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Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 02/05/2019

Cálculo e Relax contribuíram para o novo disco do rapper barcelense.

Bellucci: “O objectivo é evoluir em todos os aspectos”

Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 02/05/2019

Leva pelo menos uma década disto, mas ainda se mantém como um dos nomes mais frescos da cena barcelense, onde é protagonista ao lado dos seus Quartel 469. Bellucci já tem o seu álbum de estreia a solo cá fora, captado, produzido maioritariamente (excepção para os três temas em que Relax assume essa parte), misturado e masterizado por Cálculo, outro homem forte da terra.

A propósito do lançamento, o Rimas e Batidas falou com o autor de Igual sobre a força do colectivo, a cena local ou o seu foco enquanto MC.



A tua primeira mixtape saiu em 2010 e desde então ainda não paraste, tanto a solo como com Quartel 469. De onde é que vem a motivação para continuar, dia após dia, ano após ano?

A cena é a partilha. Se achas que ainda tens algo para partilhar, acho que deves fazê-lo. O rap é um pouco assim, como um compromisso. Tu sabes que querem ouvir, tu tens algo a dizer e isso acontece. Tu queres e acabas por fazer, é automático… Acho que qualquer MC sente isso.

Apesar disso, e como qualquer MC, também precisas de espaço a solo, mesmo que o colectivo nunca seja esquecido — como no novo disco, em que o Cálculo se assumiu como teu braço direito. Nove anos depois do início, o que falta dizer ou fazer?

O início talvez tenha sido bem antes, mesmo não havendo nada sério. Mas com uma postura mais ou menos séria, nós vamos fazendo e dizendo o que vamos sentindo em cada altura da vida. Essas mudanças também são importantes, são fases.  Acho que se ainda faltar dizer ou fazer alguma coisa será dito e feito.

O maior desafio é evoluir como rapper, tecnicamente falando, ou manter o discurso relevante?

O objectivo é evoluir em todos os aspectos. Fazer melhor do que já faço, isso vai ser sempre o objectivo, não chega uma coisa sem a outra.

Há temas que nunca perdem validade, e a que gostas de voltar? Por outro lado, há assuntos de que já falaste e que não voltarias a abordar?

Não penso muito nisso. É uma coisa muito espontânea, não há bem uma regra. A maioria das vezes os temas nascem de uma expressão, outras vezes é mais programado, é muito relativo. Eu reflicto um pouco a vida e as experiências que vou tendo no rap e como tudo muda, incluindo o rap. Não costumo seguir muitas regras, não me sinto pressionado, mas, queiras ou não, cresces e há sempre pequenas coisas que não voltavas a dizer ou talvez não da mesma forma. Enfim, faz parte, acho que é normal.

Barcelos tem-se assumido cada vez mais como lugar de referência, dentro do rap tuga, mas também da música nacional como um todo, e os Quartel são um dos pilares desse movimento. Qual o segredo para o sucesso?

Na verdade não há muito segredo. Acho que para tudo, não é só para o hip hop. Quem quer faz! Tem a ver com seres selectivo com as influências, sempre real contigo próprio, dizer o que queres dizer e da maneira que tu queres dizer! Quando fazes isso, se alguém se identifica com a tua música, identifica-se contigo. Se há um segredo deve ser isso.

E o hip hop tem sido fundamental para semelhante afirmação como estilo de música, mas também como cultura?

Hip hop já está em todo lado, talvez um pouco distorcido mas está… Já não há as desculpas que havia. Hoje em dia todos temos ferramentas para nos informarmos bem e para descobrirmos o nosso lugar na cultura, independentemente do sítio onde moras. Coisas novas podem surgir, inspirações diferentes, resultados diferentes… É verdade que há coisas que se começam a perder com o tempo. Os mais novos principalmente não têm paciência para se instruir mais, mas acho que é normal, agora tudo é mais descartável. Algumas ramificações da cultura começam a ofuscar o essencial mas cabe a cada um pesquisar, entender as raízes, o porquê da cultura. Continuo a acreditar que, apesar de tudo, cada vez mais gente já percebe o hip hop.


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