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Texto: Paulo Pena
Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 02/11/2020

Alguém precisa de açúcar?

Baby Creezy: “Acredito que tens de bater primeiro na tuga para depois bater em Angola”

Texto: Paulo Pena
Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 02/11/2020

Há uma nova edição de bolachas algarvias importadas de Angola. Baby Creezy, artista angolano a viver em Portugal, apresentou o segundo capítulo de Cookie — o primeiro saiu em 2019 –, com OG Cream e SCUM49 em grande plano, e ainda acompanhado por RickyTheCoolestYunk Vino e Lutz

Discípulo directo de Gunna, o rapper inspira-se nas linhas da estrela do trap norte-americano para incutir a marca da “banda” na sua música. Com uma ginga que só a ele pertence, este “bebé” faz das suas raízes o ingrediente fundamental para a frescura destes biscoitos recheados de pepitas com textura e sabor. As suas movimentações valeram-lhe a aposta do Sou Quarteira — é um dos nomes presentes no disco À Moda Quarteirense.



Em primeiro lugar, como têm sido as reacções ao teu novo álbum, Cookie 2? 

Tem sido melhor que no primeiro. O pessoal está a aderir de forma fixe no Spotify, no YouTube; está a ter um feedback que eu não estava à espera. Mas eu também não estava à espera do feedback do primeiro Cookie. Só fiz, lancei e esperei alcançar os números que alcançou. 

Sendo tu um artista angolano a viver em Portugal, sentes que a tua música tem mais exposição e adesão cá ou em Angola? 

Por incrível que pareça, é aqui em Portugal. O people na banda – quando digo “na banda”, quero dizer em Angola – tem dificuldades em ter Internet. Mas quem tem Internet, usa mesmo, ouve os mambos. Só que acredito que tens de bater primeiro na tuga para depois bater na “banda”. 

O título “Cookie”, em ambos os álbuns, tem algum significado especial? 

Basicamente, quando era puto, gostava imenso de umas cookies. E, a certa altura, tinha comprado umas, e queria mais, só que não tinha dinheiro. Então, roubei e apanharam-me. O meu pai deu-me uma surra que me fez marcar a cena da cookie. Daí surgiu a Cookie, e esta é a segunda edição. Ainda vai haver a terceira, a quarta, a quinta… 

A faixa “Berço” está nos dois álbuns. Por que razão quiseste incluir uma nova versão neste novo disco? 

O Yunk Vino gostou imenso dessa faixa, e nós estávamos a falar de fazer um feat., mas noutro som. E a mostrar-lhe os sons do primeiro álbum, ele disse logo que queria entrar no “Berço”. Na altura queria lançar esse tema sem ninguém, por isso só dava para acontecer num remix. Assim, lancei a versão original no Cookie, e o remix no Cookie 2

Quem está por detrás da produção deste álbum? 

Tem o OG Cream, que é o meu produtor, e o meu beatmaker, o SCUM49; eles são os principais. 

Tens sentido que o facto de não haver tanta vida nocturna/festiva, nesta altura, tem influenciado o consumo da tua música, por ser mais virada para essa disposição? 

Não, porque, quando estás em casa a trabalhar, ou a fazer outras coisas, tu queres ouvir algo alegre, dançante. Eu em casa meto Julinho, mesmo sem estar a fazer a festa. Não afecta. Quando a sonoridade é boa, não te afecta em nada – queres mesmo ouvir, sentir a vibe

Nesse sentido, se calhar, até se passa o contrário… As pessoas querem ouvir música mais animada para espairecer. 

Sim, para não estarem mal. 



Corrige-me se estiver errado, mas sente-se, de certa forma, influência de nomes como Wet Bed Gang ou Gunna neste disco. São inspirações assumidamente tuas em termos de sonoridade? E que outras poderás ter eventualmente? 

A Wet Bed Gang não me influenciou nada, mesmo. A minha maior influência é o Gunna, nem tem explicação; é um sentimento único. 

E não tens receio de te aproximares demasiado, inconscientemente, da música dele? 

Do flow dele, da musicalidade dele? Por incrível que pareça, eu sou uma pessoa muito criativa. Fiz o Cookie em duas semanas e o Cookie 2 numa semana. Eu oiço o Gunna, mas não copio flows, nem vou na métrica com que ele canta. Gosto mesmo dele e é o meu ídolo, mas nunca vai sair uma cena igual à dele, ou de tanto o ouvir, sair com a musicalidade dele. É normal que soe a Gunna, mas o mesmo flow, a mesma musicalidade, isso não. Consigo fugir, e fazer a minha cena. 

trap é claramente a tua praia. Vês-te a cantar noutros registos menos próximos dessas sonoridades? 

Sim, eu gosto muito de r&b. Também curtia de fazer um afro; sair da minha cena. O único género que eu sei, na minha cabeça, que não está nos meus planos para fazer é drill. Tens de ter mesmo a tua cena para fazer drill. Tens de saber fazer. 

Isso quer dizer que nos próximos Cookies te vais aventurar por esses caminhos, como o r&b? 

Cookie 3 vai ser meio sad.  

Já tens faixas gravadas para o Cookie 3? 

Só tenho uma ou duas preparadas, mas não há pressa. 

Vais cantar no Sou Quarteira, no dia 31 deste mês [entretanto o evento foi adiado]. É o teu maior palco até hoje? E que outros concertos tens em vista, tendo em conta as dificuldades actuais? 

Sim, é o maior, é verdade. Não tenho mais concertos planeados. Eu trabalho consoante o ano lectivo; faço listas, e o ano passado fiz muitas. Este ano está complicado, mas há males que vêm por bem. E o Sou Quarteira pode abrir muitas portas…


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