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Texto: Paulo Pena
Fotografia: José Fonseca
Publicado a: 17/11/2022

Vem e fica.

BR!SA: “A música é uma vertente interessante para alimentar a vontade de falar para alguém”

Texto: Paulo Pena
Fotografia: José Fonseca
Publicado a: 17/11/2022

Não é normal entrar em cena, pela primeira vez, ao lado de quem já tem longa e reconhecida obra nestas andanças. “Normal” não é, porém, um padrão no qual BR!SA procure encaixar. Tem corpo artístico para muito mais, mesmo que ainda conheçamos tão pouco daquilo que é, verdadeiramente, capaz. Quando assim é, o pouco chega para sedimentar, à partida, algumas certezas. Daí que, com pouco mais de um par de faixas oficialmente apresentadas, e um EP de estreia mais ou menos ao virar da esquina, esta seja uma escolha incontestável para uma noite como a que se avizinha: 17 de Novembro é dia de levar a palco Labanta Braço — numa primeira de muitas sessões, assim esperamos —, um projecto que nasceu de um contexto conturbado e, por isso mesmo, inadiável. Tardou em poder materializar-se do digital para uma realidade visível, mas esse primeiro passo da segunda etapa deste caminho pode, daqui a menos de nada, dar-se por dado. Com BR!SA a ser a primeira a “labantar” os braços no Lux Frágil. Antes disso, há ainda tempo para uma breve apresentação, aqui.



[De Marta a Br!sa]

“O meu verdadeiro nome é Marta Cardoso. BR!SA surgiu porque sempre me senti uma pessoa bastante volátil, e sabia que a minha arte viria de algo emotivo e pensante que passasse por mim. Daí também o ponto de exclamação, que, para além de ser um ‘i’ ao contrário, representa aquilo que eu senti, vi, ouvi e fui pondo em papel — coisa que não é simplesmente uma coisa, veio de dentro.”

[Escrita por desígnio]

“A necessidade e a dificuldade em comunicar é algo muito presente na minha vida, por esse motivo escrevo. Eu moldo-me pela vida. De resto, existem artistas que me influenciam de certa forma, como, por exemplo, Fernando Pessoa, Kafka, Uno e Azagaia. Acho, também, que a música é uma vertente interessante para alimentar a vontade de falar para alguém.”

[Rap por consequência]

“Nunca fui muito ligada ao rap como muitos artistas deste ramo são, mas ao longo do meu caminho foram-me mostrando certos nomes e sons com boas perspectivas que eu acabava por viver imenso na altura. Eu desde muito nova que gostava de ler e de recitar poesia, então, à medida do tempo, fui achando piada à ideia de conseguir escrever poesia num formato diferente e comecei pelo boom bap.”

[O primeiro pequeno grande passo]

“O som ‘Para ti’ foi a primeira faixa. Conheci o trabalho do Uno através da Madalena Veiga, a partir do som ‘Raio de Apagão‘, identifiquei-me imenso e não hesitei em mandar mensagem. Entretanto, perguntei ao Uno se ele queria fazer um feat. e ele alinhou. Foi a minha primeira interacção que eu levei mais a sério neste percurso.”

[Dêem-lhe LUME, que ela vai e volta]

“Tenho impressão que o Max [Ferreira] (DJ Algore) estava à procura de mulheres para a mixtape De Rajada e a prima dele, que eu já conhecia, mostrou-lhe o som ‘preço do tempo‘, com a D’vale. A partir daí fomos mantendo contacto.”

[Com um olho no primeiro projecto, e outro nos próximos]

“Datas não tenho, mas está a surgir. O Uno, até agora, é o único rapper dentro deste projecto. Depois deste EP, quero, sem dúvida, explorar outros registos.”

[A apresentação no Lux]

“Não é a minha primeira actuação a solo, mas ainda não levo uma grande bagagem. Faço o convite de embarcar num caminho um pouco mais introspectivo. Não estou à espera de nada em concreto, é uma experiência em aberto e, a meu ver, a beleza deste cenário começa aí.”


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