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Publicado a: 07/07/2017

Beatbombers sobre o LP de estreia: “Era um álbum que tinha de ter muito turntablism, muito scratch”

Publicado a: 07/07/2017

[TEXTO] Gonçalo Oliveira [FOTOS E VÍDEO] Sebastião Santana [EDIÇÃO VÍDEO] Luís Almeida

Portugal está cada vez mais habituado a ser um povo feito de campeões à escala internacional. Directamente das Caldas da Rainha, existe uma dupla capaz de trazer também um pouco desse sucesso à cultura nacional do hip hop. No ano passado, Stereossauro e DJ Ride, Beatbombers como dupla, conseguiram a proeza de conquistar novamente uma das taças da IDA, a mais importante prova de competição entre os praticantes do turntablism. Se em 2011 os achávamos grandes, hoje são gigantes.

E como qualquer peso-pesado do mundo da música, importa deixar memórias que fiquem para sempre registadas num suporte físico de áudio, para que haja uma referência para gerações futuras. Os Beatbombers deram esse passo recentemente e editaram o LP de estreia que contou com várias produções arrojadas e um alinhamento de convidados apenas à disposição dos melhores à escala global.

Esta semana foram os editores convidados da nossa publicação e são vários os artigos dedicados a esta dupla de campeões. O Rimas e Batidas encontrou-se com Stereossauro e DJ Ride na Carbono, em Lisboa, para uma entrevista em torno do seu álbum de estreia, o concerto de apresentação no Super Bock Super Rock e o regresso às competições.

 



A partir de que momento é que marcaram o álbum de estreia como principal objectivo?

Stereossauro: No ano passado, não é?

Ride: Ya, foi mais ou menos nessa altura. A ideia do álbum esteve sempre presente, sempre que fazíamos alguma coisa a nível individual. Porque desde as mixtapes do Stereossauro – em 2004 ou 2005 – até ao meu primeiro álbum em 2007, sempre participámos nos trabalhos um do outro. Então ficou sempre aquela sensação do tipo “um dia destes temos é de fazer um álbum de Beatbombers”.

Stereossauro: Estava implícito que ia acontecer…

Ride: Não sabíamos era quando. E depois também por causa dos campeonatos e das actuações. Sempre que participas em competições tens de ter um mindset muito próprio e no mínimo durante seis meses não te podes dedicar a mais nada. Então a ideia de um álbum seria sempre bastante complicada de conciliar com todas as outras solicitações, tendo em conta que desde 2010 participámos quase sempre nos campeonatos. Por isso só agora é que surgiu esse timing ideal.

E como é que se dá essa passagem de uma mentalidade de competição para outra mais criativa?

Stereossauro: Quando estamos muito focados para preparar uma battle, assim que a battle acaba quase que estamos tipo “epá, eu nunca mais quero ouvir falar disto”. (risos)

Ride: Exacto, precisamos de um momento de descompressão. E foi brutal, porque que eu nunca tinha feito um álbum com mais ninguém. Já tive projectos paralelos mas fazer um álbum a meias com outra pessoa, ainda por cima com ele, em que 99,9% das vezes nós sabemos qual é o nosso caminho. Neste álbum não houve qualquer tipo de dissonância do tipo “eu quero isto desta maneira” ou “eu quero isto de outra maneira”. Isso foi brutal. E permitiu-nos também delegar responsabilidades, “tu fazes isto”, “eu faço aquilo”, é muito mais fácil do que fazer um álbum sozinho. Foi bom ter essa parte, independentemente do facto de ter sido uma edição de autor. Muito do it yourself. Os CDs tivemos de os ir buscar à fabrica, fizemos o ficheiro DDP – o master -, misturámos e masterizámos quase tudo… Só a capa é que foi do Vhils. Foi uma experiência importante – fazer um álbum a meias – e, sem dúvida, que é muito mais fixe do que fazer tudo isso sozinho.

Como é que chegaram a essa parceria com o Vhils?

Stereossauro: Nós já conhecemos o trabalho do Vhils há imenso tempo, claro. E até já tínhamos feito algumas coisas com ele. Isto foi numa altura em que o Ride estava a fazer uma banda sonora para o seu espectáculo Periférico, no CCB, este ano. Por questões de calendário, até acabei por ir eu. Ele compôs e fui eu lá tocar (risos). E durante todo esse processo, até foi meio em jeito de brincadeira, tipo “olha já fazias era a capa para o nosso álbum”…

Ride: Ya, dissemos-lhe que estávamos a acabar o álbum de Beatbombers e ele ficou entusiasmado e perguntou pela capa. “Olha, se quiseres fazer…” Mas nunca pensei que ele ia aceitar. Quando ele me disse que sim… “Epá, tás a brincar?” E ficou…

Stereossauro: É aquela sensação de não ter sido nada de muito formal. Não foi preciso um email, um orçamento…

Ride: Se fosse dessa maneira se calhar nem tinha surgido, ‘tás a ver? Nós estávamos envolvidos no projecto dele e foi tudo por brincadeira.

Setereossauro: Estávamos todos no mesmo sítio à mesma hora.

Ride: Não foi através de promote post, foi orgânico (risos).

 


beatbombers


E ao nível dos convidados, era tudo artistas com quem já vinham a ambicionar trabalhar em conjunto?

Stereossauro: Algumas das pessoas já tínhamos trabalhado com elas. O caso dos Dealema, que neste álbum entram apenas com o Maze e o Fuse, o Ricardo Gordo, o Adilson Évora, o Razat – centenas de vezes, quase… (risos) São tudo relações que vais construindo na estrada e com as edições que vais fazendo. Mas havia também pessoas com quem queríamos muito fazer algo porque somos fãs das suas músicas. O exemplo máximo disso serão por exemplo o D-Styles e o Kentaro. Isso foi uma fezada enorme, foi brutal.

Ride: Ter os Invisible Skratch Piklz, Low End Theory e Ninja Tune no álbum foi mesmo brutal. E era algo que há uns anos para nós era impensável. E também foi de uma maneira muito orgânica. Lá está. É experimentar e falar. O “não” é sempre garantido. Eu cheguei a estar com o D-Styles quando fui ao Low End Theory há uns anos e tive com ele no Japão, no Red Bull Thr3style. O Stereossauro fala bastante com ele no chat do Facebook e no Twitter.

Stereossauro: Só mandar-lhe uma mensagem tipo “olha esta cena” e ele responder-me já ficávamos: “hey, altamente!”. Quanto mais mandar-lhe cenas e “queres fazer?”, e ele dizer que sim… É incrível.

Ride: O Kentaro foi júri, tanto no Thr3style como no último IDA que nós ganhámos. Então fomos para os copos com ele, embora o inglês dele seja muito complicado para comunicar, e também surgiu, arriscámos. E ele disse: “claro que sim.” E nós: “wow, brutal!” E ficou.

Stereossauro: Com os rappers faltava se calhar falar com o Phoenix RDC e com o Slow J, com quem não tínhamos ainda trabalhado mas já seguíamos há algum tempo o que eles fazem e somos fãs tanto de um como do outro. “Eles estão no caminho certo, a cada som que vão lançando nós estamos sempre a curtir”. E depois foi apenas uma questão de mandar uma mensagem e trocar contactos pelo Facebook e a partir daí começar a reunir e fazer…

Acabaste por te cruzar com ele no “Fala Aí Maluco”.

Stereossauro: Sim, mas tenho a impressão de que até antes disso já lhe tinha mandado alguns beats para o email. Mas nessa altura foi logo: “assim que consigamos começar a trabalhar no álbum de Beatbombers, vamos mandar-te algumas cenas para tu experimentares, queríamos ter-te lá no álbum.”

Curiosamente acabou por fazer uma das minhas faixas favoritas do vosso LP. Qual foi a vossa reacção quando se depararam com o resultado final da participação dele?

Stereossauro: Ficou brutal, ele assentou que nem uma luva. O timbre, meio arranhado, até parece que já tem alguma distorção na voz. Naquele beat, com um feeling muita sujo, mais Stones Throw, por aí…

Ride: Por acaso, ele ainda não tinha ouvido o álbum – estava em construção – e  perguntou pelo feeling que estávamos à procura, “como é que queres que isto soe?”. Eu disse-lhe que isto nos fazia lembrar um bocado Guilty Simpson, Stones Throw e essa cenas. E ele tipo “epá, claro, adoro esses gajos”. E foi um bocado por aí. Depois quando nós recebemos o tema completo… Ya, tá muita forte.

Stereossauro: Ele tem a presença certa para aquele beat. Não só a voz mas também a atitude certa para aquele tipo de rap de rua. Tens de ser um gajo credível. Por exemplo, se calhar não ficaria tão credível ser eu a dizer aquelas rimas. Acho que o pessoal não ia curtir muito. (risos)

Ride: Foi fixe ele ter tomado também a iniciativa de fazer o videoclipe. Ele disse-nos que se o tema não tivesse vídeo não batia. As músicas hoje quando não têm vídeo o pessoal ouve menos. É um facto. Com a geração Internet, hoje saem coisas novas a toda a hora. Ele tomou então a iniciativa de tratar do vídeo e ficou brutal. Entretanto vão ainda sair mais coisas com beats nossos. Um deles já saiu esta semana – “Gueto Miúdo” – e vão sair mais coisas. Ele tem lá beats nossos.

 



E a combinação entre todos esses artistas é uma espécie de alinhamento de sonho? Ou há outros nomes que pairam no vosso radar e não puderam entrar por algum motivo?

Ride: Se calhar houve só um, que não chegou a tempo. O Pité, aka Skillaz.

Stereossauro: Mas é claro que há sempre outras pessoas que gostaríamos de chamar. Mas estamos muito satisfeitos com a selecção.

Ride: A nível de rácio foi também algo que discutimos bastante. Não queríamos que todas as faixas tivessem voz, ‘tás a ver? Era um álbum que tinha de ter muito turntablism, muito scratch… Não queríamos fazer todas as faixas com voz. E houve uma altura em que já estava a descair mais para o lado das vozes. Foi quando o Stereossauro se saiu com o “O Que É Um DJ?”. Depois também temos um interlúdio que foi uma cena rebuscada dos campeonatos, que é uma cena original nossa…

Isso foi ao vivo certo?

Stereossauro: Sim, não teve produção de estúdio…

Ride: É tudo ao vivo. Ele faz os drums e uma parte da melodia. Eu faço o baixo com scratch e com teclado. Mas sim, ficou o alinhamento ideal. E claro, tendo o D-Styles e o Kentaro… Fecha a loja. (risos)

Já é um cunho bastante vosso em actuações, mas nota-se no álbum uma grande abrangência de estilos musicais. Foi algo que planearam, mostrar toda esta diversidade de registos?

Ride: Claro, claro.

Stereossauro: Quem tiver mais alguma atenção ao nosso percurso ou já tenha visto sets nossos, não é surpresa nenhuma aparecerem malhas de trap, half-tempo, drum and bass… São caminhos que sempre nos interessaram muito. Se é muito verdade que o hip hop é a nossa raiz, ou escola, por assim dizer, nós desde muito cedo começámos logo a abraçar outros tipos de musica porque não ouvíamos só hip hop. Por isso não fazia sentido meter só hip hop num disco nosso, quando a electrónica é toda ela importantíssima.

Ride: Um dos objectivos também era que as faixas vivessem por si próprias. A dos Bass Brothers é a nossa primeira faixa drum and bass. Temo-la passado nos nossos sets e tem sido brutal. A do Razat também acaba por ser um half-tempo, faz-nos lembrar um bocado Noisia. E era uma faixa que nós queríamos também para tocar ao vivo. Nós fizemos algumas das faixas com essa atenção, de poder incluir num set. Até porque há uns anos havia um certo handicap. Tu passavas uma produção estrangeira seguida de outra nacional e notavas a perda de volume. E hoje em dia já não. Nós tivemos imenso cuidado com a mistura e com a masterização, com cerca de 80% desse trabalho a acabar por ser desenvolvido na fase da produção. Ter tudo muito definido: os baixos, os bombos, as tarolas… As faixas ficaram todas com um corpo muito fixe. Noutro dia descobrimos que há faixas que temos até de baixar o volume. (risos)

Stereossauro: Mas se fores ao meu carro ou ao dele vais certamente encontrar o novo álbum do Vince Staples, porque acabou de sair, mas também de Aphex Twin, Amon Tobim, cenas da Ninja Tune… Era 100% natural que o álbum saísse diversificado.

Ao nível da parte técnica do LP, vocês recorreram mais a máquinas, softwares, samples?

Stereossauro: Não há assim nenhuma regra… Olha, tem imensas coisas feitas com scratch que vai ser praticamente imperceptível descobrir que foram feitas com scratch.

Ride: Houve lá uma cena que eu mostrei ao Slow J, tipo uma distorção que parece muito uma guitarra. E foi feita com scratch, com um Controler 1, que tem a escala musical, e cada botão é uma nota diferente. Ele ficou tipo “isto é uma guitarra?!” Não, eu toquei aquilo com um sintetizador, num tom contínuo, e depois coloquei distorção e efeitos e parece mesmo uma guitarra. Há muita cena no álbum que foi feita com scratch, mas que parece que foi através de software ou assim.

 



É curioso esse episódio, visto que no álbum vocês até têm um sample que faz a comparação entre a velocidade do DJ e do guitarrista.

Stereossauro: E há outro que diz que o DJ/produtor de música electrónica é para um instrumentista a mesma coisa que o fotógrafo é para a pintura. O fotógrafo é só chegar lá e tira, o pintor pinta… Nós os dois já fazemos as coisas de maneiras tão diferentes, eu uso mais a Maschine, ele vai mais para teclados. Depois quando metes os convidados eles vão acabar por trazer também outro tipo de máquinas ou softwares… Portanto acaba por ser muito difícil de definir o que é que o álbum tem mais.

Ride: A do Phoenix, por exemplo, foi com um Moog. Gravámos a maior parte das vozes lá em casa, com um pré-amp a válvulas e microfone a válvulas. O que não é necessariamente fixe, porque às vezes satura demasiado, mas por outro lado no nosso álbum tens uma sonoridade diferente do início ao fim. Também temos estudado bastante esse lado da mistura e masterização, através de vídeos ou com a ajuda de pessoal, do Brunex, o nosso engenheiro de som, ou do Razat. É algo com o qual perdemos muito tempo. Ver tutoriais de mistura, há uma cena no YouTube que é o Pensado’s Place. Há cenas que eu aprendi lá, tipo misturar vozes, e que hoje em dia faço rapidamente porque guardo as racks com o que preciso para esse processo, e o som sai logo bom para fora. Isso é um cuidado cada vez maior com as nossas produções.

Stereossauro: O nosso processo acaba por ser um bocado tipo ping-pong. Uma faixa que o Ride começa, manda para mim e eu reutilizo aquilo que ele fez e mando-lhe de volta. Às tantas já demos tantas voltas àquilo que acaba por nem ser importante se tudo começou num sample de um disco ou algo tocado no teclado.

Ride: Mas há algo que antes não acontecia. Por exemplo, eu antes metia regras a mim mesmo do tipo “só vou samplar de vinil”. Hoje em dia já samplamos de qualquer fonte. YouTube, vídeos, sample packs… Já há quase um novo crate diggin só para o mercado dos sample packs. É um pouco como quando apareceu o Serato. Os puristas ficaram todos do contra mas com o passar do tempo já vês quase toda a gente a usar. Eu próprio aprendi um bocado com essas situações. Eu via a nova geração a produzir e espantava-me com o desempenho deles devido ao facto de não imporem regras nas suas músicas. O resultado final ganhava mais com isso. Então hoje em dia também já faço isso. Não interessa como é que fazes, o que importa é que chegaste lá. O nosso mindset nisso mudou bastante, e somos muito mais rápidos a processar as ideias.

Não houve então um local especifico para a concepção do álbum. Acabou por ficar dividido entre a casa de um e de outro?

Ride: Sim, menos as vozes. Reuníamos nos gigs e falávamos sobre o processo.

Stereossauro: Aproveitávamos também para testar algumas das malhas nos PAs dos sítios onde tocávamos. É curioso que na faixa com os Bass Brothers, largamo-la ao vivo sem que ninguém a tivesse ouvido no meio de vários hinos do drum and bass, e a pista não foi abaixo. Pelo contrário, o pessoal reagiu bué bem.

Ride: Agora vamos tocar ao Super Bock Super Rock e vão haver malhas que vão certamente soar diferente do que no disco porque há pormenores que só consegues notar num bom sistema de som. Essa dos Bass Brothers tem uma particularidade: tem lá um infra-bass que tu só consegues mesmo ouvir num PA a sério. Nem nas minhas colunas em casa notei.

Desse concerto que vão dar no SBSR o que é que podem para já revelar?

Ride: Vamos ter alguns convidados, é impossível ter todos. Mas vamos ter o Slow J, o Fuse e o Maze e vamos também fazer um live act que gostaríamos de explorar mais no futuro. Vamos ser nós os dois e um baterista, então vai ser muito scratch, drums e electrónica. Nós já experimentámos várias formações mas queríamos fazer uma cena mais minimal. E depois passar isso até para um ambiente de clubbing. Se calhar é difícil levar uma banda para um club, mas levar uns drums com um kit mais electrónico se calhar é mais fácil. Essa espécie de battle entre bateria e scratch acho que vai sair uma cena fixe. E claro que sendo no Super Bock e sendo a apresentação do álbum tínhamos de levar um músico connosco. Vamos estar com scratch, MPC, teclados e depois entra também a bateria com um kit analógico e digital para dar outro corpo aos temas. E a actuação vai ter vídeo também.

 


beatbombers


Vão apresentar o álbum na íntegra ou vão aproveitar para passar também alguns temas que pairam na orbita dos Beatbombers?

Ride: Vamos misturar ya. Vamos revisitar o “Verdes Anos”, faixas que vamos também fazendo em participações com outros artistas… O álbum vai passar quase todo na íntegra. Pode haver uma ou outra faixa que não vamos tocar, mais vai ser 90% do álbum.

Aproveitam para fazer um medley entre o “Verdes Anos” e o “Rising”?

Ride: Epá, por acaso essa deve ser das que fica de fora. (risos) Mas vamos fazer uma cena engraçada.

Stereossauro: Nós estamos agora na fase de construção do set. Como vamos desconstruir o álbum para o montar numa actuação. Também temos o baterista, portanto vão surgir coisas que ainda não estão planeadas agora nos ensaios. Uma das coisas que estávamos a falar era, por exemplo, fazer o “Verdes Anos” só com a guitarra e o baterista e ver como funciona.

Ride: E vai haver momentos apenas de scratch e bateria. Nós fizemos isso no Lisboa Dance Festival, aqueles solos só com bateria e scratch ficam muito fixes.

E quem é o baterista que vos vai acompanhar?

Ride: É o Ariel. Ele toca bastante com os HMB, Pimenta Caseira, dá suporte ao Boss AC… É um baterista que tem raizes no soul e no funk, tem um swing incrível. O click com ele foi imediato. Ele não precisa de tocar com click. (risos)

A encerrar o álbum surge aquele tema “O Que É Um DJ?”. Soa a uma espécie de egotrip em versão turntablism

Ride: Ya, se fossemos MCs essa seria a nossa faixa egotrip.

Como chegaram até ela?

Stereossauro: Estava a ver o Bob o Construtor com a minha filha e, a meio do programa, ele começa a falar de DJs com imensas referências verbais a esse mundo. Eu imediatamente samplei aquilo tudo e, com base nos diálogos deles, juntei ainda alguns samples da minha biblioteca de samples portugueses. Depois tentei construir um diálogo com base naquela frase do “o que é um DJ”. E sendo nós DJs de battle, puxa um bocado para esse lado, do egotrip, da competição… Mas sempre num registo bué descontraído, até porque nós temos a nossa opinião do que é que achamos que um DJ deverá ser. Mas não invalida que os outros não tenham a sua própria opinião e o desenvolvam à sua maneira.

Ride: Não entramos nessa cena do que é que é real DJing e o que não é…

Stereossauro: Eu posso não gostar, mas podes fazer… (risos)

O álbum é, sem dúvida, mais um grande marco no vosso percurso. E em relação aos torneios, vão voltar a competir?

Ride: Tem de ser. Non stop!

Podemos esperar ver-vos a defender o título?

Ride: Isso já não sei.

Stereossauro: Mas há mais competições…

Ride: Aliás, estamos agora à espera dos resultados do Thr3style. É engraçado porque participámos os dois individualmente. Lá não há equipas. Eu vi o vídeo dele e fiquei completamente picado. Fechei-me 3 semanas para pelo menos igualar o nível dele.

Stereossauro: Mas não conseguiste. (risos)

Ride: Não sei, não sei… Vamos ver! Agora era muita bom um de nós ganhar. Mas se calhar eu tenho menos hipóteses de voltar a ganhar um wildcard.

Stereossauro: Há agora uma nova competição que tem todo o potencial para ser muito interessante. A Goldie Awards, do A-Trak. Continua tambem a haver o DMC…

Ride: Este ano não vamos defender o titulo por uma razão muito simples. Queremos ir à Polónia enquanto júris e ir lá pelo menos uma vez na vida para descansar e curtir. Vamos às competições desde 2010 e vamos sempre naquela onda da competição. Queremos agora ter essa experiência de ir enquanto júri e estar lá com a família da IDA. Vamos entrar no vídeo de promoção, se calhar vamos também fazer o tema para a promoção do campeonato… Mas a mentalidade dos campeonatos é algo que não sai de dentro de nós. Infelizmente em Portugal continua a não haver ainda um movimento muito grande nesse ramo do turntablism.

Stereossauro: Sim, gostávamos que houvesse mais DJs nacionais a dar a cara. O Yoke e o Núcleo sempre que conseguem vão fazendo qualquer cena…

Ride: Gostávamos que houvesse mais essa mentalidade por cá.

Stereossauro: Até porque os campeonatos acabam sempre por resultar num salto enorme na tua curva de aprendizagem. Porque tu estás ali durante algum tempo a batalhar naquilo e quando chegas ao fim estás com um nível de scratch muito melhor. Ganhas o hábito de construir routines. Ganhas outras fórmulas e truques aplicar nas tuas cenas.

 


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