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Fotografia: Fausto da Silva
Publicado a: 16/05/2023

Vai ficar na retina.

Antes AZIA que letargia no Salão Brazil

Fotografia: Fausto da Silva
Publicado a: 16/05/2023

A memória guarda uns quantos momentos de absoluta rendição e espanto hip hop, no que a artistas nacionais e palcos diz respeito: Kilu, há muitos anos, na ZdB; Blasph e Beware Jack no Santiago Alquimista; Keso no Maus Hábitos; Nerve no Palácio Foz; Allen Halloween no Clube Ferroviário; Perigo Público no Sou Quarteira… Haverá outros, claro, mas em todos estes registou-se um feliz encontro entre uma densidade musical incomum, uma presença física imponente, um comando vocal absoluto e uma dimensão que se diria quase teatral na gestão da boca de cena. A esses momentos posso agora adicionar o de AZIA no Salão Brazil.

O concerto da MC e produtora portuense em Coimbra, no passado sábado (13 de Maio) foi tremendo. Uma revelação. A música já a conhecia, claro, que a sua Causa Torpe é obra de peso, mas a presença física permite perceber muito mais: de onde vem aquela voz, aquele tom meio desligado, aquela ironia profunda, aquele sotaque carregado de cultura, aquelas palavras vulgares e negras, aquele jeito nos dedos para arrancar atmosferas que só ficam bem na penumbra à sua MPC. Como Nerve, joga com pedais para extrair diferentes personagens ou tonalidades da sua voz. Como Halloween, resguarda-se do olhar na escuridão. Como Keso, comanda a MPC. E como todos os outros esbanja personalidade, carisma e nervo absoluto. Mas, como mais ninguém, AZIA – bem ladeada por DJ Score – traz um ângulo próprio para esta música, com rimas que não soam a ideias requentadas, apresentando um olhar que pode ser cruel por tão real, patético e profundamente humano. E às vezes tudo isso num mesmo verso.

Querem sacudir a letargia? Nada como uma boa dose de AZIA. Se a apanharem por perto, façam por não deixar de a ver e ouvir.


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