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Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 18/01/2024

Aventura musical mascarada de festival.

Antes da chama ter lugar: a antevisão do Festival Rescaldo’24

Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 18/01/2024

Está anunciada a 14ª edição do Festival Rescaldo, festival de música de vanguarda, no reflexo como uma mostra de o que aconteceu de criativo no ano transacto como que a projectar o futuro.

Para as mentes que foram acompanhando as edições anteriores, entre umas e outras iniciativas, ou admiram o deslumbre das capas e grafismos dos discos dos selos Clean Feed e Shhpuma, tudo a esperar no que ao campo das (im)possibilidades diz respeito. É a mesma mente que está nesses lugares, e dá pelo nome de Travassos, a imaginar o Rescaldo, aditivada por Yaw Tembe, músico de inspirado fôlego e actual programador com acção no Teatro do Bairro Alto.

Reservem-se então as noites de 7 a 10 de Fevereiro para usufruir da música mais aventureira que terá lugar na SMUP, Galeria Zé dos Bois, Auditório da Reitoria da Universidade Nova de Lisboa, Teatro do Bairro Alto, em dose dupla, em cada dia, em cada lugar.

Dia 7, lá no cimo, rente ao telhado, no sótão da SMUP, às 21h30 estarão na mesa as electrónicas de TRiSTE  — alter-ego de Mariana, nome dos mais recentes que o elenco desta edição tem para dar. Será “um espaço colectivo de confusão”, onde se espera encontrar uma música de raiz na IDM, entre despontadas imagens sonoras, numa busca identitária por si só. Para em seguida, às 22h30, ajustar outras electrónicas e voz de ben yosei, para um momento de devoção à musica devocional. Entidade que transporta um quê de portugalidade enraizada que se quer refazer sem desprender de todo a herança que carrega, desde uma Gândara que o viu crescer e agora o vê cada vez mais voar para longe, cantando em rituais purgantes.

Dia 8, no palco Aquário da ZDB, estarão como peixes na água dois colectivos de improvisadoras/es, Lantana (22h) e Catarata (23h). Como Lantana respondem musicalmente nos violoncelos Joana Guerra e Helena Espvall, nas electrónicas de Carla Santana, no violino de Maria do Mar, nas vozes de Maria Radich e Anna Piosik que acrescenta à sua a voz do trompete. Fazem de cada encontro, sempre, oportunidades criativas irrepetíveis e imprevisíveis. Na mesma medida fazem acontecer os seus esparsos encontros João Ferro Martins na bateria, electrónicas, e voz; Bruno Humberto nas electrónicas e voz; e André Tasso na guitarra e electrónicas. Desta catarata sonora que pratica um “volume contínuo que se despenha de certa altura por disposição do tempo” na sua própria definição, espera-se a tal gota de água que fará transbordar neste caso o (palco) aquário.



Dia 9, em Campolide, o Auditório da Reitoria da UNL, será palco para um Folclore Impressionista às 21h. Neste que é o colectivo idealizado por João Paulo Daniel, António Caramelo e Sérgio Silva, que practicam desde 2016 e que tem levado a uma acção performativa e editorial através da Russian Library — até agora imunes ao cancelamento cultural associado ao nome, aliando a electrónica à imagem, numa narrativa ímpar, de um tempo e lugar imaginados. Chamemos-lhes fazedores de música “hauntology”, apenas na necessidade de rotular, mas estão além da busca sonora do passado, bem além do presente. Depois sobe ao palco, Tó Trips, que tem por hábito começar a esboçar capas de discos antes de gravar até a música que neles vai verter, as viagens que compõem a sua obra, que vai a cada nova adição fundindo mais o instrumento e o compositor. Como deixou marca o mestre Paredes, também este grande dedilhador de cordas arrisca tal dimensão na idiossincrasia da música. Ouvir a sua guitarra é ouvir falar de nós mesmos.

Dia 10, palco montado no TBA, começa mais cedo, às 19h de um sábado que servirá de motivo para primeiros encontros de mentes criativas que se aliam para dar mais, esperemos, que a soma das partes — seguramente que sim. Para o efeito Sofia Borges + Marta Warelis, exploradoras de instrumentos a corpos inteiros e de alma cheia às percussões e piano. Compositoras em tempo real na dimensão total numa prestação improvisada que é um dos concertos mais aguardados e que ajudarão a contar esta edição. A fechar (às 20h) um trio de individualidades nunca antes reunidas: Lula Pena, voz e guitarra, uma cantautora singular dentro de um universo seu, num mundo que encanta desde logo na partilha transcendente; António Poppe, voz e objectos, trabalhador poeta e artista da imagem, que mais recentemente viajou entre Vaz de Camões e Davi Kopenawa (Yanomami); Carlos Santos, trabalhador sonoplasta desde electrónicas, gravações de campo e criações improvisadas, algures assente na música concreta. Uma acção a três que o festival dará a conhecer.

Entrará nestas datas, com este dispositivo montado, o cenário numa fase de Rescaldo.



[CARTAZ]

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