pub

Texto: Paulo Pena
Fotografia: Lucas Own View
Publicado a: 06/05/2023

Fim de tarde em comunhão.

Apresentação de MDID de ProfJam no Metro de Telheiras: uma listening party de proporções épicas

Texto: Paulo Pena
Fotografia: Lucas Own View
Publicado a: 06/05/2023

Já tivemos oportunidade de marcar presença em listening parties — aquele evento para o qual somos convidados a ouvir em primeira mão um disco por estrear — nos mais diferentes sítios: estúdios intimistas, salas do circuito, espaços recreativos inusitados, casas históricas, restaurantes modernistas, espaços in da capital… Agora, um jardim à boca do metro? Essa é nova, mas por cá apreciamos especialmente qualquer primeira vez que se preze.

O local, porém, não nos era estranho a actuações pós-expediente. Nem o organizador, por sinal. Já em 2015 tínhamos rumado ao Jardim Francisco Caldeira Cabral, saídos da estação de Telheiras, para ver ProfJam num palco montado na hora para o efeito. Na altura a actuação tinha The Big Banger Theory como grande matéria por rever — com o ainda caloiro Slow J a estrear-se nessas andanças. Oito anos depois, o rapper que pôs a “Zona T” no mapa do hip hop nacional voltou a casa para revelar MDID (Música De Intervenção Divina)

Com arranque apontado para as 18h30 da véspera do dia que Mário Cotrim definira para a edição do seu quinto longa-duração, a quinta-feira enquanto dia útil que é não nos deixou chegar antes das sete. O mesmo não se poderá dizer da multidão que à hora certa enchia o “recinto” improvisado. Diz-nos fonte suspeita em causa própria que a legião ultrapassava um par de milhar. Não temos razões para duvidar, ainda assim. Desde a zona a que podemos caracterizar por plateia a um primeiro balcão relvado num piso superior, até ao topo da própria estação de metro, só gente, gente, gente. Mais nova, sobretudo, mas não só — e houve, inclusive, quem levasse filhos convertidos aos gostos dos pais. 

Tenda erguida, bancas de cerveja instaladas e em menos de nada montou-se a festa de Verão antecipado. Caras conhecidas várias, porque veio tudo ao mesmo, e uma expectativa enorme por finalmente descobrir o que restava de MDID para lá dos sete singles já divulgados de há pouco mais de um ano para cá: 25 faixas reunidas num disco a ser editado no dia 5/5 (façam-se as contas). 

A simbologia não é, aliás, arbitrária na obra do MC que casa iniciais de baptismo com as de ofício. A intervenção da sua palavra já se faz valer aliada à dimensão de fé há algum tempo — e agora mais que nunca. Bastaram as primeiras sete aparições isoladas para crer nas demais escrituras que passaram, da primeira à última faixa, em pano de fundo com o respectivo autor a replicá-las a espaços de viva voz. As já estudadas fizeram-se ouvir em uníssono com especial força, as restantes não ficaram, apesar disso, incólumes na apropriação do público. O carismático professor bem nos avisou para levarmos capacetes à visita, e a turma não se coibiu de acenar ao som da batida e ao tom da palavra. A nova matéria ainda precisa de trabalho de casa para ser deste lado consolidada. Ainda para mais quando a aula, tal era a concentração em quem a dava, passou tão depressa — até acabar c’o trim.


pub

Últimos da categoria: Reportagem

RBTV

Últimos artigos