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Publicado a: 12/12/2016

Bem-vindos ao universo narcotizante do xamã A.Chal

Publicado a: 12/12/2016

[TEXTO] Alexandre Ribeiro [FOTO] Direitos Reservados

Olhava para uma lista de álbuns lançados em 2016 e deparava-me com uma uniformidade que se vai apoderando do mainstream a ritmo lento, mas de forma eficaz: o trap invadiu o r&b e tornaram-se num só – trap’n’b já pode ser considerado género? No meio de tantos artistas que estão mais próximos que afastados, A.Chal é nome para colocar a negrito na lista e, no meio de instrumentais que são autênticos bangers, cria narrativas de sexo, drogas e, se realmente Mr.West tiver razão, rock’n’roll.

Nascido no Peru e actualmente residente em Los Angeles, o cantor/produtor cresceu rodeado de posters de Woodstock e referências a Jimi Hendrix ou Carlos Santana, mas as guitarras não são protagonistas e as camadas de sintetizadores e graves poluem a atmosfera, realizando um processo inverso às aventuras narcóticas dos nomes acima referenciados. Como um homem espiritual – tem uma tatuagem que diz “A Spiritual Being in a Human Experience”, A.Chal parece emanar as figuras que reconhece do seu passado para criar uma corrente só sua.

As drogas parecem ser o combustível para a criatividade de A.Chal e “Maradona” é a primeira faixa onde surge um paralelismo com um dos melhores jogadores de sempre de futebol através dos narcóticos:“I put all in the substance/ I do it all for the substance/ Can’t put a price on the substance/ I’ll lose my life for the substance/ Deep in the lines for the substance/ Living through time with the substance/ I do it all for the substance/ I put my all in the substance”. 



Seja lá o que sustenta o processo criativo do artista, uma equipa de especialistas não deixou o talento passar sem ser notado: Zane Lowe, a família OVO – que tem como nome principal Drake – e A$AP Rocky são apoiantes incondicionais do talento peruano e apoiaram-no através da rádio e Twitter, dando-lhe a credibilidade necessária para se intrometer nas listas do ano. Falando da OVO, não será assim tão improvável ver Drake num remix de qualquer uma das faixas de Welcome to GAZI

Uma das provas mais evidentes da diferença do xamã peruano para os restantes é “Vibe W/U”. Se o seu estilo a cantar até se aproxima de Zayn – sim, o dos One Direction –, o final da canção traz uma referência, mesmo que instrumental, muito menos provável: Frank Ocean. Guitarra à la John Mayer a guiar rumo ao infinito com sintetizadores e batida crescente a arrumar uma das grandes faixas de Welcome to GAZI.

O universo onde as substâncias ilícitas, os sub-basses e o sexo encontra relações em The Weeknd pré-Beauty Behind The Madness, Tory Lanez, PartyNextDoor ou Bryson Tiller, mas A.Chal encontrou uma fórmula especial que o torna único neste cenário. Não é droga, mas parece: Welcome to GAZI não nos deixa sair com facilidade…


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