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Texto: Paulo Pena
Fotografia: benjipriceph
Publicado a: 31/03/2021

Tranquilidade e criatividade.

Aragão: “Considero-me criativo em tudo um pouco”

Texto: Paulo Pena
Fotografia: benjipriceph
Publicado a: 31/03/2021

De braços abertos recebemos Aragão pela primeira vez na sala de estar (virtual) do Rimas e Batidas, numa altura em que o artista de Mira-Sintra e Rony Fuego (a quem teceu rasgados elogios) deram um “Abraço” num tema que junta duas caras de duas majors portuguesas.  

“Tranquilo” foi o hit que abriu as portas da Sony Music Portugal a Aragão e já conta com mais de seis milhões de visualizações no YouTube, mas a jornada do rapper começou muito antes. Dividido entre os cálculos e os versos, o rapper deu os primeiros passos no rap com love songs e batidas trap dessa época, evoluindo para outras “vibes” mais alegres e irrequietas, algo mais perto do seu verdadeiro eu, como nos confessa. Foi sobre essa evolução que falámos, numa conversa marcada pelo à-vontade e boa disposição de alguém que garante ter muito para dar e ainda mais para lutar. E essa energia é contagiante. 



Esta é a tua primeira entrevista ao Rimas e Batidas. Gostava que falássemos um pouco sobre as tuas origens e os teus primeiros passos no rap, na música… 

Sou o Aragão, sou de Mira-Sintra, que já foi palco de grandes artistas que saíram de cá; não só artistas, mas artistas a nível da bola temos o Nelson Semedo, o William Carvalho; temos a nível de artistas de música o Loreta, que é bem conhecido do nosso pessoal. Apesar de sermos uma zona pequena, temos muito talento e muitas culturas, e o facto de termos muitas culturas, e de ter nascido cá – sou português, mas o meu pai é santomense e a minha mãe igual – fez com que eu crescesse e fosse estimulado com a música muito à volta da melodia e daquilo que era a nossa cultura. Mas, felizmente, algo que eu considero uma mais-valia foi o facto de o meu pai ter sido sempre aquela pessoa mais ligada à música — e o meu avô também era músico. Nunca nos estimulou a ouvir apenas um estilo, nomeadamente os estilos que estavam ligados à nossa terra – sempre foi muito aberto. E esta paixão acabou por passar para mim, e acabei por enveredar por este mundo, não só enquanto ouvinte, mas enquanto escritor, compositor. Hoje faço música, e considero que tenho muito que aprender, tenho muito que explorar ainda, mas estou no bom caminho. A música acabou por vir um bocado de um tropeção. Não digo que tenha tropeçado no meu caminho, porque acredito que acabamos por ter todos um caminho feito, e cada pedra que vamos encontrando, cada caminho que vamos tomando, é que acaba por definir este mesmo destino. Mas eu acredito que ele, hoje, esteja mesmo traçado.  

Eu já escrevia – já escrevia, bem antes, poesia, por assim dizer –, gostava de rimar no caderno, mas nunca pensei fazer destas rimas melodia. Houve uma certa altura em que estava na associação de estudantes da [Escola Secundária] Ferreira Dias, do Cacém, e surgiu a ideia de fazermos uma música para a lista. Foi aí que decidi pegar e escrever, fazer a letra, e quando apresentei a ideia à lista, o pessoal curtiu bué. E quando tivemos de ir cantar a música, o pessoal também adorou. Senti ali que foi uma oportunidade para fazer algo mais. E como gostei imenso do calor do pessoal, deste apoio, e ver que estavam a apoiar algo que eu já fazia antes, mas que se calhar faltava aquele clique para fazer aquilo com alguma seriedade. Acabei por fazer e felizmente correu bem. Óbvio que fui crescendo, a vibe e a mensagem transmitida também se foram moldando, e hoje estou aqui. Felizmente, as coisas têm corrido bem, e é por isso que luto e que hoje faço música. E pretendo fazê-la durante muito, muito tempo.  

Falavas-me, em início de conversa, sobre a tua gestão entre a música e o trabalho durante o confinamento. Ainda não vives exclusivamente da música, certo? 

É 50/50… E foi mesmo também por uma questão de gestão, porque, lá está, quando isto começou a dar certo, quando comecei a ter shows e as coisas começaram a melhorar, foi exactamente quando terminei a minha licenciatura e tinha acabado de entrar para o meu primeiro trabalho na área. Custou-me imenso, mesmo sabendo que depois de concertos tinha uma grande correria para ir para o trabalho – e, às vezes, nem ia a casa, ia directo para o trabalho; às vezes tomava banho no ginásio, que ficava ao lado do meu trabalho. Esta correria, apesar de dormir pouco e chegar bué cansado, senti que, de certo modo, todo aquele meu esforço, tudo aquilo que estudei, tudo aquilo por que lutei, acabava por ir um bocado por água abaixo se eu tivesse que desistir assim do nada, percebes? Por isso é que eu fui até às últimas, e felizmente (e infelizmente), derivado à situação que estamos, até foi positivo, porque mantive o meu trabalho, o meu rendimento e o meu princípio, que é lutar sempre pelas frentes todas enquanto der. 

Licenciaste-te em quê? 

Contabilidade e Administração Pública. 

Não deve haver muita gente da música a trabalhar nessa área… [risos] 

Ya… [risos] Por acaso ainda não conheci nenhum. Sei que há muitos artistas licenciados, mas na área financeira ainda não encontrei nenhum. 

O teu dia-a-dia deve passar pelos dois extremos: um trabalho que, se calhar, é tudo menos criativo e outro que passa só por criar. 

Tem a sua criatividade… às veze, deparo-me com situações nas quais, imaginemos, a organizar e analisar dados, tenho de arranjar a forma mais fácil de conseguir analisá-los ou de conseguir transmiti-los, e daí puxa um bocado pela minha criatividade. Mas obviamente que não tem nada a ver com a criatividade a nível de escrita. Por acaso considero-me criativo em tudo um pouco; e sei utilizar a criatividade em cada momento e em cada ocasião, se a mesma pedir. 

Também poderá ser o teu mindset de artista que puxa essa criatividade que noutra pessoa não se manifestaria a fazer o mesmo trabalho. 

Eu acho que sim. Penso que a dado momento tu enquanto artista deves ter um mindset e esta mente aberta para procurar sempre mais do que as coisas aparentam. E este ver mais além é que vai muitas vezes em busca da tua criatividade, da tua imaginação, o que acaba por se aplicar não só à música, mas a outras situações da tua vida. Concordo plenamente contigo. 

Olhando para as tuas primeiras músicas, começaste pelo boom bap mais clássico, passando depois por um trap à ScHoolboy Q, diria… 

Ya! Por acaso tinha muita vibe ScHoolboy Q porque ouvia bastante, tinha muitas vibes dessas guardadas, mas, lá está, o meu público adorava love songs e fiquei: “ya, vamos continuar a lançar love songs; quando tiver a minha base bem estabelecida, vamos começar a lançar cenas mais sérias, para o pessoal começar a sentir que Aragão não é só isto”. 

Nesse sentido, queria perguntar-te quais foram as tuas influências, no rap e não só. 

Muito sinceramente, eu sempre ouvi um pouco de tudo, desde rap nacional a internacional. Com o passar do tempo comecei a ouvir mais rap nacional, principalmente quando comecei a cantar e a fazer disto um hobby – ou até mais que um passatempo. Comecei a ouvir certos artistas com os quais me identifiquei bastante. Não te consigo dizer que tenha uma influência, porque não peguei em nenhum para fazer algo com base nesse artista, mas houve artistas que deram-me aquele bichinho para começar a escrever. Artistas como o Dillaz – houve uma vez que ouvi um álbum inteiro do Dillaz e aquilo abriu-me a cabeça de uma forma que não sei mesmo explicar. Para além do Dillaz, Regula, Sam The Kid – também sempre ouvi muito Sam The Kid, que não me influenciou tanto a nível da escrita, mas sim da criatividade, porque o Sam tem algo que é muito bonito, que é a maneira como ele rima, a maneira como ele escreve, e que, lá está, apesar de não te influenciar a fazeres uma escrita igual à dele, acaba por te influenciar na medida em que tu podes fazer da escrita bem mais do que aquilo que ela aparenta ser a nível fonético. 

E se calhar até te dá novas ideias… 

Exacto, exacto. E o Sam, Xeg, Valete… esses trazem um bocado disto. E foi muito em volta destes artistas. O ProfJam também adorava, e ainda hoje sou grande admirador do trabalho dele. E muitos outros grandes artistas a nível nacional. 

Os incontornáveis… Entretanto foste fazendo o teu caminho até surgir a Sony Music Portugal e lançaste o teu single “Tranquilo”, que explodiu.  

A Sony veio depois do “Tranquilo”. 

No site da Sony dão a entender que esse foi o teu primeiro single com eles. 

De certo modo foi e não foi. Porquê? Porque o “Tranquilo” já estava a explodir. Quando entrei para a Sony, [o single] depois afiliou-se à Sony, mas já estava com aquela tendência e o pessoal já sentia que ia ser bomba. Mas sem dúvida que a Sony me trouxe seriedade ao trabalho, responsabilidade, uma maneira diferente de encarar o que se estava a fazer. Acho que, na visão das pessoas, a Sony é uma label que investe em artistas para eles explodirem no mercado nacional, mas acho que as pessoas se enganam muito em relação, pelo menos, a este tipo de pensamento rápido e directo. A Sony, neste caso, trouxe-me bases e conceitos que eu nunca tinha ouvido falar, desde GDA, SPA, direitos que eu tenho da música, a nível de organização e profissional da música. Acima de tudo considero que a Sony tenha sido uma “mãe” neste aspecto, e felizmente as coisas têm corrido bem, eles têm-me apoiado bastante e estou completamente satisfeito e grato pelo trabalho que temos desenvolvido. 

Mas, independentemente de teres assinado por uma major, quando acabaste o tema sentiste que aquilo podia ser o hit que foi? Porque a música tem, de facto, essa força. 

Sinceramente não sabia. Eu fiz tudo no estúdio com presets de voz. Foi a minha produção, algo que eu agora nem faço – tenho a base, faço as minhas demos, mando a producers para meterem aquilo a soar mesmo com clareza. E eu fiz aquilo na humildade do meu estúdio, com aquilo que tinha. Muitos artistas que se tornaram grandes fizeram o mesmo caminho. Ninguém nos deu nada de bandeja. Eu estava limitado a um microfone e uma placa, e simplesmente deixei acontecer, deixei rolar. Foi escrever, pegar num beat que mostrasse aquilo que era – porque tu, que tiveste uma oportunidade de dar uma olhadela pelos meus trabalhos antigos, pudeste verificar que nunca tive um registo tão animado, e eu acabei por pegar neste registo porque isto é o Aragão. 



Até pareceu um salto considerável do teu último tema para este. 

Sim, porque, lá está, o pessoal com quem lido diariamente sempre me viu como aquela pessoa super good vibe, sempre animada e muito hiperactiva, e esse sempre foi o meu “eu”. Então, eu tive que arranjar um instrumental que casasse com esta mesma energia que eu sempre tive. Depois acabei por escrever nesse mesmo dia – até foi um processo muito engraçado escrever este som. Tinha acabado de vir de um dia super-hiper-mega desgastante. E à frente do meu prédio há um campo de futebol, onde cresci, aprendi imenso, conheci pessoas que até hoje me acompanham. Foi mesmo um sítio onde vivi momentos incríveis. Então, decidi descer nesse dia – eram para aí nove da noite – e tentar incorporar muito dessa vivência naquilo que ia escrever e na vibe que ia transmitir. Era uma forma de me dar a conhecer a nível pessoal, muito mais do que aquilo que as pessoas já conheciam de trabalhos anteriores. Era muito love songs e alguns traps, mas nunca foi algo muito representativo daquilo que eu, de facto, sou. Por isso é que tive a necessidade de… sentei-me naquele campo, olhei à minha volta – foram imensos momentos que me vieram à cabeça e fizeram com que me expressasse desta forma. E o “Tranquilo” é mesmo reflexo desta expressão, desses momentos, dessas vivências. Felizmente deu certo e as pessoas sentiram a mensagem – e até hoje sentem. 

Por outro lado, estes casos em certos artistas acabam por ser uma bênção e uma maldição… 

Sim, sim! Acabam por te associar muito a ele. A culpa é minha, o facto de as coisas terem corrido bem, e o “Tranquilo” ter tido um impacto desta forma é porque é positivo. Mas, lá está, é positivo e negativo. E dentro deste ponto negativo acaba por ir de encontro a um princípio meu que é: perante uma adversidade, um ponto negativo ou um problema, eu hei-de encarar isso como uma oportunidade. E o facto de o “Tranquilo” ter subido tanto a fasquia fez com que todos os dias eu me desafie a fazer melhor, mesmo que se o próximo não der, ou o próximo do próximo, e não explodir mais do que o “Tranquilo”, eu vou continuar a lutar. Porque se eu lancei o “Tranquilo” foi porque, de facto, lutei e fiz com que isso acontecesse. E a mesma capacidade que fez com que eu fizesse um hit impactante vai fazer com que eu tenha força para continuar a trabalhar por mais e melhor. Se hoje não deu, amanhã vai dar; se depois de amanhã não der, depois há-de dar. É mesmo o meu princípio de vida: ser chato com ela. Às vezes a vida é ingrata contigo, mas quando tu és chato e persistente, e quando tu cais e continuas a levantar-te, esquece, ninguém te pára. E é o que eu costumo dizer: enquanto o meu coração bater e vibrar com melodia, esqueçam… É esta oportunidade que eu vejo dentro deste “problema”. 

Falando sobre o teu processo criativo, ele foi mudando à medida que foste refinando a tua sonoridade? Como é o teu processo criativo agora? 

Eu sou uma pessoa que passa a vida a ouvir música. Não saio de casa sem uns phones; treino a ouvir música; trabalho a ouvir música. Eu respiro música – não só para fazê-la, mas também para ouvi-la e apreciá-la. E o facto de ouvir tanta música faz com que esta criatividade melódica esteja sempre a ser estimulada; e o facto de ser artista e conseguir compor e escrever faz com que estes dois núcleos se fundam. Às vezes basta ouvir uma palavra, basta estarmos numa conversa e alguém rimar sem querer, ou dizer alguma coisa que me soe bem… se eu pego nisso, é complicado, porque aí já vão ver que estou completamente aluado – pego no bloco de notas e meto a ideia. Já escrevi mil e uma letras que, no final, se calhar até estavam super boas, mas acabei por não as utilizar. Como eu gosto mesmo de escrever, e também não sou do tipo de pegar no que já estava – porque gosto sempre de sentir que faço melhor a cada letra que lanço –, sinto mesmo que seja um desafio estar a escrever e a criar sempre mais. Portanto, o meu processo criativo passa mesmo por isso, sentar-me e ouvir música de vários estilos; ouvir não sei quantas horas de instrumentais, quando sinto que vou escrever qualquer cena. A melodia em si inspira-me, seja ela com ou sem voz, de artistas nacionais ou internacionais. Depois, isolo-me no estúdio completamente, e ninguém ouve falar de mim durante um dia – só volto para casa com sons. 

Sentes que a música que tens feito mais recentemente já reflecte a tua identidade, ou ainda é algo que continuas à procura? 

Não, eu sinto que as pessoas ao me ouvirem já sentem que isto é a música, a letra, o tema do Aragão. E por isso mesmo, devido ao facto de já ter esta identidade, ou estar, pelo menos, a construí-la – porque eu considero que a pouco e pouco vou conseguindo consolidá-la. Não considero que já esteja fixa e que já tenho um pé vincado nisto, porque não tenho. Isto é o que me faz lutar e ser cada vez mais perfeccionista e lutador em relação àquilo que eu faço. Óbvio que sinto que as pessoas ainda têm muito para ouvir da minha parte, e vão ver que a identidade do Aragão está na versatilidade e na riqueza daquilo que pode fazer.   

Isso em relação ao público, mas até estava a pensar numa perspectiva mais tua, ou seja, se tu também sentes que é essa a tua identidade artística. 

Sim, sim, sim… Acaba por ir de encontro ao que estou a dizer, mas numa perspectiva mais pessoal, e agora afunilando, sinto que sim; isto é aquilo que quero fazer, a vibe que quero seguir, a identidade que quero associada ao meu nome. 

E há algum género ou sonoridade que gostavas de explorar e ainda não o fizeste? 

Eu tenho muita coisa guardada… e tenho vibes que explorei que não têm nada a ver com aquilo que estou a fazer agora. E isso é que me faz rico, porque, de certo modo, o facto de explorar sempre estas outras vibes e estes outros estilos faz com que enriqueçam o meu “eu” próprio – porque existe sempre algo a pescar destes estilos –, mas quem sabe, um dia, venha a mostrar ao pessoal que existe versatilidade, que é o que me define. Se me apetecer fazer aquilo, vou fazer. 

Pessoalmente, o registo em que gostei mais de te ouvir foi o do “Free”. Queres falar um pouco sobre essa faixa? Sinto que o tema tem uma mensagem que poderá ser menos óbvia do que à partida parece. 

O “Free” foi uma junção daquilo que acabei de te dizer. É mostrar que o Aragão é aquela pessoa de vibes e que consegue dar uma mensagem muito directa e clara para todo o tipo de público. Mas existe um Aragão bem mais profundo, que consegue transformar a letra, não naquilo que é tão óbvio, mas numa mensagem bem mais por baixo do tapete e que não é para qualquer ouvido – é para ouvidos cuidados, percebes? Porque dentro do “Free” existe uma riqueza. Se me sentasse e explicasse a letra do “Tranquilo”, era capaz de estar lá duas horas; e era capaz de estar o dia todo a dar uma palestra acerca do “Free”. O “Free” foi mesmo uma libertação e uma necessidade que eu tive de mostrar que consigo bem mais, e aquilo que tenho mostrado é bom, mas o Aragão é muito mais que isto e consegue transparecer muito mais que aquilo que tem mostrado. De facto existe esta sensibilidade para este tipo de trabalhos. O “Free” consegue ter aquela batida e aquela parte mais enérgica, principalmente na parte do refrão, mas consegue ter a profundidade e a musicalidade que eu ainda não tinha conseguido transparecer nos outros sons, que considero serem mais superficiais. O “Free” foi mesmo a poesia que eu precisava, mesmo a nível pessoal e profissional, e estão para vir muitos nessa linha, que eu sinto que estou mesmo no momento certo para começar a dar sequência a esta profundidade.  

E agora sobre o último single que lançaste em conjunto com o Rony Fuego, que nos trouxe a esta conversa, e também no seguimento daquilo que temos vindo a falar acerca do teu estilo, aqui vincado entre o afro e o rap, esta colaboração é bastante natural nesse sentido; tinha de acontecer. 

Sim, tinha mesmo de acontecer, porque, para além de já conhecer o Rony de outros tempos, ele é uma pessoa com a qual me identifico imenso, por termos uma energia muito parecida, não só a nível musical, mas também a nível pessoal. O Rony é uma pessoa super humilde, e é daquele tipo de pessoas com as quais tu lidas e parece que já conheces há anos. Eu sou uma pessoa bué aberta, sou do tipo quebra-gelo; não gosto de estar num meio onde as pessoas são de meias palavras. Se estamos aqui todos, vamos comunicar, porque eu gosto mesmo disso, de sentir as pessoas. Acima de tudo gosto de ouvi-las, de arrancar sorrisos, de sentir que a pessoa que está ao meu lado está feliz ou distraída com aquilo que estamos a fazer. E o Rony é este tipo de pessoa, que, para além de ser super aberta, tem aquela energia que choca comigo, mas no bom sentido, porque somos os dois bastante animados, tranquilos, de mente aberta, e temos esta energia, esta hiperactividade que nos define. Trabalhar com ele foi mesmo muito fixe. Gosto mesmo de sentir que há pessoas destas no mundo, com esta humildade e pureza que o Rony tem e transmitiu, e felizmente resultou no que resultou. 

Até deve ter sido mais fácil trabalharem juntos por haver essa química instantânea. 

É isso, foi mesmo muito fácil. 

E além do Rony, com quem gostavas de trabalhar num futuro próximo? 

Vou deixar a resposta no ar… Vamos ver como é que as coisas correm e o que me reserva o futuro, porque, lá está, hoje, eu estou assim, amanhã não sei. Mas há participações que estou a ter em conta e que estou a pensar seriamente em seguir com elas, mas vou deixar mesmo essa resposta em aberto e no ar; vou esperar que as pessoas é que me associem às tais… 

E o segredo é a alma do negócio… 

Exacto! Mas vamos com calma… 

Por fim, tenho de te perguntar: com estes passos todos que tens vindo a dar, tens algum projecto maior em vista? Já está a ser preparado? É algo que pensas materializar num futuro próximo? 

Começo a pensar seriamente num álbum, provavelmente a lançar para o ano – ainda não tenho a certeza, mas queria mesmo que fosse para o ano. Neste ainda não. Mas sim, para o ano penso em lançar um projecto maior, um EP ou um álbum – pensei mesmo num álbum –, mas acho que este tempo foi positivo para estar em casa a reflectir e a enriquecer-me, tanto a nível musical como pessoal, e fez com que, de certo modo, me sentisse preparado para isso. Sinto que o público também precisa desta minha responsabilidade e deste produto, por isso diria que no próximo ano vamos ter uma surpresa grande.


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