oportunidade de ajudar a levar mais longe a obra discográfica do grupo da Amadora.

É perceptível a emoção na despedida, mas também a sensação de que cumpriram uma das mais belas etapas da música portuguesa. O público sabe-o, a crítica reconheceu-o e os BSS vão, mesmo que de forma individual, continuar a cumprir a sua quota-parte no que toca à divulgação da música electrónica com ritmos que vão da América Latina a África. From Buraka to the World!

 


 

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