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Fotografia: Ana Frias
Publicado a: 11/05/2022

Arriscar com confiança.

Biloba: “Esforçamo-nos por não entediar e tentamos sempre surpreender”

Fotografia: Ana Frias
Publicado a: 11/05/2022

Tratar os Biloba como um projecto emergente é um sentimento contraditório. Por um lado, entende-se o porquê – o  seu EP de estreia homónimo foi lançado apenas no passado dia 6 de Maio pela Chinfrim –, mas por outro, ao ouvir a sua música, sente-se que o grupo formado por Nazaré da Silva (voz e teclados), Simão Bárcia (guitarra), Diogo Lourenço (guitarra), Miguel Fernández (bateria) e Francisco Nogueira (voz e baixo) – o líder e fundador da banda – já se devia encontrar num patamar acima, dado o quão refrescante é a sua sonoridade dentro do panorama alternativo nacional. 

A base das suas composições até pode ser o background dos seus membros no mundo do jazz, mas aquilo que encontramos em Biloba é um rock mais imprevisível, que tanto pode viajar “por entre cenários lentos e psicadélicos, ou a saltar ao som de temas que fazem lembrar Sonic Youth”, como indicam no comunicado partilhado com a imprensa. E sempre com uma veia punk presente para procurarem a consciência social e política.

Para sabermos mais sobre este Biloba e para percebermos o que se pode esperar da sua apresentação hoje (11 de Maio, com Ana Lua Caiano a abrir a noite) no Musicbox, o Rimas e Batidas trocou uns quantos dedos de conversa com Francisco Nogueira, Diogo Lourenço e Simão Bárcia.



No comunicado que partilharam com a imprensa, indicam que os Biloba nasceram da mente do Francisco. Como é que depois acabaram por se juntar os restantes elementos para se formar a banda?

[Francisco] Na verdade, já tinha bem a noção de quem é que queria para fazer parte do projeto, se bem que alguns deles não conhecia assim tão bem sequer. O Diogo, tinha feito uma sessão com ele só, mas imaginei logo que faria sentido para o projeto. O Simão já tínhamos estado no Hot Clube juntos, tivemos os Camisa antes, por isso senti que eles os dois juntos – nem sei se eles já tinham tocado juntos. Vocês já tinham tocado antes de Biloba, não, pois não?

[Simão] Não, nunca tínhamos tocado juntos.

[Diogo] Ya, não.

[Francisco] Pois. E eu concebi que eles os dois juntos iam fazer coisas bonitas, e então pensei logo neles para as guitarras. A Nazaré já tinha conhecido também no Hot Clube, e confio imensa nela. Então, ela veio daí. E o Miguel também não o conhecia assim tão bem. Na criação dos Biloba, houve algum risco, mas também bastante confiança. Acho que também houve bastante confiança da parte deles. Mesmo que as coisas não estivessem a soar assim tão bem no início, senti que me deram muita trela e deixaram ver até onde que a cena ia. Então, foi um bocado a partir daí que começou esse jogo. Não sei se querem acrescentar alguma coisa, Simão e Diogo.

[Simão] Eu não sei, mas por acaso até tinha a ideia de que tinhas pensado noutro gajo antes de mim, mas que, quando apareci, ficaste: “Não, não, ok, é este”. Não sei, mas também foi assim uma cena… As músicas no início eram – agora são menos – muito mais esqueletos. O que o Francisco nos dava era tipo acordes, estrutura, letra, e se calhar uma das guitarras. E então, era sempre assim-

[Francisco] Cheguei a escrever partituras. Bons tempos, quando escrevia partituras. [Risos]

[Simão] Sim. Então, eu e o Diogo, desde do início, tivemos essa cena de negociação. “Ok, temos aqui duas guitarras, como é que a gente justifica a existência de duas guitarras? Temos que repartir aqui as nossas funções”. Então, acabamos sempre [por negociar]. E como somos os dois pessoas muito justas, é do estilo, não é rhythm guitar e lead guitar. Estávamos sempre a trocar. “Vá, agora tocas tu. ‘Tá-se bem” — assim uma cena. Mas foi fixe. Apanhou a pandemia no meio, mas pronto.

Essa questão da química entre as duas guitarras é algo que se nota nesse EP. Por exemplo, na “Invenções”, é um jogo que se nota bastante bem. 

[Diogo] Por acaso na “Invenções” nem noto tanto isso porque estou três minutos a fazer as mesmas três notas. Estou no ginásio nessa música [risos]. Mas acho que esse conjugar é um processo que está ainda em desenvolvimento, e nas novas músicas se calhar já se começa a notar mais arranjos entre as nossas duas guitarras, porque no início era muito, como o Simão estava a dizer, somos os dois bué bacanos, e então de vez em quando um queria fazer de lead guitar e era “então, olha, fazes tu aqui”. Na verdade, quando o Francisco trazia músicas, há músicas que ouço a demo e topo que ele fez esta linha para o Simão porque é o som do Simão, ou topo que ele [o Francisco] fez esta linha de guitarra para mim porque é o meu som. Ou seja, o Francisco também vai buscar o nosso som e distribui as malhas um bocado por aí. De resto, é o normal. Olhar para a música, pegar, e tentar conjugar o meu estilo, som de guitarra, com o estilo da música do Francisco. Acho que é algo por aí.

Em relação à vossa sonoridade, vocês têm todos background de jazz, mas depois o vosso som puxa a um rock alternativo mais experimental. Como é que surgiu a ideia de criar um projeto com esta linha mais “alternativa” a nível de som?

[Francisco] Essa vontade… Isso tem a ver com a criação da banda. Eu estava a estudar jazz em Amsterdão, e foi muito ano a estudar jazz, e então senti uma vontade gigante de fazer uma coisa que fosse mais a ver com o que me fez querer tocar música, que não foi ouvir jazz, no meu caso, mas foi ouvir indie rock e rock alternativo. E comecei a olhar à minha volta e senti que não estava a ter essas experiências comigo. Eu adoro jazz, e estava muito nesse meio, mas havia uma parte de mim que estava a ser um bocado deixado de parte. Então, decidi que logo que voltasse para Lisboa ia começar um grupo que tocasse essa música que, na verdade, é mais próxima [de mim] do que o jazz. E foi daí que fui buscar essa vontade de criar Biloba.

[Simão] Na realidade, o que tenho observado e o que sei mais ou menos da malta da banda, acho que. para a grande maioria de nós, o jazz apareceu depois do rock alternativo ou de coisas assim parecidas. 

[Francisco] A Nazaré não.

[Simão] Para a Nazaré não, mas para o resto do pessoal acho que o jazz apareceu mais como: “Quero estudar música. O que é que faz mais sentido para mim? Vou estudar clássico? Isso não faz sentido”. E então o jazz era a cena mais próxima. Depois as pessoas acabam por gostar. Estão a estudar e acabam por gostar de ouvir jazz, mas na realidade cresceram a ouvir — e nunca pararam de ouvir — rock alternativo. Acho que é um bocado por aí.

[Francisco] Exactamente. E, na verdade, o jazz ajuda muito depois o processo de criar estas canções. Mesmo que seja um esqueleto diferente, os ensaios despacham-se muito mais rápido com o que nós sabemos. Há uma certa linguagem que a malta tem que facilita muito os ensaios e as músicas acabam por se resolver por si mesmas graças a isso. Não tem demorado muito tempo, na verdade.

Toda esta questão da relação entre o jazz e o rock alternativo voltou-me a fazer pensar na semelhança que ouço entre aquilo que vocês em Biloba e com alguns grupos que têm saído do Reino Unido nos últimos anos, como Black Country, New Road ou black midi, que carregam em si influências de bandas como Sonic Youth ou Slint. Esses grupos dos anos 90 e, depois esta malta britânica, foram de alguma forma uma influência para vocês?

[Simão] Para mim, sim. Eu tive a minha fase de Sonic Youth, adoro o Spiderland dos Slint. Eu sempre ouvi mais música dos anos 90 do que música recente. Depois apercebi-me disso e comecei a fazer um esforço para não ser tão cabeçudo. Mas ouvia Sonic Youth, Pixies, Dinosaur Jr., essas coisas todas. Então, eu tenho bué essa cena.

[Francisco] Para compor, não tanto, ou seja, não pensei… Eu sempre ouvi imenso Sonic Youth. Os outros que disseste descobri há pouco tempo, como por exemplo Black Country [, New Road], e por isso, nunca houve uma influência directa. E nem com Sonic Youth houve. Acho que nós acabamos por nos juntar e, tendo esses gostos em comum, puxamos todos um bocadinho para aí porque já estava aqui atrás da cabeça. Então, por exemplo, a parte final da “Nunca” pode ser muito facilmente uma referência aos Sonic Youth – pelo menos já me disseram isso. Por isso, acho que é um bocado inconsciente. Nunca compomos a pensar que, sim, é parecido com isto, mas vai lá dar de forma inconsciente, acho.

A “Nunca” é uma coisa engraçada porque a parte final lembra-me, de facto, Sonic Youth, mas depois a canção em si tem toda dinâmicas muito interessantes. Tem muitas mudanças de ritmo, é muito imprevisível. Essa imprevisibilidade é algo que vocês procuram incutir nas vossas composições?

[Francisco] Ao compor para o primeiro EP [Biloba], esforcei-me muito nisso e acho que até acabei por pecar um bocado, no sentido em que queria evitar mesmo compor uma fórmula de verso-refrão-verso-refrão. Queria confundir isso o máximo para dar alguma identidade à música. Mas nas músicas mais recentes, ando-me a esforçar para fazer o contrário porque acho que… estava a pôr pimenta e caiu demasiada pimenta. Ficou demasiado essa ideia e agora estou a tentar fazer o contrário. [Risos]

Então, o vosso processo de composição já sofreu alterações desde do início da banda?

[Simão] Sim. Acho que o Francisco já nos conhece melhor também. É aquilo que o Diogo estava a dizer há bocado, da cena de ele até escrever as linhas de guitarra e eu e o Diogo já conseguimos mais ou menos perceber, esta é para ele [Diogo], esta é para mim. Ele [o Francisco] já percebeu mais ou menos como é que é a dinâmica da banda, o que é que soa bem ou o que é uma incógnita mas que ele tem confiança em nós para conseguirmos fazer aquilo chegar a algum lado. Acho que a diferença é um bocado essa. Porque ele antes dava-nos mais liberdade para ver o que é que acontecia. Ele agora, como sabe, está mais a encaminhar a coisa para um sítio. Se bem que continua a haver liberdade, é bué chill.

[Francisco] Eu acho que a nossa maneira de trabalhar sempre foi a mesma, no sentido em que eu trago um rascunho e a malta pode escolher pegar no que está ali e fazer uma cena completamente diferente, mas pelo menos temos sempre alguma coisa para nos fazer agarrar. Eles sabem isto: eu ando a evitar ao máximo ter uma banda ou um projecto em que haja uma democracia total, no sentido em que a malta vai dizendo o que fazer, porque sinto que isso tira muito tempo à banda. Eu gosto de ter um rascunho-mãe, e que depois até pode ir para o lixo, mas, pelo menos, temos por onde começar e temos onde acabar, e podemos ir juntando algumas ideias em comum nesse trabalho para não haver muita deriva. E acho que essa estratégia temos feito desde o início do projecto até agora. Se calhar estamos a ficar um bocadinho mais sofisticados. Já não é preciso partituras, já é óbvio que parte fica para quem.

Ainda sobre esta questão da sonoridade do EP, uma coisa que me chamou muito à atenção foi as dinâmicas e harmonias que existem entre a voz do Francisco e da Nazaré. Vocês os dois têm estilos muito diferentes, mas aquilo de alguma forma funciona. Como é que conseguem fazer isso resultar?

[Francisco] É bastante natural, ou seja, nós nunca tivemos uma grande conversa sobre isso. Lembro-me que o Simão às vezes ajudava a Nazaré porque se ela tivesse uma abordagem muito dela e eu tivesse uma abordagem muito minha as coisas podiam ficar um bocado confusas. Mas eu não sou um cantor profissional, mas ela é, e então ela é quem está mais à vontade para se colar a mim caso precise. E acho que ela arranjou uma estratégia de ficar sempre perto da minha voz e fazer aquilo soar minimamente bem [risos]. Por isso, acho que a responsabilidade é dela, no sentido de tentar colar comigo. Eu canto à minha maneira e ela adapta-se a mim. Aliás, no quinteto dela é fácil de reparar que ela não canta da mesma maneira que canta em Biloba. Por isso, acho que ela criou o seu próprio estilo para criar ao projeto. Mas foi bastante natural, não houve grandes conversas. Dou-lhe o mérito todo.



Acho que a “Algo Maior” ilustra bem isso que falas. Por um lado, a voz da Nazaré tem uma componente mais etérea e melódica à faixa, mas depois a tua [Francisco] voz nos versos, dá uma forte energia punk à música.

[Francisco] Exacto, exacto. E a ideia dessa música [“Algo Maior”] era mesmo abusar um bocadinho nesse contraste, dela ser tão “suave” no refrão em contraste com a sujeira que está no verso. 

Essa dinâmica de contraste, contudo, existe mesmo dentro do próprio EP [Biloba]. Há coisas mais ruidosas, como a “Algo Maior” ou a “Nunca”, mas depois tens uma coisa mega suave e onírico como a “Bulles de Savon” lá para o meio.

[Diogo] Em relação a isso, acho que são as facetas que a banda tem. Acho que até, se for preciso agora, está a começar a deixar tanto de ser o contraste entre o “fofinho” e o pesado e encontrar o que está no meio desses dois. Mas as coisas que existem soam bem.

[Francisco] Eu também, ao criar a banda, queria muito evitar, e lá está, e também se peca por pensar assim, colocar um stamp no projecto e dizer: “isto é rock alternativo, não quero sair daqui”. Mas ao mesmo tempo, no primeiro gig que nós demos nos Anjos 70, em que até tínhamos outras músicas que deixamos de tocar e que até cantávamos em inglês e escolhemos não ir por aí, o que me disseram foi, “não será que estás a abrir portas a mais?”, estás a ver? Ou seja, há que encontrar um equilíbrio entre os dois, mas, para mim, é muito importante estarem no mesmo álbum coisas como a “Algo Maior” e a “Bulles de Savon”. Eu gosto desta surpresa, do estilo, “wow, não sabia que eles iam arriscar este caminho também”.

[Diogo] E às vezes é preciso respirar também.

[Francisco] Ya, exacto.

Sinto que voltamos à ideia da imprevisibilidade, que se calhar, vai além das próprias músicas – existe também no disco, neste caso, o EP [Biloba].

[Francisco] Exacto, exacto. Esforçamo-nos por não entediar as coisas, não ficar demasiado tempo na mesma situação, quer seja numa música, quer seja no conceito do álbum. Ou seja, tentar sempre surpreender. Eu acho que a “Nunca” é a prova mais viva disso no EP [Biloba], em que cada secção é diferente, mas continua a estar no mesmo universo. É mesmo um esforço que sinto que, pelo menos enquanto compositor, tento dar a Biloba.

Falando da vossa atitude punk, a vossa música tem bem presente a ideia de comentário social e consciência para aquilo que vos rodeia. A “Tabuada” é se calhar o exemplo mais directo sobre isso, oferecendo um comentário bastante tongue-in-cheek da hipocrisia religiosa. Como é que essas dinâmicas se imiscuem na vossa música?

[Francisco] Pergunta difícil [risos]. Acertaste na mouche, no entanto, com a “Tabuada”. É fixe a ideia ter passado. Contudo, não é algo que nós nos esforcemos para fazer. Neste caso, e sou eu que escrevo as letras, depende um bocado do mood que estou a sentir. Por exemplo, estas músicas já foram escritas há algum tempo. Nós estávamos a trabalhar nestas músicas desde do início de 2020, para aí — por causa da pandemia é que atrasámos o lançamento para agora. Por isso, até é curioso que há algumas coisas com que já não me sinto tão relacionado. E lembro-me que a “Tabuada” foi mesmo algo que estava a sentir porque era algo que já estava dentro de mim, estes valores que nem sempre faziam sentido e este contraste do que achava correcto e do que achava que era mais correcto para algo que não sou eu — e é difícil explicar isto –, mas que, mesmo assim, acredito nestes valores sem acreditar neles. Já foi algo pelo qual passei há muito tempo, e por isso, também é difícil para mim relacionar-me com isso e com algumas das letras que escrevi para Biloba. Mas lembro-me de tentar ter isso presente. Ou seja, mais do que tudo, evitar falar sobre o que é mais falado, que, no meu caso, é amor. Tenho uma grande dificuldade em escrever sobre amor – faz-me confusão – e se forem reparar nenhuma música de Biloba deste EP [Biloba] fala sobre amor. Tentei sempre, como o José Mário Branco, o Manel Cruz também, dar um bocado luz a letras mais interventivas e que puxassem para mais alguma noção e realidade social e de acção. Acho que foi por isso que mais lutei, mesmo que seja uma ação que vem de dentro, que se fale disso e que acho que isso é mais claro na “Algo Maior” ou na “Nunca”.

Estive a ver o concerto que gravaram para a World Academy e notei que tocaram canções que ainda não foram lançadas. Já há planos para o sucessor de Biloba?

[Francisco] Já temos bastantes músicas, na verdade, mas queremos ter a certeza de que quando entrarmos dentro do estúdio vai ser a 100%. Então, a minha ideia é esperar por mais músicas, fazer um álbum completo. Até aí, ainda não há planos de datas. Provavelmente vai ser com a Chinfrim que vamos gravar, que é a nossa editora, mas até lá, temos bastante músicas – devemos de ter mais cinco, que andamos também a tocar ao vivo — mas é isso. Ainda não há grandes planos de gravações, por exemplo.

Falaste agora da Chinfrim Discos. Como é que surgiu a vossa relação com a editora responsável pela edição de Biloba?

[Francisco] Eu já os conhecia, porque o Bernardo [Ramos] é guitarrista do Chinaskee, e eu conheci-o daí. E mandei-lhe a proposta sem o conhecer muito melhor que isso. Só nos tornámos amigos mais tarde e só depois é que conheci o Gui[lherme Simões] e o Rodrigo [Domingos]. Por isso, foi mesmo uma prova às cegas: “Tenho este projecto e vejam lá se vos interessa”. E por acaso eles foram super porreiros e disseram logo que sim. Nem nos deixaram em lista de espera nem nada, foi de braços abertos. Desde então, temos tido uma relação bastante fixe com eles.

Vão subir hoje (11) ao palco do Musicbox para apresentar Biloba. O que é que podemos esperar deste concerto?

[Francisco] Acho que vai ser incrível porque nós já estamos a pensar neste concerto há algum tempo e já estamos com este álbum às costas há muito tempo. Há dois anos que queremos apresentar o álbum – claro que já o apresentámos –, mas isto tem um gosto diferente, porque o álbum já está cá fora e agora vamos mostrá-lo com as pessoas já familiarizadas com ele. Para além disso, eu vou ter muito prazer neste gig porque vai estar a Rita Caldeira connosco a fazer projecções, e as projecções vão estar brutais – eu já as vi. Vai ser um espetáculo visual e musical super interessante. Para além disso, vai haver muita música nova, vamos tocar mais uns cinco ou seis temas. E é isso — vai haver muita energia, música fixe e malta porreira. Vai ser fixe.

Foram dois anos sem este EP [Biloba] ver a luz do dia. Foi muito complicado viver todo esse período da pandemia e de espera para conseguir lançá-lo?

[Francisco] Foi. Para mim, foi bastante complicado. Estar sempre a ver a data a ser adiada fez-me alguma confusão. Tu chegas a um certo ponto e começas a distanciar-te um bocadinho do que foi feito e, a certo ponto, isso começou-me a atrofiar a cabeça. Mas acho que já cheguei a uma conclusão que é: consigo ver o valor da música em si separada. Já está tão longe mas tão perto ao mesmo tempo que tem um valor diferente, um sabor diferente, essa música. Às vezes, quando também está muito perto, não consegues bem olhar, ter uma certa distância dela, e agora ganha-se um prazer diferente a tocar e a cantar música que já foi feita há tanto tempo. É quase uma reminiscência do que já aconteceu. Mesmo que para o público seja uma coisa nova, para quem está a tocar e que já conhece a música desde há tempo acaba por ser um regresso a outros tempos — e é bom viver isso.


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